Compra polêmica

Ex-diretor internacional da Petrobras vira réu da operação “lava jato”

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17 de dezembro de 2014, 11h48

O juiz federal Sergio Fernando Moro aceitou nesta quarta-feira (17/12) denúncia contra o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró e outras três pessoas acusadas de integrar um esquema de desvios na estatal. É a sexta ação penal aberta em seis dias, depois que uma força-tarefa do Ministério Público Federal anunciou uma série de novas denúncias.

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Segundo a acusação, Cerveró  (foto) recebeu propina para viabilizar a compra de um navio sonda para perfurar águas profundas, em 2006. A denúncia afirma que ele cobrou US$ 15 milhões do empresário Julio Camargo, do grupo Toyo Setal, para concluir a “negociação em bom êxito junto à Diretoria Internacional”. O intermediário da negociação seria Fernando Soares, conhecido como Baiano. Os dois também viraram réus, assim como o doleiro Alberto Youssef, que responderá por suposto crime de lavagem de dinheiro.

Moro, responsável por julgar todos os casos ligados à operação “lava jato” na 13ª Vara Federal de Curitiba, avaliou mais uma vez que as informações incluídas na denúncia são suficientes para abrir um processo. “Embora o quadro probatório não esteja completo, o fato é que, nessa fase processual, (…) tais elementos documentais, aliados aos depoimentos dos criminosos colaboradores e à aludida falta de esclarecimentos pelo acusado Fernando, conferem justa causa à denúncia.”

Camargo e Youssef firmaram acordo de delação premiada. O juiz afirma, porém, que o MPF também reuniu documentos que comprovariam os delitos e o envolvimento de Cerveró, pois “a palavra de um criminoso, ainda que colaborador, não é suficiente para condenar ou mesmo para acusar outra pessoa”.

De acordo com a defesa de Cerveró, as informações do MPF são “despidas de provas” e ele nega quaisquer irregularidades na contratação das sondas, sob o argumento de que o equipamento era necessário e sua compra foi aprovada em colegiado pela diretoria da Petrobras. O advogado Antonio Figueiredo Basto, defensor de Youssef, também nega que o cliente tenha tido qualquer relação com a área internacional da empresa.

Para o advogado Mário de Oliveira Filho, que representa Fernando Baiano, a denúncia é uma "peça de ficção", pois não há provas de que o cliente tenha recebido valores. Segundo ele, Fernando tem duas empresas especializadas em "detectar" negócios e intermediar a relação entre companhias, sem "relação íntima" com Cerveró e partidos ou qualquer trânsito facilitado na Petrobras. A reportagem não localizou os advogados de Julio Camargo.

Clique aqui para ler a decisão.

* Texto atualizado às 13h10 para acréscimo de informação.

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