Desafios e recompensas

Advogados explicam como gerir profissionais

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24 de outubro de 2013, 6h14

Seis processos são fundamentais para a manutenção no escritório de advocacia dos profissionais que lá atuam. O primeiro é agregar pessoas, através do correto recrutamento, e na sequência vem a necessidade de aplicar, ou seja, identificar as atividades de cada profissional. A terceira etapa é recompensar os empregados, seja de forma emocional, seja pela via financeira. Posteriormente, aparece a necessidade de desenvolver os profissionais, com a definição cabendo a cada escritório. Por fim, chega o momento de criar condições para manter os profissionais no local, mesmo enfrentando a pressão e a cobrança, e de monitorar o resultado do processo.

A identificação dessas necessidades é um processo fundamental para a adequada gestão de pessoas no escritório, de acordo com Carlos Eduardo Cavalcante Ramos, sócio do Cavalcante Ramos Advogados. Ele explicou, durante a Fenalaw 2013, como ocorre a gestão de sua banca, classificando uma empresa — ou escritório — como fruto de três aspectos: infraestrutura, tecnologia e as pessoas que lá atuam, o que torna necessário seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.

Uma das chaves para a diferenciação em um mercado tão concorrido, segundo ele, é o desenvolvimento de uma cultura própria, pois é possível copiar até mesmo uma petição, mas a cultura de cada local é única. Além disso, no momento em que o mundo vive a dissolução do conceito de cargo, com trabalho multidisciplinar, as pessoas ganham cada vez mais importância na organização jurídica, aponta o advogado, e seu talento continua sendo fundamental. O crescimento depende de um uso inteligente dos recursos humanos à disposição, continua Ramos.

Principalmente entre a nova geração, informa ele, a remuneração não é o único aspecto analisado no momento de decidir pela permanência ou não na banca. Além da qualidade de vida, outros aspectos que devem ser analisados diariamente pela direção do escritório são o reconhecimento e o desenvolvimento de competências jurídicas, fundamentais para os mais jovens, aponta o advogado, que cita também a impaciência que marca os novos advogados.

Para ele, como o talento é o grande diferencial, a seleção de novos talentos e a retenção destes profissionais deve ser o foco do escritório. Isso passa por um plano de carreira, pelo incentivo à capacitação constante e pela apresentação de novos desafios, que sirvam de estímulo para o advogado. No caso da remuneração, esta deve ser definida com base em metas claras e transparentes, baseada na meritocracia e na capacidade de atingir resultados, diz ele.

Carlos Eduardo Cavalcante Ramos concluiu sua palestra lembrando que a Lei 12.846, que responsabilizada pessoas jurídicas por crimes de corrupção, também deve ser levada em conta. Isso ocorre porque o aumento da governança e a necessidade de compliance implicarão em maior preocupação com terceirizados, o que inclui os advogados. Assim, todos os atos praticados dentro do escritório contratado serão importantes para a companhia que contrata a banca.

Departamento Jurídico
A situação é diferente no mundo dos departamentos jurídicos de empresas. Responsável por palestra sobre o mesmo cenário neste ambiente, Luciano Dequech, diretor jurídico da Odebrecht Agroindustrial, lembrou que a maior parte dos integrantes de departamentos já passou, em algum momento da carreira, por um escritório. A grande diferença é que o funcionário de empresa atua como gestor jurídico, com papel diferente do advogado.

Isso ocorre porque o gestor precisa estar conectado à direção da empresa, fazendo com que um grande advogado de escritório não seja, necessariamente, brilhante se passar a atuar em empresa, afirma ele. Uma figura fundamental no departamento jurídico é o diretor, responsável pela condução do novo advogado por todos os aspectos da vida empresarial que devem ser compreendidos, continua Dequech. Ele deve atuar como um educador, apresentando a seus comandados a realidade da atuação em uma empresa e mantendo a equipe coesa e unida, de acordo com o diretor da Odebrecht Agroindustrial.

Ele acredita que o departamento jurídico permite, na maioria dos casos, a conciliação da vida profissional e da pessoal, ainda que algumas demandas necessitem de turnos maiores. Outra diferença visível entre o mundo do escritório e as empresas é a necessidade que os advogados de banca têm de especialização, consequência da concorrência cada vez maior e do aumento na quantidade de escritórios, informa ele.

Citando o exemplo da empresa em que trabalha, Dequech diz que os profissionais são incentivados a atuar em ao menos uma área distinta daquela em que é especialista. Isso gera, para ele, estímulo ao aprendizado e aquele “frio na barriga” que é consequência dos desafios. Em relação à remuneração, o diretor da Odebrecht Agroindustrial afirma que a base salarial é definida levando em conta a média do mercado, com Participação nos Lucros e Resultados, benefícios trabalhistas e alguns ganhos não materiais, como o reconhecimento e a oportunidade de promoção.

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