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Protógenes Queiroz pede asilo na Suíça alegando ser perseguido político

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7 de abril de 2016, 15h27

O interesse das autoridades brasileiras pela Suíça aumenta a cada dia. A bola da vez é o ex-delegado federal e ex-deputado Protógenes Queiroz, que pediu asilo ao país europeu afirmando ser um perseguido político. A informação foi divulgada pelo jornal suíço Sept, que entrevistou o ex-parlamentar. As autoridades suíças aceitaram, nesta quarta-feira (6/4), o material apresentado por Protógenes e afirmaram que os documentos serão analisados.

José Cruz/Agência Brasil
Responsável por nulidades na satiagraha, ex-delegado pede asilo.
José Cruz/Agência Brasil

O jornal diz que ele foi condenado por uma “simples falta administrativa” no caso que o tornou famoso no Brasil: a operação satigraha (anulada por erros em sua condução). Ele foi condenado em primeiro grau a três anos e 11 meses de prisão. A decisão foi reformada pelo Supremo — que assumiu o caso porque Protógenes se tornou deputado federal durante o andamento do processo —, que substituiu a pena por restrições de direitos.

A condenação, de 2014, ocorreu porque Protógenes vazou documentos sobre as diligências que faria e de cometeu fraude processual. A decisão aponta que um vídeo feito pela TV Globo, a pedido de Queiroz, foi indevidamente editado por ele e juntado como prova ao processo. A condenação resultou na demissão de Queiroz. Antes disso, em 2011, esses desvios resultaram na anulação da operação.

Eliot Ness
Outra comparação feita a Protógenes pelo jornal suíço é com o agente do Tesouro Nacional Americano na época da Lei Seca (1920-1933) Eliot Ness, que inspirou a história do filme Os Intocáveis por prender o famoso mafioso Al Capone. O ex-parlamentar diz que está no país europeu desde outubro de 2015, quando participou de uma conferência em Genebra.

Protógenes justifica a permanência argumentando que será morto se voltar ao Brasil, pois carrega “muitos segredos”. "A Justiça do meu país decidiu retirar a proteção que eu tinha quando era policial. Decidi buscar a segurança aqui na Suíça." Porém, ele deverá retornar ao Brasil até o próximo dia 20/4 para sua audiência de advertência.

Na entrevista, Protógenes também afirma ter participado, mesmo que minimamente, dos grandes escândalos de corrupção investigados atualmente na operação “lava jato”. Segundo ele, a investigação sobre os desvios ocorridos em contratos da Petrobras pode terminar como outras apurações, com policiais afastados — como ele afirma ter sido por integrantes da Presidência da República, por ter investigado Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva — e mortes.

Segundo Protógenes, depois de ser escolhido como chefe do serviço de informações da Polícia Federal em 2003, ele passou a atuar protegendo o ex-presidente Lula de chantagens e ameaças. Ele afirma que um dos chntagistas era a Kroll, uma agência privada de espionagem dos EUA. O ex-delegado afirma que a proximidade com Lula fez com que o ex-presidente apoiasse a operação satiaghara, mas que o apoio acabou quando familiares do ex-presidente começaram a ser suspeitos de envolvimento no caso.

Atividades paralelas
Protógenes tem projetos paralelos em andamento. Uma é a campanha divulgada em seu blog, onde ele pede que as pessoas assinem uma petição para que ele receba um indulto para voltar a ser um delegado federal. Outra é uma investigação paralela sobre a morte do ex-ministro e ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos. Para Protógenes, muitos fatos levantam a suspeita de que o acidente de avião que vitimou o à época presidenciável foi encomendado. Ele cita como exemplo dessa dúvida o fato de as imagens das câmeras do entorno do acidente mostrarem que o piloto não tinha o controle do avião.

Queiroz ingressou na política em 2010, quando conseguiu uma das vagas paulistas na Câmara dos Deputados porque seu partido pertencia à coligação que tinha como um dos candidatos o deputado federal Tiririca (PR-SP), que, ao receber 1,3 milhão de votos, alçou colegas à Câmara. O ex-delegado tentou se reeleger em 2014, mas não conseguiu.

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