STJ 25 anos

Devemos preservar a autonomia do Direito, diz Lenio Streck

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13 de abril de 2014, 11h47

Com uma apresentação bem humorada e com muitas referências literárias, o professor doutor Lenio Streck encerrou o ciclo de palestras comemorativo dos 25 anos de instalação do Superior Tribunal de Justiça com o tema Jurisdição, Hermenêutica e Decisão Jurídica no Estado Democrático de Direito.

Ao abrir o evento, o presidente do STJ, ministro Felix Fischer, elogiou os conhecimentos do palestrante e sua atuação no âmbito dos estudos jurídicos: “O doutor Lenio é um constitucionalista que mesmo antes de 1988 buscava espaço para penetrar na Filosofia do Direito.”

Em um auditório com quase 400 pessoas, o palestrante começou explicando que a hermenêutica ajuda a apontar alternativas para o controle da decisão jurídica, evitando desvios interpretativos. Discorreu sobre a fundamental importância da produção democrática do Direito e destacou que existe um grande debate contemporâneo sobre jurisdição, constitucionalismo e democracia, que precisa ser respondido para se entender “como se decide”.

“Estamos em uma época de Direito facilitado. Temos de saber como lidar com isso nestes tempos de Google”, afirmou.

Dilemas literários
Ao explicar que o Direito é um fenômeno jurídico complexo, que nasce a partir de dilemas, o palestrante destacou que a literatura embasa o Direito. Apesar da formalidade do tema, Streck falou de maneira clara, fazendo a plateia sorrir em diversos momentos. Para ilustrar, fez diversas referências literárias e citou Hobbes, Shakespeare, Wittgenstein, Robert Alexy, Michael Sandel, Machado de Assis e Gabriel Garcia Marquez, entre outros.

Ainda usou exemplos da mitologia grega para explicar a institucionalização do Direito e fez paralelos com eventos cotidianos, facilitando a compreensão da perspectiva hermenêutica.

Direito estruturante
Após se declarar antirrelativista e otimista metodológico, Lenio Streck lembrou que por trás de uma lei há sempre o direito fundamental, e que precisamos da teoria da interpretação para estabelecer limites.

“Temos de seguir alguns princípios básicos e não podemos, de forma alguma, afirmar que tudo é relativo. Devemos preservar a autonomia do Direito, que não é solitário, mas sim estrutural e estruturante”, lembrou o professor. E completou afirmando que não se pode confundir cotidiano com normatividade, pois o Direito não é afetividade, nem filosofia moral.

Para encerrar o evento, o ministro Fischer agradeceu a participação do conferencista e teceu um elogio: “Esta foi uma das melhores palestras do ciclo comemorativo pelos 25 anos do tribunal. Extraordinária e de linguagem bastante clara.”

A mesa foi composta pelo palestrante, pelos ministros Felix Fischer e Gilson Dipp (vice-presidente do STJ) e pelo vice-presidente jurídico da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, Cleucio Santos Nunes.

O ciclo de palestras teve início em outubro do ano passado. O primeiro palestrante foi o ex-senador e ex-deputado Bernardo Cabral, relator da Assembleia Constituinte, que discorreu sobre “O Poder Judiciário, o STJ e a Sociedade”. O segundo evento aconteceu em dezembro e contou com a presença do jurista Juarez Tavares falando sobre “Maioridade Penal”.

A terceira rodada, em fevereiro deste ano, trouxe Luiz Fernando Coelho, que falou sobre “A Crítica do Direito na Contemporaneidade”. No quarto evento, o professor alemão Martin Heger, da Universidade Humboldt de Berlim, discorreu sobre direitos fundamentais e direito penal. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.

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