Três homens são condenados por traficar armas dos EUA escondidas em colchões
1 de agosto de 2014, 14h25
“A materialidade do crime de tráfico internacional de armas de fogo de uso restrito das Forças Armadas e acessórios encontra-se comprovada à saciedade nos autos”, registrou o juiz Roberto Lemos em sua decisão, citando as apreensões de 22 fuzis e 12 mil munições feitas pela Polícia Federal.
Quanto a autoria dos três condenados, o juiz baseou sua decisão nas provas indiretas. “O farto conjunto de indícios tratado, vale dizer, informações obtidas junto à autoridades norte-americanas, depoimentos prestados, documentos de investigação realizada pelas polícias civil e militar de Minas Gerais, apreensões realizadas e depoimentos colhidos sob o crivo do contraditório, tornam certa a autoria", afirmou.
O juiz no entanto não condenou os três por formação de quadrilha porque, segundo ele, mesmo tendo sido comprovada a atuação dos réus em três remessas de armas para o Brasil, não houve comprovação de estabilidade e permanência da associação criminosa, necessária para configurar a formação de quadrilha.
Bed-bugs
O grupo foi desarticulado em setembro de 2013 pela Polícia Federal na chamada operação bed-bugs que prendeu sete pessoas. Além dos três condenados, foram presos Marcos David Barbosa Vieira, Braz Edmilson Clementino da Silva, Moisés Maia Nogueira e Sérgio Luiz da Costa, sendo estes dois últimos presos nos Estados Unidos.
O grupo enviava as armas dos Estados Unidos ao Brasil, via Porto de Santos. As armas eram escondidas dentro de colchões que eram transportados em containers que traziam a mudança de famílias brasileiras residentes nos Estados Unidos e que estavam regressando à terra natal. No Brasil, os criminosos retiravam as armas dos colchões e as revendiam a traficantes de drogas das favelas brasileiras, principalmente cariocas. Três apreensões de armas e munições feitas em 2012 são atribuídas à eles.
O fazendeiro Vicente de Paula e seu filho Marcos David eram considerados os líderes do grupo. Segundo a investigação, eles financiavam e encomendavam os fuzis. Nos Estados Unidos, a compra do armamento era feita por Moisés Nogueira e Sérgio da Costa, que segundo a PF usa um nome falso Sérgio Carvalho. Conforme as investigações, Braz Edmilson seria o responsável por construir fundos falsos nos carros usados para transportar as armas no Brasil. Rodrigo Rocha e Márcio de Souza faziam o comércio.
Falta de provas
Como Sérgio da Costa e Moisés Nogueira se encontram nos Estados Unidos, o processo foi desmembrado. Os outros dois acusados, Braz Edmilson e Rodrigo Rocha, foram absolvidos por falta de provas efetivas da participação de ambos. De acordo com o juiz Roberto Lemos, não existe qualquer indício de que Braz Edmilson preparava os fundos falsos para o transporte de armas.
Quanto a Rodrigo da Rocha Costa, o juiz explicou que, apesar de existir uma gravação telefônica mostrando uma conversa entre ele e Vicente relacionada a comercialização de uma pistola, não houve outras provas que comprovassem sua participação no esquema ilegal.
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