Suporte a Litígios

Infográficos ampliam poder de argumentação em petição

Autor

  • Marcelo Stopanovski

    é diretor de produção da i-luminas – suporte a litígios especializada em análise de quebras judiciais de sigilos. Doutor em Ciência da Informação pela Universidade de Brasília mestre em Inteligência Aplicada na Engenharia de Produção e Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina.

11 de março de 2015, 11h16

Spacca
O volume de informação presente na sociedade da informação inviabiliza que decisores abarrotados de informações, especialmente textuais, prestem atenção em algo que não esteja resumido e que vá direto ao ponto. É essa a razão de existir dos memoriais, por exemplo. Imagine seu poder de convencimento se os memorais contiverem gráficos, tabelas e desenhos elucidativos!

Um infográfico pronto, como os que vemos nos principais jornais e revistas do país, resumindo todo um assunto e demonstrando as principais questões com fotos, gráficos de barras, pizzas ou linhas, ilustrações e ícones, foi necessariamente produzido por uma equipe. De modo resumido, o trabalho inicia com a coleta, podendo ser feita por alguém da computação, que reúne vários dados e possibilita a análise, feita por um jornalista, possivelmente. Um especialista, que pode ser do campo jurídico, valida as conclusões produzidas; o roteirista, publicitário ou afim, faz o croqui de como devem se encaixar os assuntos a serem desenhados e destacados. Finalmente, o designer ou ilustrador faz o desenho propriamente dito e todos dão opinião nos ajustes.

A maioria das pessoas não possui o dom de desenhar. Assim como eu, os operadores jurídicos não tiverem conteúdos de artes gráficas na faculdade e sentem dificuldade em pensar de forma visual. A maioria dos escritórios e gabinetes jurídicos não possuem uma equipe especializada para a construção de infográficos em seus quadros. Também não é fácil e nem barato contratar agências de publicidade ou de jornalismo para a execução de um trabalho gráfico de cunho jurídico.

Na tentativa de facilitar os primeiros passos de como podemos utilizar pequenos resumos visuais com grande impacto e utilidade, a coluna da semana passada abordou a utilização de linhas do tempo como ferramenta para facilitar a demonstração de aspectos temporais nas peças jurídicas.

A pergunta que surgiu daquela exposição foi: e quando os elementos as serem destacados não são questões temporais, quais as visualizações que podem ser utilizadas? É normal que os assuntos em litígio não se concentrem somente em questões de tempo.

Vamos pensar de forma a separar as possíveis peças de um infográfico e, para isso, sugiro o rápido e útil resumo utilizado no livro Desenhando Negócios[1]. Já são vários os livros sobre pensamento visual (visual thinking) disponíveis no mercado; este em especial, cujo título em inglês é algo como: “de volta para o guardanapo”, sugere que saber desenhar não é uma condição para pensar visualmente, por isso a analogia com os desenhos rápidos e toscos em guardanapos de restaurantes. Mas sustenta que pensar visualmente é uma estratégia ímpar para reuniões, projetos e, especialmente, decisões.

O cerne da abordagem do livro passa por uma adaptação de uma ferramenta de gestão que é bastante utilizada para abordar e destrinchar um problema, o 5W2H.

Esta técnica da administração, originalmente japonesa, tenta, dado um problema, tarefa, projeto ou caso jurídico, identificar sete partes fundamentais:

Com base nestes quesitos, é possível identificar qual peça gráfica pode ser utilizada para sua demonstração visual. A inovação do livro não é a descoberta das técnicas, mas sim a ligação de cada abordagem com uma rápida pergunta básica. Não é novidade que o aspecto temporal (When) possa ser demonstrado em uma linha do tempo, como foi visto na coluna da semana passada.

A tabela a seguir descreve as técnicas que podem ser utilizadas em cada questão levantada:

Estas partes são maleáveis e intercambiáveis, permitindo que ao final de algumas descrições seja montado um infográfico básico, mas útil para apresentar uma ideia de forma rápida e bem organizada.

O autor ainda completa sua abordagem com uma reflexão para cada um dos quesitos levantados, indicando que cinco caminhos sejam avaliados quando da escolha de uma técnica:

— Devo construir de forma simples ou elaborada?
— Trata-se de uma abordagem quantitativa ou qualitativa?
— A perspectiva que se quer mostrar é de uma visão geral ou da própria execução?
— O aspecto da visualização será individual ou uma comparação?
— Quer se demonstrar uma situação tal como está ou em mudança?

Respondidas essas perguntas e escolhidas as ferramentas, já temos uma espécie de resumo visual sobre o tema do infográfico. Agora, mão à obra! Somente praticando que será possível encontrar as melhores visualizações para resumir, de forma contundente, seus argumentos.


[1] ROAM, Dan. Desenhando negócios: como desenvolver ideias com pensamento visual e vencer nos negócios. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

Autores

  • Brave

    é bacharel em Direito, especialista em Gestão de Sistemas de Informações e, atualmente, mestrando em Mídia e Conhecimento pela Engenharia de Produção da UFSC. Orientado pelo Professor Hugo Hoeschl, Dr..

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