Guerra digital

Hackers atacam sites de Sergipe em protesto ao bloqueio do WhatsApp

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2 de maio de 2016, 16h59

Em represália ao bloqueio do aplicativo WhatsApp, o grupo Anonymous Brasil anunciou que está promovendo uma série de ataques a sites oficiais relacionados ao estado de Sergipe.

Até agora foram afetados os sites do Tribunal de Justiça, da Justiça Federal e do governo estadual. A página da prefeitura de Lagarto, comarca de onde saiu a decisão que mandou bloquear o aplicativo, também saiu do ar.

"Se o WhatsApp ficará bloqueado por 72h, assim será também então com o site do Tribunal de Justiça de Sergipe, em forma de protesto pelos motivos expostos. Não nos calarão", diz a nota publicada na página do grupo no Facebook.

A decisão que determinou a suspensão do aplicativo por 72h, que começou a contar à partir das 14h desta segunda-feira (2/5), foi proferida pelo juiz Marcel Maia Montalvão, da vara criminal de Lagarto (SE).

O mesmo juiz que determinou a prisão do vice-presidente do Facebook na América Latina, o argentino Diego Dzoran. Ele foi preso no dia 1º de março e solto no dia seguinte por decisão do desembargador do Tribunal de Justiça de Sergipe Ruy Pinheiro, que considerou que houve coação ilegal.

As duas decisões estão relacionadas a uma investigação de tráfico de drogas e crime organizado. De acordo com o juiz, a companhia de tecnologia tem ignorado os pedidos da Justiça para apresentar o conteúdo de mensagens trocadas pelo aplicativo por investigados.

Veja a íntegra da nota do Anonymous Brasil:

A ‪#‎OpStopBlocking‬ surge nesse momento como um protesto frente ao bloqueio do WhatsApp determinado pelo juiz Marcel Montalvão, de Sergipe. O juiz determinou a suspensão do serviço de comunicação devido a uma investigação policial de tráfico internacional de drogas. O objetivo para tal atitude pode ser considerado até louvável por alguns, mas essa determinação esconde por trás dois fatores interessantes.

Um deles é da impossibilidade do WhatsApp entregar as conversas descriptografadas para a polícia, devido ao tipo de tecnologia que o aplicativo usa (P2P). Isso já é sabido pelas autoridades há muito tempo, o que nos leva a crer, consequentemente, no segundo fator.

Ficou claro e óbvio que tal medida visa restringir as medidas tomadas em prol da liberdade e da privacidade que os novos meios de comunicação nos trouxeram. O governo está forçando que empresas como o WhatsApp passem a armazenar o conteúdo das mensagens trocadas pelo aplicativo em sua forma plena e clara, restringindo seriamente nossos direitos básicos à privacidade.

Especialistas da área do Direito Eletrônico e de TI dizem que a decisão foi tomada com base no Marco Civil da Internet, que foi supostamente desenvolvido para estabelecer regras claras para o funcionamento da Internet e impedir que esse tipo de medida abusiva de suspensão de serviço fosse praticada. A medida tomada pelo Juiz, no entanto, tem respaldo sim no Marco Civil da Internet.

Se o WhatsApp ficará bloqueado por 72h, assim será também então com o site do Tribunal de Justiça de Sergipe, em forma de protesto pelos motivos expostos.

Não nos calarão.

#Anonymous ‪#‎TangoDown‬ #OpStopBlocking site da Justiça Federal de Sergipe.

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