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Absolvido no mensalão, ex-tesoureiro do PP é denunciado na "lava jato"

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24 de junho de 2016, 17h01

Em nova denúncia da operação “lava jato”, o ex-tesoureiro do PP João Claudio Genu foi acusado de ter recolhido percentual fixo de propina destinada ao partido em fraudes de contratos da Petrobras. Segundo o Ministério Público Federal, Genu recebeu R$ 357,9 milhões entre 2007 e 2012 — valor equivalente a 1% dos contratos firmados entre a área de abastecimento da petrolífera e as empreiteiras Engevix, Galvão Engenharia, Camargo Corrêa, UTC Engenharia, Mendes Júnior e OAS.

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Ex-tesoureiro do PP, João Claudio Genu foi acusado de ter recolhido percentual fixo de propina destinada ao partido.
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Genu foi preso no fim de maio, em desdobramento da operação “lava jato”. Como aponta o MPF, ele foi réu na Ação Penal 470, o processo do mensalão, e chegou a ser condenado a quatro anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal, por lavagem de dinheiro.

A denúncia relembra o caso e cita o acusado como “dos principais sacadores do mensalão”, mas esquece de apontar que a pena foi anulada em julgamento de embargos infringentes. Em 2014, os ministros avaliaram que o acusado era “mero intermediário” do ex-deputado José Janene, fazendo movimentações financeiras para cumprir ordem de autoridade superior.

Na “lava jato”, o MPF afirma existir provas de que Genu tinha função de gestão no esquema de corrupção envolvendo a Petrobras, como planilhas, depoimentos de delatores, e-mails e conversas pelo aplicativo WhatsApp. Também são apontados registros de que ele fez diversas visitas ao doleiro Alberto Youssef entre 2011 e 2014.

Youssef já foi condenado por ser um dos operadores que fazia o dinheiro chegar de uma ponta a outra: por meio de contratos fictícios com empresas de fachada, ele fazia saques em espécie ou operações de dólar-cabo para disponibilizar recursos aos beneficiários finais do esquema. Na nova denúncia, foram denunciados “emissários” do doleiro: Rafael Ângulo, Carlos Rocha e o ex-policial federal Jayme Alves, cujo esquema próprio de movimentação foi apelidado de “Transcareca”.

Joias
Também são acusados a mulher de Genu, Cláudia Contijo Genu, e um sócio dele, Lucas Amorin Alves. De acordo com a acusação, o casal tentou ocultar recursos ilícitos na compra de joias no valor de R$ 134 mil, em uma loja especializada em Brasília, entre 2013 e 2014. Os produtos não foram declarados pelo casal.

O MPF diz que a mulher do ex-tesoureiro participou da lavagem, pois deveria ter “aceito e levado a sério a possibilidade concreta de que seu marido estivesse envolvido no recebimento de recursos em espécie provenientes de crimes contra a administração pública”.

Clique aqui para ler a denúncia.

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