Democracia direta

Novas tecnologias geram rejeição a intermediários na política, diz Dias Toffoli

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6 de maio de 2016, 15h20

A hiperconectividade da sociedade atual está fazendo com que as pessoas não mais aceitem intermediários no exercício da política. Assim, se quiserem sobreviver, os partidos precisarão repensar suas formas de atuação. Essa é a opinião do presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli, também ministro do Supremo Tribunal Federal.

Nelson Jr./SCO/STF
Para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, "a classe política tem que começar a pensar que o eleitor e o cidadão serão cada dia mais exigentes".
Nelson Jr./SCO/STF

Em palestra proferida nesta sexta-feira (6/5) no II Congresso Internacional de Direito Eleitoral, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, Toffoli afirmou que, embora a democracia brasileira pareça profunda, na prática ela limita muito as escolhas dos eleitores. Como exemplo disso, citou a última eleição presidencial.

“Nas últimas eleições, havia apenas quatro candidatos viáveis a presidente — e isso se incluindo tanto Eduardo Campos quanto Marina Silva. Quem escolheu esses quatro? Temos que começar a discutir a democracia brasileira de maneira mais profunda, de forma que os candidatos que cheguem às urnas já tenham sofrido o que tinham que sofrer, já tenham dito a sociedade o que pensam sobre tudo, para que o eleitor não tenha que fazer uma aposta na urna. Uma eleição presidencial não é um jogo de Mega Sena”, avaliou.

Segundo o ministro, o desenvolvimento das novas tecnologias está criando o fenômeno da “uberização da política”, que busca eliminar intermediários no exercício da democracia — no caso, especialmente os parlamentares.   

“Estamos diante de uma situação que cada vez mais as novas gerações apresentarão as demandas como [quem] pega o iPhone para chamar um Uber, chamar um táxi, pedir uma pizza: elas vão querer cada vez mais rapidez. A classe política e os partidos políticos têm que se preparar para isso. A Justiça está criando o Processo Judicial Eletrônico exatamente para que as pessoas possam demandar por via digital e se preparar para isso. A classe política tem que começar a pensar que o eleitor e o cidadão serão cada dia mais exigentes”, opinou Dias Toffoli.

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