Pré-aquecimento

Mercado está confiante em aumento de M&A no Brasil

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17 de outubro de 2013, 10h00

Investidores, advogados e executivos assistem à queda das fusões e aquisições no Brasil — que se intensificou em 2012, chegando a níveis muito baixos em 2013 — com uma perspectiva: o próximo movimento é para cima. Para a maioria dos envolvidos no mercado do chamado M&A, os negócios vão aumentar nos próximos 12 meses. Essa é a opinião de 52% dos entrevistados em pesquisa feita pela consultoria Mergermarket. Para 47%, o aumento vai ser suave, para 5%, vai ser significativo. O restante acredita que os níveis vão se manter (32%) ou cair levemente (16%). Ninguém acredita em uma queda acentuada.

As negociações girarão, em média, entre os US$ 101 milhões e os US$ 250 milhões, apostam 60% dos investidores, executivos e advogados que responderam à pesquisa encomendada pela Merrill Datasite, que ouviu 75 grandes players do mercado.

A diminuição de negócios nos últimos meses tem atrapalhado a vida dos escritórios. Grandes bancas, inclusive, cogitam o remanejamento de equipes do chamado M&A. Com a economia estagnada, setores como o de reestruturação têm tido uma procura maior e, assim, espaço para alocar especialistas de outras áreas para planejar, por exemplo, vendas de ativos.

Em 2010, as fusões e aquisições no Brasil movimentaram US$ 90 bilhões. Já em 2012, a quantia ficou abaixo dos US$ 60 bilhões. Nos três primeiros trimestres de 2013, não chegaram ao patamar dos R$ 40 bilhões — foi registrada uma queda de 8,7% no primeiro semestre em relação ao ano anterior.

Quem entende de fusões e aquisições, porém, está otimista. Como o Brasil é um mercado muito grande, em termos absolutos, o investidor não se afasta do país facilmente. Índia, China e Rússia, em comparação ao Brasil, têm níveis de segurança mais baixos, e os vizinhos são pequenos demais para quem quer investir no mercado de bens de consumo. Essa foi a conclusão dos especialistas presentes no lançamento da pesquisa.

A exposição otimista foi feita por Pedro Whitaker de Souza Dias, sócio do Mattos Filho; Ricardo Veirano, sócio do Veirano Advogados; Ana Paula de Castro, vice-presidente do Merrill Datasite para a América Latina; Rafael Grisolia, diretor da Inbrands; Renato Boranga, diretor do Credit Suisse; e Melissa Magnus, do BNP Paribas.

Entre os principais desafios apontados para que a indústria de bens de consumo traga mais investidores está o fato de ela ainda ser muito pulverizada, com foco muito familiar e pouca profissionalização. "Por ser um setor não regulado, essas empresas têm um ranço de informalidade, como manter empregados sem registro e não investir em balanços auditados", explica Pedro de Souza Dias. Isso, explica o advogado, faz com que as empresas não estejam 100% prontas para serem negociadas, aumentando o chamado custo Brasil.

Os profissionais da área são intolerantes e impacientes com o que se convencionou chamar de custo Brasil, mas há grandes reduções na insegurança de investidores, afirma Ricardo Veirano. Normas como a Lei de Arbitragem e a Lei de Recuperação Judicial elevaram o Brasil a um patamar atrativo para estrangeiros.

Os estrangeiros têm dificuldades, porém, em enfrentar a burocracia brasileira. É injustificável, diz Veirano, que culpemos as colonização por termos a cultura da burocracia e, em 500 anos, não tenhamos nos livrado desse fardo. "Precisamos juntar advogados, entidades como o Cesa [Centro de Estudos das Sociedades de Advogados], grupos da sociedade e apresentar um modelo ideal de burocracia", conclama.

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