Lava jato

Dinheiro de contratos na Petrobras era repartido entre partidos, diz Costa

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9 de outubro de 2014, 15h45

As grandes empresas contratadas pela Petrobras para tocar projetos de produção, gás e energia costumavam fazer um “acordo prévio” para acrescentar em seus orçamentos uma taxa para agentes políticos. Cerca de 3% dos valores dos contratos eram desviados para “ajuste político” e repassados a partidos, conforme afirmou o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa durante interrogatório à Justiça Federal, nesta quarta-feira (8/10), em Curitiba.

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As gravações foram incluídas em um dos processos a que o ex-diretor responde em Curitiba. Os vídeos estão disponíveis sem sigilo. Costa (foto) ingressou na Petrobras por concurso, mas disse que só conseguiu uma cadeira na diretoria em 2004 por indicação do PP, com influência do ex-deputado federal José Janene (PP-PR), morto em 2010. “As diretorias e presidências da Petrobras foram sempre por indicação política”, afirmou.

Da taxa de 3% para agentes políticos citada por ele, o PT ficava com dois terços dos valores e deixava o restante para o PP, ainda segundo o ex-diretor. Desse 1%, “em média 60% ia para o partido, 20% para despesas às vezes de emissão de nota fiscal e para envio e 20% restantes eram repassados assim, 70% para mim e 30% para o [ex-deputado José] Janene ou [para o doleiro Alberto] Youssef”.

“Eu recebia em espécie normalmente na minha casa, ou no shopping ou no escritório, depois que abri a minha companhia lá de consultoria [que abriu depois de se aposentar, em 2012]”, afirmou no interrogatório. Quem fazia a entrega do dinheiro, segundo ele, era Youssef ou Janene.

Costa foi preso em março em meio à operação lava jato, que investiga suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que seria comandado por Youssef. Ele assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. Outros interrogados na última quarta preferiram ficar em silêncio.

Em nota, o PT negou que tenha recebido repasses financeiros originados de contratos com a Petrobras e disse que estuda adotar “medidas judiciais cabíveis”. “Lamentamos que estejam sendo valorizadas as palavras do investigado, em detrimento de qualquer indício ou evidência comprovada”, declarou no texto o presidente nacional da sigla, Rui Falcão.

Ouça trechos do depoimento, divulgados pelo jornal O Estado de S.Paulo:

 

Ação Penal: 5026212-82.2014.404.700

 * Texto atualizado às 16h50 do dia 9/10/2014 para acréscimo de informações.

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