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João Santana, Vaccari e Odebrecht são alvos de nova denúncia da "lava jato"

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28 de abril de 2016, 19h27

O Ministério Público Federal divulgou nesta quinta-feira (28/4) duas novas denúncias ligadas à operação “lava jato”, com acusações contra o marqueteiro João Santana, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto e o empresário Marcelo Odebrecht, além de outras 13 pessoas.

A acusação afirma que Santana e a mulher dele, Monica Moura, receberam US$ 4,5 milhões em contas na Suíça por meio de um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo a construção de plataformas da Petrobras, mais US$ 3 milhões por meio de offshores ligadas à Odebrecht, entre 2012 e 2013.

O casal é apontado como íntimo do PT, pois o publicitário liderou campanhas eleitorais de Lula e de outros petistas entre 2002 e 2014. Segundo o MPF, ambos tinham “profundo conhecimento sobre as atividades lícitas e ilícitas do partido, uma vez que estas condutas eram fundamentais para que fosse estruturado o projeto de manutenção no poder”. Santana é descrito como “verdadeiro conselheiro da política desenvolvida pelos membros do Partido dos Trabalhadores”.

Uma das denúncias aponta o engenheiro Zwi Skornick como responsável pelo primeiro repasse. Representante do Estaleiro Keppel Fels no Brasil, ele é acusado de ter prometido vantagem indevida a agentes da Petrobras e usado diversas offshores no exterior para operar o fluxo de dinheiro.

“Os pagamentos eram deduzidos da propina que cabia ao PT e realizados sob orientação de João Vaccari”, afirma o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa. Segundo ele e os colegas do grupo, a Sete Brasil — que atua no setor de petróleo e gás — foi usada como extensão do sistema de corrupção.

A Sete Brasil teria feito acordos ilícitos para fechar contratos de fornecimento de sondas que seriam usados pela Petrobras. Estaleiros escolhidos repassariam 0,9% do total dos contratos, valor dividido entre o PT, o ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, o ex-gerente Pedro Barusco e outros beneficiários. A propina chegaria a R$ 6,9 bilhões.

Na outra denúncia, Santana e Monica Moura são acusados de receber pagamentos da empreiteira Odebrecht no exterior. A construtora montou até um departamento de operações financeiras paralelas para fazer o pagamento de vantagens indevidas a servidores públicos, diz o MPF, com funcionários escalados para atuar em atividades ilícitas, além de computadores e sistemas especificamente destinados para comunicações internas sobre propinas.

Condenações
Marcelo Odebrecht já foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão, mais multa de R$ 1,3 milhão, por ter integrado “clube” de empreiteiras que fraudou contratos da Petrobras. João Vaccari Neto foi condenado a 15 anos e 4 meses de prisão, mais multa de R$ 826 mil, por propinas repassadas pelas empreiteiras OAS, Mendes Júnior, Setal Óleo e Gás e MPE Montagens em troca de obras.

A “lava jato” completou dois anos em março, com 174 pessoas acusadas e 67 já condenadas em 17 sentenças assinadas pelo juiz federal Sergio Fernando Moro, responsável por todos os processos em primeiro grau. Com informações da Agência Brasil.

Clique aqui e aqui para ler as denúncias.

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