Clima de guerra

Em posse na AMB, Jayme de Oliveira fala em "apaziguação" entre os Poderes

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15 de dezembro de 2016, 21h30

O juiz paulista Jayme de Oliveira tomou posse nesta quinta-feira (15/12) como presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). Ele assume o cargo para o triênio que vai até 2019, em substituição ao juiz João Ricardo Costa.

Em seu discurso de posse, o magistrado defendeu a magistratura e a harmonia entre os Poderes. "Nesse clima de guerra que tomou conta das instituições, o Judiciário é o Poder que tem mais condições de apaziguação. Juízes, por dever de ofício, são prudentes e serenos."

Jayme afirmou ainda que juízes devem ser bem remunerados, para que a única preocupação seja com a distribuição de Justiça. "Magistrados, não se preocupem, vamos proteger vocês, para que vocês defendam o povo brasileiro."

Durante a cerimônia, demais discursos seguiram o mesmo tom. O ministro Ricardo Lewandowski disse que os juízes não devem "ter o menor pejo, a menor vergonha, de dizer que defendemos, sim, temas corporativos", e foi bastante aplaudido pela plateia, composta em sua maioria de juízes.

O ministro também disse que "não podemos perder o foco, que é a união em torno de nossas lideranças". Segundo ele, isso quer dizer que o país precisa de diálogo entre as instituições. "Para 2017, a magistratura precisa reinventar-se."

A fala do corregedor nacional de Justiça, ministro João Otávio de Noronha, foi no mesmo tom. "Talvez o principal papel da Corregedoria seja blindar os juízes", discursou. "Blindar da mídia, porque juiz não pode ter medo da mídia, e das ações políticas. Precisamos garantir ao cidadão que procura a Justiça um magistrado probo e independente."

Noronha também disse que o país precisa de diálogo e que a magistratura não pode mais ocupar o lugar de "bode expiatório". "Para fevereiro, precisamos debelar esta crise."

A posse de Jayme foi saudada como uma exortação às boas relações da magistratura com as instituições. De acordo os palestrantes, o novo presidente é um homem de diálogo e de perfil político, o que deve ajudar a deixar a AMB longe de brigas públicas pelos próximos três anos.

O agora ex-presidente João Ricardo disse que Jayme, candidato de oposição a ele, foi "muito importante" para o processo democrático da AMB. Foi a menor abstenção da história da instituição, com 11 mil votos. E Jayme ganhou com uma diferença de 300 votos. "Mas isso não lhe tira legitimidade. Agora somos todos AMB."

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