Credibilidade da Justiça

Juíza americana escapa de ação porque vídeo não foi juntado aos autos

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14 de dezembro de 2014, 6h00

 O processo contra a juíza Nora Longoria, por dirigir embriagada, começou como manda o figurino. Um policial a submeteu a testes de sobriedade, gravados por uma câmera instalada em sua viatura. O vídeo mostra que a juíza estava realmente embriagada. Deveria ser presa.

Ela pediu clemência ao policial, porque a prisão iria arruinar sua vida — já que era juíza de um tribunal de recursos do Texas, uma carreira construída durante 25 anos. Mas o policial a algemou e a levou para a delegacia, como ocorreria com qualquer cidadão nessas circunstâncias.

A partir daí, o processo contra a juíza desandou. Uma ação criminal foi movida contra ela, mas foi trancada por outro juiz por insuficiência de provas. O vídeo mostrando que a juíza falhou no teste de sobriedade jamais foi juntado aos autos. Em vez disso, foi juntado um segundo vídeo, feito na delegacia, no qual a juíza, aparentemente, não mostrava sinais claros de embriaguez.

Questionado pela imprensa, o promotor público René Guerra disse que os autos só continham quatro peças, nenhuma delas era o vídeo gravado pelo policial. Também não havia exame de sangue ou teste de bafômetro, porque a juíza se recusou a fazê-los. “Eu vi o vídeo feito na delegacia, o único que recebi, e ela não me pareceu bêbada”, disse o promotor, de acordo com o Daily News, o Valley Center e outras publicações.

Na delegacia, a imprensa não obteve uma explicação satisfatória sobre a ausência do vídeo do policial nos autos. No entanto, os policiais entregaram cópias do vídeo, em DVD, aos jornalistas e o vídeo foi postado por algumas publicações no YouTube.

Perguntado pelos jornalistas por que a Promotoria não requisitou o vídeo à Polícia, o promotor disse que o órgão já está sobrecarregado de trabalho. Os promotores não têm tempo para requisitar provas para todos os casos em que têm de trabalhar”, declarou.

Perguntado se iria reabrir o caso, agora que o vídeo está ao alcance de quem quiser vê-lo no YouTube, ele disse que não tem planos para isso. “Se eu tivesse visto esse vídeo antes, provavelmente eu a colocaria em um programa preliminar de suspensão condicional do processo”, afirmou. Esse tipo de programa dura de seis meses a dois anos.

A juíza foi liberada depois de pagar uma fiança de US$ 2 mil dólares, o que irritou os comentaristas das publicações mais do que qualquer outra parte da história. É um valor muito baixo para os padrões americanos e se sabe que milhares de pessoas vão para a cadeia porque não têm dinheiro para pagar a fiança. Os comentários também falam sobre a perda de credibilidade da Justiça americana.

[vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=zwpebjOHCK0]

[vídeo com história e animação: https://www.youtube.com/watch?v=9-1wJjRhuPs]

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