Acordo reservado

Chefes de 26 seccionais apoiam Lamachia para presidente da OAB nacional

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27 de outubro de 2014, 18h39

Ao discursar na abertura da XXII Conferência Nacional da Advocacia, o anfitrião do evento, presidente da seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, Felipe Santa Cruz, homenageou o vice-presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia. O cumprimento pode ter passado despercebido por quem acompanhava o evento, mas o destaque a Lamachia é intencional.

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Enquanto a programação oficial do evento trazia temas como os filtros nos tribunais superiores, o uso do Habeas Corpus ou o trabalho infantil, os presidentes das seccionais da OAB por todo o Brasil travaram outra discussão cara à Ordem: a sucessão do Conselho Federal. Uma carta de apoio à candidatura de Claudio Lamachia (foto) a presidente da OAB nacional foi assinada, durante o evento, pelos chefes de 26 seccionais (todas, exceto São Paulo). A busca por apoio a candidaturas já é algo tradicional nas conferências da advocacia, segundo figuras escoladas na política da Ordem.

O documento, entregue ao atual presidente do Conselho Federal, Marcus Vinícius Furtado Coêlho, deixa claro que o apoio é exclusivamente ao nome do Lamachia, sem qualquer outro apoio a posições de diretoria, afirma um dos que assinaram o documento. Segundo um importante nome do Conselho Federal da OAB, é um apoio histórico, por ter tantas assinaturas com tanta antecedência das eleições, que serão só em 2016 — até lá, no entanto, será formado outro colégio eleitoral, depois das eleições das seccionais. Procurado pela reportagem, Lamachia não quis fazer nenhum comentário.

Caminho próprio
Mesmo não assinando a carta, o presidente da OAB de São Paulo declarou sua amizade a Lamachia e disse que o via como um grande nome da advocacia. No entanto, disse que precisaria conversar melhor com seus conselheiros antes de declarar apoio. Vale lembrar que na última disputa pelo Conselho Federal, a OAB-SP ficou do lado oposto ao de Marcus Vinícius. À época, a seccional incentivou Alberto de Paula Machado, até então vice-presidente do Conselho Federal, a registrar sua candidatura, quebrando o acordo de fazer eleições de chapa única, com Marcus Vinícius à frente.

Chapa única, aliás, foi a palavra de ordem para colher o apoio a Lamachia. Assim, foi colocada a possibilidade de evitar o desgaste nas eleições — que, pela primeira vez na história, têm chance de serem via eleição direta — negociando espaço para os apoiadores na chapa.

Ex-presidente da seccional gaúcha da OAB, eleito pela primeira vez em 2007, Lamachia foi reeleito para a gestão 2010/2012, com 82% dos votos. Em 2012, ano em que sua gestão foi classificada como ótima ou boa por 90% dos advogados, entrou como vice na gestão de Marcus Vinícius Furtado Coêlho.

Formado em Direito na PUC-RS, Lamachia sempre trabalhou na advocacia pública como advogado concursado do Banco do Brasil, cargo do qual se afastou para exercer atividades de classe. Paralelamente, toca o escritório do avô desde o início da carreira e se especializou em Direito Empresarial. De uma família de advogados, Lamachia restabeleceu a tradição interrompida pelo pai, que optou pela administração de empresas. O sangue jurídico falou mais alto, inclusive na hora de casar. “Meu tataravô era advogado, assim como meu bisavô, meu avô, meus tios, meu irmão, minha esposa, e até o pai e o avô dela”, contou, em entrevista publicada pela ConJur em 2010.

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