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MPF conclui que pivô da “lava jato” não era dono do laboratório Labogen

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3 de dezembro de 2014, 18h12

O Ministério Público Federal acaba de fazer uma retratação tímida em um dos processos ligados à chamada operação “lava jato”. Depois de dizer que o doleiro Alberto Youssef, pivô de toda a investigação, era “o real controlador” do laboratório Labogen, a procuradoria concluiu que, na verdade, ele só usava a empresa para operações de câmbio, pagando uma porcentagem aos administradores.

Youssef foi preso em março, quando pouco se falava ainda sobre indícios de desvios na Petrobras. O nome do laboratório ficou conhecido por ter negociado parceria com o Laboratório Farmacêutico da Marinha para a produção de um medicamento (citrato de sildenafila). A suspeita de que o deputado André Vargas (sem partido-PR) ajudou a Labogen para se aproximar do Ministério da Saúde fez o parlamentar deixar o PT, responder a processo por quebra de decoro parlamentar e virar alvo de investigação.

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Em uma das denúncias apresentadas em abril, o MPF alegava existirem “elementos robustos que indicam que Youssef (foto) era de fato controlador das empresas”. No meio de 191 páginas de alegações finais protocoladas nesta quarta-feira (3/12), porém, o órgão diz ter ficado “evidenciado ao longo da instrução processual que, na verdade, Youssef usava os serviços financeiros” de Leonardo Meirelles, administrador da empresa, e de seu irmão Leandro.

O laboratório emprestava sua própria conta para receber transferências e entregava o valor em espécie, segundo depoimento de Leandro Meirelles nos autos. O irmão dele já havia negado a sociedade com o doleiro ao ser ouvido no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.

Só operador
Youssef, que firmou termo de delação premiada, aponta outro erro na denúncia ao ser colocado como chefe de uma organização criminosa. Ele se classifica como operador financeiro. O MPF, no entanto, não mudou de ideia sobre esse ponto. Ainda nas alegações finais, disse que o réu desenvolvia “função de suma importância para a organização, a ponto de ser reconhecido como líder e ordenador das movimentações bancárias”.

“Não fosse a figura dele, o esquema sequer existiria ou pelo menos não existiria com a magnitude que se viu”, afirmam os procuradores da República que assinam o documento.

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A novela “lava jato” começou em março com uma operação da Polícia Federal que apontou suposto esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que seria comandado pelo doleiro com empresas de fachada. A investigação apontou relação entre ele e Paulo Roberto Costa (foto), ex-diretor de Abastecimento da Petrobras.

Em acordo de delação premiada, Costa afirmou que partidos dividiam propina em contratos da Petrobras pagas por construtoras, o que levou a um novo capítulo da operação, rendendo até prisão de dirigentes de empreiteiras. 

Nesta quarta-feira (3/12), o ex-diretor de Engenharia e Serviços da Petrobras Renato Duque foi solto depois de conseguir Habeas Corpus assinado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal.

Processo: 5026212-82.2014.404.7000

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