Obstrução da "lava jato"

PGR pede ao Supremo autorização para investigar Dilma, Lula e Cardozo

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4 de maio de 2016, 11h37

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo. O procedimento tramita em sigilo.

O pedido é baseado na delação premiada de senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS). Em um dos depoimentos, o senador acusou Dilma e Lula de nomear, no ano passado, Marcelo Navarro para Superior Tribunal de Justiça com o objetivo de barrar as investigações da operação “lava jato” e libertar empreiteiros presos. Na época, Cardozo ocupava o cargo de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à Presidência da República nomes de possíveis candidatos.

Caberá ao ministro Teori Zavascki, relator dos processos da “lava jato” no Supremo, decidir sobre a abertura do pedido de investigação. Ainda não há data para a tomada da decisão.

Outro lado
O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, divulgou nota dizendo que as declarações de Delcídio do Amaral são “levianas e mentirosas”. “A abertura de inquérito irá demonstrar apenas que o senador, mais uma vez, faltou com a verdade, como aliás já anteriormente havia feito quando mencionou ministros do Supremo Tribunal Federal na gravação que ensejou a sua prisão preventiva”, disse o ex-ministro da Justiça.

"Lamenta-se apenas que, mais uma vez, um inquérito sigiloso tenha sido objeto de vazamento antes mesmo que quaisquer investigações pudessem ser feitas em relação às inverdades contidas na delação premiada do senador", completou Cardozo.

O Instituto Lula disse, em nota, na época da divulgação da delação de Delcídio, que o ex-presidente jamais participou direta ou indiretamente de qualquer ilegalidade e que tem havido “jogo de vazamentos ilegais, acusações sem provas e denúncias sem fundamentos”.

Em março, após a divulgação dos primeiros trechos da delação do senador, Marcelo Navarro declarou que nunca favoreceu investigados na operação. "Tenho a consciência limpa e uma história de vida que fala por mim", disse o ministro, na ocasião.

Lula é denunciado
Lula também foi denunciado pela PGR em um procedimento sigiloso em tramitação no STF. De acordo com a procuradoria, o ex-presidente atuou “na compra do silêncio” do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, a fim de evitar que ele assinasse acordo de delação premiada com a força-tarefa de investigadores da operação "lava jato".

Os fatos denunciados motivaram a prisão, no ano passado, de Delcídio do Amaral. A prisão foi embasada por uma gravação apresentada à PGR por Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor. Segundo a procuradoria, o senador ofereceu R$ 50 mil por mês para a família de Cerveró e mais um plano de fuga para que o ex-diretor deixasse o país. Com informações da Agência Brasil.

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