Entraves à ressocialização

OAB-DF faz audiência pública sobre sistema carcerário

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30 de novembro de 2014, 17h20

Os problemas do sistema carcerário brasileiro levarão anos para ser sanados, afirmou o presidente da Comissão de Ciências Criminais da Ordem dos Advogados do Brasil no Distrito Federal, Alexandre Queiroz, em audiência pública sobre o tema, promovida pela seccional na última quinta-feira (27/11).

O Brasil tem mais de 560 mil presos. Está atrás apenas dos Estados Unidos, da China e da Rússia. Para Queiroz, as ações de curto prazo se resumem a minimizar os problemas existentes. “A OAB, como representante da sociedade, tem o papel de intervir nesta situação”, afirmou o advogado ao iniciar os debates.

Alessandro Santos Miranda, procurador-chefe do Ministério Público do Distrito Federal, falou sobre o trabalho dos presos. Ele disse que a preocupação do MP é a melhoria das condições de trabalho dos agentes penitenciários e dos presos. “A lei diz que o preso pode receber menos que um outro trabalhador. Isso fere o trabalho. Se um sistema pretende à ressocialização, não podemos tratá-los diferente”.

Antonio Lopez Rezende, diretor executivo da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal, afirmou que a instituição tem focado na empregabilidade dos presos. “Nós somos os maiores empregadores deles. Hoje temos cerca de 2 mil internos trabalhando fora do sistema prisional, em áreas do governo federal e estadual. Mas nossa maior preocupação é inserir os presos na rede privada”, destacou.

Deuselita Martins, diretora do presídio feminino do Distrito Federal, a Colmeia, disse que a penitenciária sofre com dois problemas grandes: a superlotação e a falta de servidores. “O trabalho que conseguimos desenvolver na Colmeia é graças ao serviço dos servidores. Quando entrei em 2009 nenhuma presa trabalhava. Hoje temos mais de cem presas trabalhando fora do presídio”.

Márcio Vítor Meyer de Albuquerque, vice-presidente da Coordenação de Acompanhamento do Sistema Carcerário do Conselho Federal da OAB, disse que a Comissão tem feito diversas inspeções e visitas a presídios em todo o país. “Estamos verificando um verdadeiro caos. No Ceará, temos 21 mil presos. Enquanto os senhores se preocupam muito com o egresso, nós nos preocupamos com o próprio interno. Cerca de 20% dos internos tem ocupação. Me parece que é um discurso uníssono em que só pode haver melhora no sistema carcerário se houver uma ocupação para estas pessoas que estão lá. Vamos juntar forças”, destacou.

O presidente da Comissão de Direito Carcerário da OAB do Mato Grosso, Waldir Caldas Rodrigues, afirmou que “somente somando nossos esforços, deixando vaidades de lado, conseguiremos mudar essa realidade”. Com informações da assessoria de imprensa da OAB-DF

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