Tradição mantida

Rodrigo Janot é o mais votado em lista para procurador-geral da República

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5 de agosto de 2015, 19h26

Fellipe Sampaio/SCO/STF
Janot é alvo de críticas por comandar investigações da operação “lava jato”.Fellipe Sampaio/SCO/STF

Manteve-se a tradição e o atual procurador-geral da República, Rodrigo Janot, foi o mais votado entre os candidatos da Associação Nacional dos Procuradores da República para o cargo de PGR. Janot recebeu 799 votos. Os outros dois mais votados foram os subprocuradores-gerais Mario Bonsaglia, com 462 votos, e Raquel Dodge, com 402.

De acordo com a ANPR, foram registrados 2.949 votos: 1.880 votos válidos, 1.022 em branco e três nulos. A entidade contabilizou que 983 procuradores, ou 79% dos inscritos, participaram das eleições — “recorde histórico”, segundo a Comissão Eleitoral da ANPR.

A nomeação do PGR é de livre indicação do presidente da República. O indicado pela Presidência é, depois, sabatinado no Senado. Mas desde 2001 a ANPR elabora uma lista tríplice e encaminha ao Palácio do Planalto. O primeiro presidente a indicar o mais votado da lista tríplice foi Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando da nomeação de Claudio Fonteles. Inaugurou-se ali uma "tradição" mantida até hoje.

No entanto, existe a expectativa de que Janot quebre a tradição inaugurada por Lula. Há quem diga que a presidente Dilma Rousseff não pretende indicá-lo para a recondução, já que Janot é quem comanda o capítulo parlamentar da operação “lava jato” e dos desdobramentos das denúncias de corrupção na Petrobras. Mas o Planalto desmente os boatos e critica a avaliação.

No Congresso, parlamentares criticam a condução dos inquéritos da “lava jato” que correm no Supremo – que investigam justamente as autoridades que têm prerrogativa de foro. No Senado, o que se diz é que Janot age a serviço do governo ao tocar os trabalhos.

As tensões aumentaram quando, antes de começar oficialmente a campanha para a lista tríplice da ANPR, o subprocurador Carlos Frederico Santos, que se colocava como oposição a Janot, foi eleito para uma das vagas no Conselho Superior do Ministério Público Federal, vencendo o suprocurador Nicolao Dino — que contava com o apoio do PGR.

Rumores apontavam Carlos Frederico concorria com apoio do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas ambos negam que tenham qualquer relação.

De todo modo, Carlos Frederico ficou em quarto lugar, com metade dos votos de Raquel Dodge, a terceira colocada.

O PGR pode ocupar o cargo por até dois mandatos de dois anos.

Veja os currículos dos componentes da lista tríplice, conforme informado pela ANPR:

Rodrigo Janot Monteiro de Barros: é o atual procurador-geral da República e tenta a recondução. Ingressou no MPF em 1984, atuou como secretário-geral do MPU e foi presidente da ANPR no biênio 1995/1997. Janot graduou-se em Direito pela UFMG e especializou-se na área de Meio Ambiente e Consumidor na Scuola Superiore di Studi Universitari, em Pisa, na Itália.

Mario Luiz Bonsaglia: Doutor em Direito pela Universidade de São Paulo, Bonsaglia foi conselheiro do CNMP por dois biênios (2009/2011 e 2011/2013). Atualmente integra o Conselho Superior do MPF (2014/2016). É coordenador da 7ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. Atuou como procurador regional Eleitoral em São Paulo de 2004 a 2008.

Raquel Elias Ferreira Dodge: Especialista na área criminal, a subprocuradora-geral da República ingressou no MPF em 1987. Mestre em Direito pela Universidade de Harvard, é membro titular da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. Entre os casos emblemáticos, destaca-se a atuação de Raquel na investigação da Operação Caixa de Pandora.

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