Para analista, fragilidade do governo fortaleceu PL da terceirização
17 de abril de 2015, 21h38
O enfraquecimento do governo e a articulação dos setores empresariais foram os principais elementos para o avanço do Projeto de Lei 4.330, o PL da Terceirização, na Câmara dos Deputados. A opinião é do analista político Antonio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Durante conferência no XX Congresso Nacional dos Produtores do Trabalho, em São Paulo, Queiroz apresentou o panorama que, segundo ele, levou ao enfraquecimento do governo frente uma articulação dos setores empresariais dentro do Congresso e colocou em risco os direitos sociais e trabalhistas.
Escândalos de corrupção, composição do Congresso, medidas de ajustes fiscais, a crise na relação entre os poderes e as manifestações nas ruas foram os principais pontos levantados.
“A bancada empresarial cresceu e tem entre sua prioridade o projeto de terceirização. Já o governo não dispõe de margem fiscal para atender os empresários em sua ânsia de manter e ampliar suas margens de lucros, além da bancada sindical no Congresso ter reduzido”, disse.
Outro elemento que, segundo o analista, contribuiu para avanço do PL 4.330 foi o silêncio de dois ministérios historicamente comprometidos com a demanda dos trabalhadores (Trabalho e Secretaria Geral da Presidência). Por outro lado, Queiroz aponta que pastas como a Fazenda, Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e Agricultura articularam ações que culminavam na precarização das relações de trabalho.
Articulação política
Apesar do cenário, Queiroz diz acreditar que a alteração da coordenadoria política do governo pode trazer alguma força aos trabalhadores nas discussões. Isso porque, se antes havia o objetivo de contrariar o governo, agora qualquer prejuízo recairá no PMDB, novo articulador político.
“Com a entrada do PMDB na coordenação política, parte dos parlamentares perceberam que o presidente da Câmara não pode insistir na linha anterior. Antes, quando ele derrotava o governo, a responsabilidade caia sobre o PT, agora vai ser do PMDB”, disse.
Queiroz acredita que a mobilização em relação ao tema leve à alteração do PL 4.330 no sentido de não estender a terceirização às atividades-fim. “Acho que haverá uma flexibilização na Câmara por conta da pressão popular, mas também devido o esclarecimento de parcelas dos parlamentares que não tinham clareza de que o projeto é perverso para os trabalhadores".
Encontrou um erro? Avise nossa equipe!