Formação da sociedade

Estamos criando um verdadeiro confronto de raças e gêneros

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6 de janeiro de 2015, 5h02

Nos mostra a história que a sociedade vai se transformando no decorrer do tempo, e por isso temos momentos históricos, uns bem diversos dos outros. Esta transformação é salutar porque faz a adequação dos fatos ao crescimento do ser humano.

A preocupação que deve estar sempre presente é de não formar uma sociedade rancorosa, não formar uma sociedade onde haja divisão de classes, não formar sociedade na qual a população tudo espera do governo, não formar sociedade na qual o mérito é alijado do sistema. Enfim, a preocupação deve ser em formar uma sociedade com liberdade e com igualdade de direitos, na qual os programas sociais existam, mas que tenham caráter de temporaneidade.

Formar uma sociedade forte e com cidadãos cônscios de seus deveres e de seus direitos exige um sistema educacional de qualidade, que valorize o professor, que valorize o método de ensino, que valorize o mérito, que valorize o aluno, que se preocupe em inserir a pessoa na sociedade para que seja um elemento produtivo, respondendo por sua vida pessoal, mas também contribuindo para a vida social e política.

Uma saudável vida política depende da educação que é dada aos jovens, porque “esquecer a íntima relação entre a educação e a política é uma atitude ingênua diante dos acontecimentos históricos”[1]

Nos termos do artigo 205 da Constituição Federal a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para a cidadania e sua qualificação para o trabalho.

Os ensinamentos dos filósofos brasileiros mencionados encontram total fundamento no texto Constitucional.

Da ideologia constitucional, a interpretação não deve se limitar a pensar em educação somente à prestada nos bancos escolares, mas sim também, no comportamento da própria sociedade, no comportamento dos Poderes do Estado, no comportamento das ideias que são lançadas pela administração pública, pelos partidos políticos, pelos sábios pensadores da sociedade; enfim por todos que influenciam na vida da população.

Como a própria Constituição Federal determina a educação é dever do Estado, da família e da sociedade.

Partindo desta ideia, qual será a sociedade que estamos formando para os jovens, para os adolescentes, para as crianças e ainda para os que estão por vir?

Não é possível responder esta preocupação, mas é possível fazer constatações do presente para se preocupar com futuro destas pessoas, nossos filhos, netos, sobrinhos, nossos sucessores na vida social e política.

Vivemos em um Brasil democrático no qual as pessoas do povo chegam ao Poder Legislativo, ao Poder Executivo e ao Poder Judiciário, o que é louvável e necessário que assim seja; entretanto não é dado a este Povo, o titular do poder constituinte originário, o direito de votar, é sim imposta uma obrigação, cujo descumprimento gera apenação.

Não votar é uma omissão, mas cabe ao cidadão escolher votar ou não. Exige-se que a liberdade de participação seja respeitada, com a finalidade de que cada cidadão exerça sua vontade, mas evidentemente com plenas condições de decidir como vai participar da vida política.

Na verdade exigir o voto fere a democracia.

A chamada e discutida aprovação automática está inserida em um sistema no qual o estudante vai caminhando a passos largos e rápidos para um destino que ele não conhece e não sabe o que lhe espera. É como se estivesse, simplesmente, sendo empurrado pela correnteza.

No futuro a capacidade do profissional e do cidadão será comprometida, e certamente muitas outras pessoas serão vítimas de um profissional e cidadão despreparado.

Na vida do ser humano as conquistas são preparadas, ensinadas e lentas, e assim deve ser na área da educação, na qual o estudante deve ser preparado, deve receber ensino de qualidade e assimilando os ensinamentos, e lentamente vai se formando e se preparando para uma vida social e política de qualidade.

Sobre raças os acontecimentos mostram que estamos criando um verdadeiro confronto.

Muitos municípios celebram apenas com feriado e shows musicais o Dia da Consciência Negra e agora surgem outros municípios para comemorarem no dia imediato o Dia da Raça Branca. Inadmissível, somos todos da raça humana e ponto final.

O que falta é uma educação de qualidade para mostrar os erros do passado e firmar a posição de que somos todos iguais perante a Natureza e perante o Estado.

Seria muito mais produtivo comemorar o dia das raças, no qual escolas públicas e particulares destinassem este dia para tratarem de todas as raças e ensinar sobre a importância delas com a finalidade de gerar consciência de respeito e fraternidade.

O cidadão da raça negra que ingressa em uma faculdade pública pela chamada “cota”, poderá sim, ser menosprezado por outros da própria raça que consiga a vaga pelo mérito.

Na sociedade do futuro teremos os formados pela “cota” e os formados pelo mérito. Nada mais. É o mérito que singulariza com qualidade a pessoa no meio em que vive.

Sobre programas sociais atribui-se a Ronald Reagan a afirmação de que o melhor programa social que um governo pode oferecer é dar um emprego ao cidadão.

Sabemos o quanto um emprego honesto valoriza o ser humano e faz com que ele seja respeitado na comunidade em que vive, independentemente de qual seja sua atividade de labor.

Toda espécie e tipo de trabalho honesto somente valoriza a pessoa.

Vivemos um momento histórico em que há “bolsa” para tudo enquanto o investimento na geração de emprego fica um tanto esquecido, não obstante a publicidade oficial.

Há noticias e comentários na vida social que já existem os “bolsistas profissionais”, isto é aqueles que não vão mais trabalhar porque recebem em casa algum dinheiro. É melhor ficar descansando porque o dinheiro vem com certeza.

Se fala que há mulheres que engravidam para receber “uma ajudazinha do governo”. Será que isto acontece?

Na sociedade que está sendo formada teremos muitos mais “bolsistas” do que hoje. Muitos que nascem nesta época e os que vão nascer já estarão assimilados por esta cultura, de viver na dependência do Estado.

O que falta é o incentivo, a preparação, e a criação de postos trabalho com qualidade.

Sabe-se que a construção civil em São Paulo, em determinado momento, sofreu atraso nas entregas de obras de pequeno e grande porte, porque muitos trabalhadores preferiam ficar em casa recebendo ajuda ao invés  de trabalhar. Muitos voltaram às suas cidades ou Estados.

Sobre outro aspecto, o momento atual nos mostra a existência de um certo confronto entre homens e mulheres.

A mulher é a mais importante é a mais bela criatura existente, e não acredito que a imensa maioria delas esteja se importando com a novidade de “todas e todos”, nos discursos formais e não formais.

O vocábulo “todos” é gênero que expressa todos os presentes ou todas as pessoas presentes. Não há nenhum demérito. Então que se continue com “senhoras e senhores” como um modo de elevar a mulher e não simplesmente por falar na forma feminina.

O sempre necessário respeito para o ser humano do sexo feminino deve estar presente no tratamento, que o ser humano do sexo masculino lhe dedica, e, também no tratamento que a administração pública e a sociedade deve dispensar.

Em um programa de televisão com participação de humoristas antigos e também alguns da nova geração, os mesmos concordaram que estão limitados nas ideias e atuações, porque qualquer tipo de brincadeira, sem a menor intenção ofensiva, pode gerar exageradas reações e processo por dano moral.

Os grandes como Chico Anysio, Jô Soares, Mussum e outros já brincaram com todos os temas neste Brasil e nunca foram ofensivos, e, continuam com suas atuações respeitadas, admiradas e conhecidas por todos.

Assim, estamos em um sério e complexo momento de reflexão sobre qual sociedade queremos deixar para o futuro, que é certo e não distante.

A sociedade que devemos projetar para o futuro certo e não distante deve ser uma sociedade madura, com respeito ao ser humano com todas as diversidades existentes.

A liberdade da cidadania não se coaduna com dever de votar. O mérito de um estudante não convive com quem é simplesmente aprovado ou que ingressou através de uma disposição da lei.

Os trabalhadores de todos os segmentos e, no sentido “lato senso” do vocábulo, engrandece o País, mantém a estima pessoal, dá orgulho para a família e contribui para o fortalecimento Estado e da sociedade, ao contrário do que  simplesmente ser um “bolsista”.

As mulheres sempre ocuparão o lugar de destaque que o criador lhe deu, não precisa de uma letrinha (a) para marcar a presença na sociedade.

A diversidade deve ser respeitada não porque alguns gritam, mas sim porque quem vive a diversidade é ser humano como outro qualquer. Não há diferença.

Devemos sim estar preocupados com a sociedade que estamos formando e para isto é fundamental destinar educação de qualidade a todas as pessoas, realizar uma verdadeira geração de empregos em todo território nacional e prestar serviços relativos aos direitos sociais com qualidade.

O ser humano precisa ser valorizado dando-lhe condições de gerir sua própria vida, independente ser da raça amarela, da vermelha, da negra ou da branca.

Que a sociedade que virá seja melhor do que a que vivemos hoje, mas para isso precisamos repensar urgentemente o presente.


[1] MARQUES, Carlos Euclides e TARGA, Dante Carvalho – Filosofia da Educação. Fael Editora.2.013.Curitiba. p.109.

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