Laicidade do Estado

IAB é contra o ensino religioso confessional nas escolas públicas

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25 de abril de 2015, 12h33

O Instituto dos Advogados Brasileiros afirmou ser contra o ensino religioso confessional nas escolas públicas, previsto no acordo firmado entre a Presidência da República e a Santa Sé, em 2010. A entidade decidiu participar de audiência pública sobre o tema no Supremo Tribunal Federal, marcada para o dia 15 de junho.

O governo promulgou, por meio do Decreto 7.107/2010, acordo relativo ao Estatuto Jurídico da Igreja Católica no Brasil –firmado na Cidade do Vaticano em 2008– que prevê o ensino religioso nos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.

Em sessão ordinária no início do mês, o IAB decidiu apoiar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 4439 ajuizada pela Procuradoria-Geral da República, que propõe ao STF interpretar o decreto à luz da Constituição Federal e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Em seu artigo 33, a LDB estabeleceu que "o ensino religioso, de matrícula facultativa é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil e vedadas quaisquer formas de proselitismo".

A Procuradoria-Geral da República defende a tese de que a única forma de compatibilizar o caráter laico do Estado com o ensino religioso nas escolas públicas consiste na adoção de modelo não confessional. Para a PGR, a disciplina deve ter se basear na exposição das doutrinas, práticas, história e dimensões sociais das diferentes religiões, incluindo posições não religiosas, sem qualquer tomada de partido por parte dos educadores.

A disciplina deve ser ministrada por professores regulares da rede pública de ensino, e não por "pessoas vinculadas às igrejas ou confissões religiosas", na argumentação apresentada na ADI.

Discussão
A audiência pública foi convocada pelo ministro Luís Roberto Barroso, do STF, relator do processo. Segundo ele, a complexidade do tema "recomenda a convocação de audiência pública para que sejam ouvidos representantes do sistema público de ensino, de grupos religiosos e não religiosos e outras entidades da sociedade civil, bem como especialistas com reconhecida autoridade no tema".

Segundo Barroso, "as questões extrapolam os limites do estritamente jurídico, demandando conhecimento interdisciplinar a respeito de aspectos políticos, religiosos, filosóficos, pedagógicos e administrativos relacionados ao ensino religioso no país".

Entre os pontos a serem discutido estãp as relações entre o princípio da laicidade do Estado e o ensino religioso nas escolas públicas, as posições a respeito dos modelos confessional e não confessional e as diversas confissões religiosas e posições não religiosas. O ministro defende, ainda, a discussão sobre as diferentes experiências dos sistemas estaduais de educação com o ensino religioso. Com informações da Assessoria de Imprensa do IAB.

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