Ideias do Milênio

Conflito entre rebeldes na Síria é guerra por procuração

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22 de março de 2013, 9h37

Entrevista concedida pelo cientista político especialista em mundo árabe Rami Khouri ao jornalista Silio Boccanera, para o programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30.

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Uma visão árabe sobre o que se passa no mundo árabe. Este era o objetivo da entrevista ao buscar um especialista no Líbano. No Instituto de Assuntos Internacionais na conceituada Universidade Americana de Beirute, criada no final do século XIX, encontramos o diretor do instituto, Rami Khouri, jordaniano de origem palestina, professor e colunista do jornal Daily Star, além de professor visitante em Harvard. Khouri ofereceu uma ampla visão sobre os eventos na vizinhança, que ele conhece bem, de estudos e visita in loco. A região desperta interesse especial nesses tempos de rebelião popular chamada de Primavera Árabe. Tempos de briga pela abertura política no Egito, de confronto ainda sangrento na Síria, de combates entre Israel e o movimento Hamas na faixa de Gaza, e tempos de reconhecimento aos palestinos na ONU como estado observador, embora o estado mesmo não exista.

Silio Boccanera — Você acha que a nova decisão da ONU, de reconhecer a Palestina como Estado não membro, é apenas simbólica ou tem algum efeito prático?
Rami Khouri — A votação não mudará nada na Palestina. Ela pode até piorar as coisas se os americanos suspenderem ajuda e se Israel adotar medidas punitivas. Mas, politicamente, ela é importante para os palestinos, pois reafirma mais uma vez, que eles são um povo com direito à nacionalidade, que sua terra está ali, que eles têm direito a um Estado e que a maior parte das pessoas do mundo reconhece isso. As implicações legais disso serão as mais interessantes, caso os palestinos usem esse status para, através do direito internacional, pressionar os israelenses. Talvez isso seja significativo. Eu acho que eles vão esperar um pouco antes de fazerem alguma coisa, mas isso pode ter consequências legais. Ainda assim, durante os últimos 40 a 50 anos, os israelenses têm ignorado o direito internacional. Mesmo quando são claramente pressionados por soluções do Conselho de Segurança, pela Assembleia Geral, pela Corte Internacional de Justiça ou pela Comissão de Direitos Humanos. Todas as pressões legais sobre Israel têm sido praticamente ignoradas pelos israelenses. Portanto, a probabilidade de vermos mudanças significativas é baixa. Mas há um estímulo real na política, nos aspectos simbólico e emocional. Vamos ver o que os palestinos irão fazer com isso.

Silio Boccanera — Você acha que a votação na ONU somada ao conflito recente em Gaza ajudará a aproximar um pouco mais o Hamas, o Fatah e a Autoridade Nacional Palestina?
Rami Khouri — Pode ajudar, se eles se esforçarem seriamente para isso. Os líderes do Hamas e do Fatah já falaram sobre unirem suas forças e terem de volta a integridade de um único movimento nacionalista, mas nunca fizeram isso. Não parecem levar isso muito a sério. A pressão popular para isso é forte, mas ainda não foi forte o bastante para obrigá-los a se reunirem. E a questão não é apenas ter uma única liderança nacional, mas restabelecer, revigorar e legitimar as instituições políticas nacionais de liderança do povo palestino: a Organização para a Libertação da Palestina, o Conselho Nacional Palestino, que, em parte, está em exílio, e o Comitê Executivo, que é o órgão de gabinete. Essas instituições precisam ser recriadas e legitimadas novamente, para unir todo o povo palestino. Isso inclui pessoas da Cisjordânia, da Faixa de Gaza e de outros lugares, como eu, que moro no Líbano. Eu tenho passaportes americano e jordaniano, além do direito de viver, viajar e comprar imóveis. Eu não sou privado dos meus direitos na vida cotidiana, mas há milhões de palestinos como eu pelo mundo que devem ser incluídos, e ainda há cerca de 2 milhões vivendo em campos de refugiados. E muitos deles não têm cidadania. Por exemplo, os que estão no Líbano. Todas essas comunidades palestinas precisam se tornar parte de uma única mobilização. Mas isso não aconteceu nem parece estar acontecendo. Talvez o reconhecimento da ONU e o uso de pressões legais contra Israel sejam um estímulo para isso.

Silio Boccanera — Quando falamos de grupos como a Irmandade Muçulmana, muitos no Ocidente os consideram extremistas demais, radicais, mas, quando estão no poder, eles tendem a ser mais moderados.
Rami Khouri — Exato. Mas eu não usaria a palavra "moderados". Eu não gosto dessa palavra, faz muito o estilo Condoleezza Rice, Hillary Clinton. Eles se tornaram mais realistas, mais pragmáticos, mais responsáveis. É o que acontece quando se está no governo: você adquire pragmatismo e realismo. Quando é eleito, você se torna responsável pelo funcionamento do país. Como você disse, é preciso cuidar da oferta de trabalho, fornecer água limpa, alimentos seguros, educação de qualidade, assistência médica… Essa realidade força você a ser mais pragmático e fazer acordos. A Irmandade Muçulmana, por exemplo, passou décadas criticando o FMI e o Banco Mundial. Em todos os países árabes, como a Jordânia, a Tunísia e o Egito, os governos eram criticados por fazerem acordos com o Banco Mundial e o FMI. Quando a Irmandade Muçulmana assumiu o poder no Egito, a primeira coisa que fizeram foi chamar o FMI: "Por favor, venham, precisamos de US$ 4 bilhões". E foi negociado um acordo. A mesma coisa ocorreu na Tunísia. Quando Rashid al-Ghannushi se tornou líder do Ennahda, o maior partido islâmico do país e líder do governo de coalizão. Durante anos, eles criticaram mulheres de biquíni nas praias, dizendo que era imoral. Assim que assumiram o poder, eles mudaram: “Não, tudo bem, nós precisamos do turismo e das europeias. As pessoas podem beber cerveja, tudo bem”. Esses são sinais de realismo e pragmatismo que é muito importante reconhecer. Porque o que acontece quando qualquer um chega ao poder, não só os partidos islâmicos. Pode ser um empresário, um líder islâmico, um radical revolucionário de esquerda, um autoritário de direita, não importa. Quando assumem o governo, eles mudam, deixam de ser o que eram. A Irmandade Muçulmana do Egito de hoje não é a mesma dos últimos 40 anos. É uma outra história. Eles ainda estão começando a aprender a fazer essa adaptação.

Silio Boccanera — Você também vê essa transição acontecer com os grupos islâmicos que assumiram uma voz mais ativa, com mais luta armada e violência? Você acha que, à medida que o tempo passa, eles tendem a se tornar mais práticos?
Rami Khouri — Você se refere a grupos como a Al-Qaeda?

Silio Boccanera — A Al-Qaeda e suas ramificações.
Rami Khouri — Não. Eles são diferentes. Eles não estão sujeitos ao pragmatismo.

Silio Boccanera — Por quê?
Rami Khouri — Eles são um grupo criminoso muito pequeno, semelhante a uma seita, que usa o Islã como ideologia, para mobilizar as pessoas, mas não estão interessados no processo político. Eles não falam de medidas políticas. Eles não têm uma lista de exigências como o Hamas. Eles só querem mandar os estrangeiros embora e administrar a sociedade segundo as leis do Islã. É algo muito vago, ninguém sabe o que significa. Eles não estão sujeitos a esse tipo de análise. E, aos poucos, eles irão desaparecer. A menos que os islâmicos no poder, hoje, fracassem totalmente. E que todo mundo fracasse. Aí eles até poderiam emergir como uma ideologia atrativa para as massas, mas eu duvido, porque não é uma estratégia realista. Eles usam, essencialmente, o terrorismo. Há pequenos bolsões desses movimentos surgindo no Egito, na Palestina, na Síria e em outros lugares, e é possível que eles cresçam, mas nunca se tornarão uma força importante.

Silio Boccanera — Você mencionou a Síria, onde há relatórios que afirmam que eles têm atuado. O que não significa, obviamente, que o conflito ocorrendo lá esteja relacionado a eles. É apenas um elemento a mais. Mas essa rebelião contra o regime está em um estágio muito crítico, não? E ela tem trazido consequências muito sérias. O que você acha que irá acontecer agora?
Rami Khouri — É a maior guerra por procuração desde o Vietnã, em minha opinião, porque os russos, os chineses, os iranianos e outros estão na linha de frente apoiando…

Silio Boccanera — Diferentes grupos.
Rami Khouri — Bem, os russos, os chineses, os iranianos e outros apoiam o governo Assad, enquanto alguns aprovam os rebeldes, contra Assad. Mas está se tornando uma enorme guerra por procuração, pois inimigos locais lutam entre si através de seus aliados na Síria e inimigos internacionais fazem a mesma coisa. Isso torna tudo muito mais complicado. Basicamente, o governo é uma milícia de Bashar al-Assad, não é muito mais do que isso. Eles tentam desesperadamente atingir alvos no país todo e estão perdendo a batalha, porque a oposição está fortalecendo, controlando mais partes do território, o governo está encolhendo, e eu diria que é questão de meses ou menos, até o governo cair. O problema é a extensão e a natureza da violência sectária somada ao envolvimento de outros grupos na luta, especialmente os salafitas, que chegou a um ponto em que os próprios membros da oposição estão ficando preocupados: “Se Assad cair amanhã, como será a transição?” Eles conseguirão ter um sistema de governo nacional unificado, democrático e pluralista, ou haverá muito pressão dos islâmicos? Ocorrerá uma fragmentação do país, segundo grupos religiosos e étnicos, como os curdos exigindo autonomia, ou os alauítas? Há uma grande preocupação quanto ao que acontecerá após a queda de Assad. Na minha opinião, o sírios têm uma tradição de nacionalismo unificado secularista que irá lhes permitir fazer uma transição nos moldes da egípcia e da tunisiana.

Silio Boccanera — Você acha que há alguma chance de isso afetar o Líbano?
Rami Khouri — Isso já aconteceu. Afetou o Líbano, a Jordânia, a Turquia e, talvez, o Iraque. Já está acontecendo isso. Todos estão cientes disso e tentam limitar isso. Ninguém é burro o bastante para permitir que seu país, seja o Líbano, a Jordânia, ou a Turquia, se torne procurador de uma guerra por procuração. Eles não permitirão que isso se torne uma tensão política séria ou uma questão militar. Há pequenos incidentes nas fronteiras. O Líbano já vivia tensões políticas antes da guerra civil na Síria. As tensões no Líbano foram um pouco agravadas pela Síria, mas não criadas por aquele país. Há grupos lutando na cidade libanesa de Trípoli, a classe política está bem dividida entre os grupos que apoiam e os que não apoiam o governo sírio. Mas isso já existia antes. Não acho que o conflito sírio afete muito o Líbano, apenas agrava tensões já existentes, que estão presentes há anos.

Silio Boccanera — A primavera Árabe ocorreu em vários países, mas há também as nações do Golfo Pérsico. Pareceram ocorrer algumas pequenas rebeliões nessa região, mas não ouvimos mais falar delas. Elas ainda ocorrem?
Rami Khouri — Ocorrem e você descreveu bem. São pequenos movimentos e eles continuaram assim. Não há um movimento revolucionário, de insurreição, como aconteceu no Egito, na Tunísia ou na Líbia. Se analisarmos a Argélia, o Marrocos, o Sudão, a Jordânia, Omã, Kuwait e outros países, até mesmo a Arábia Saudita, todos eles têm sinais de descontentamento. Há sérias insatisfações por parte dos cidadãos, em diferentes campos: econômico, social, político, sectário… são insatisfações diferentes, mas reais, expressas de maneira relativamente discreta, mas aberta. Eles pedem algumas reformas na maneira como o governo exercita seu poder. E a maior parte desses países é monarquista, e a cultura monárquica é um pouco diferente. A natureza da legitimidade do regime é diferente, e a extensão do sofrimento dos cidadãos também é. Então, não é tão ruim quanto o que Mohamed Bouazizi sentia na Tunísia, compartilhado por centenas de milhões de árabes, que é esse sentimento de completa marginalização, vulnerabilidade, desumanização, subjugação, falta total de direitos de cidadania, uma total impotência como cidadão em seu país. Isso fez Mohamed Bouazizi, em 17 de dezembro de 2010, atear fogo no próprio corpo, dando início à Primavera Árabe.

Silio Boccanera — Quando a Primavera Árabe começou, você ficou surpreso por ela ter se iniciado naquele momento?
Rami Khouri — Não me surpreendeu nem um pouco. Na verdade, eu escrevi um artigo três ou quatro meses antes dizendo que a tendência no mundo árabe. Naquele mesmo mês, no começo de dezembro de 2010, eu escrevi que a tendência no mundo árabe, que as pressões econômicas, sociais e políticas estavam insustentáveis, e que algo iria acontecer. Ninguém sabia o que ia acontecer, mas eu não fiquei nem um pouco surpreso. Não há como prever onde essa fagulha vai surgir. Por que um indivíduo assume essa posição, dá esse passo, qualquer que seja ele? E por que milhões de outras pessoas o acompanham? Eu acho que não há resposta à pergunta de por que naquele momento. Foi apenas a química de um indivíduo que chega a um ponto tal de desumanização em que ele se dispõe a arriscar a própria vida.

Silio Boccanera — Ele não tem nada a perder.
Rami Khouri — Porque sua vida não vale a pena. Eles arriscam a vida para dizer a todos que não podem continuar vivendo assim e isso não se aplica apenas a eles, mas à sociedade toda. Mouhamed Bouazizi, naquela tarde, chegou a um ponto em que foi tratado como menos que um ser humano. Uma policial confiscou seu carrinho de legumes, então ele não tinha como se sustentar. Ele foi à sede do governo regional, mas o mandaram embora, pois ele não tinha direito nenhum e ninguém o ouviria. Assim, ele teve seus direitos materiais negados pela policial e os políticos e humanos negados pelo governo. Foram dois representantes de seu governo, em sua cidade. Não foi o exército americano, um colono israelense ou as forças especiais britânicas. Foi seu governo que, por duas vezes, o desumanizou, tratando-o como lixo, sem direitos. Ele não existia, não tinha voz, era um homem invisível, não era um ser humano. Na própria cidade, ele ouviu isso duas vezes e perdeu a cabeça, imagino. Deve ter pensado: “se é assim que vou ser tratado, então este é meu protesto”. E foi um gesto de desafio e de desespero, mas, também, de autoafirmação. Eu acho que ele queria dizer: “Eu não estou impotente. Eu posso tomar uma posição. O governo não quer me ouvir? Pois ele vai me ouvir se eu assumir essa posição”. E quando ele fez isso, milhões de outras pessoas, na mesma hora, se identificaram com ele.

Silio Boccanera — E o papel do Irã nisso tudo?
Rami Khouri — O Irã está em uma situação muito complexa no mundo árabe. A maioria dos regimes se opõe a ele, grande parte das populações o apoia, exceto nos países do Golfo. E ele tem muito pouco espaço da manobra. Seu aliado mais próximo, a Síria, está prestes a ser derrubado, o que causará problemas a eles. Seus laços com o Hamas enfraqueceram um pouco. A principal relação deles será com o Hezbollah e a maior parte dos xiitas árabes está deixando claro que é da Arábia. Eles não são iranianos e, sim, árabes que são xiitas e os laços xiitas com o Irã são religiosos, não políticos ou de nacionalidade. Isso ficou muito claro na Guerra Irã-Iraque e em outros lugares. O Irã tem uma boa-vontade potencial e laços com o mundo árabe, mas não pode ser um grande ator político. O Irã é forte, rico, mas extremamente restrito, com as sanções que vem sofrendo e outras pressões, muitos iranianos não apreciam o sistema baseado no “Velayat-e Faqih” e gostariam de mudá-lo. Eu visitei o Irã em 2011, pela primeira vez, e vi as coisas. E há, claramente, grandes tensões na sociedade, principalmente geracionais, mais do que quaisquer outras. A maioria dos iranianos de menos de 40 anos não faz ideia do que foi a Revolução Islâmica, não se identifica com ela, não gosta desse autoritarismo religioso. Então, há um problema no Irã que se manifestou nas duas eleições de Mohammad Khatami, no Movimento Verde e em outras manifestações. Eles também precisam analisar a própria situação e tomar cuidado. Mas eu acho que o Irã está na mesma situação que a URSS estava na década de 1980. Eles parecem fortes e poderosos, mas, no fundo, há tensões reais. Eu não sei como eles resolverão isso.

Silio Boccanera — E Israel? Você acha que eles parecem um pouco confusos, sem saber o que fazer?
Rami Khouri — Acho que, se você observar as três grandes forças que não são árabes na região, Turquia, Israel e Irã, todas elas estão tentando entender o que acontece lá, e nenhuma delas tem certeza do que deve fazer. Eu acho que os israelenses perderam uma oportunidade de se comprometer com o mundo árabe, de uma forma mais construtiva para os dois lados, através da Primavera Árabe. Uma das alegações de Israel para defender sua legitimidade e seus direitos políticos na região era a de ser a única democracia no mundo árabe. Eles dizem isso o tempo todo, principalmente ao Ocidente. E, se é assim, se a democracia é algo tão maravilhoso, eles deveriam apoiar as democracias árabes e negociar algum tipo de acordo de paz razoável, que eu acho possível. Mas eles perderam essa oportunidade. Eles não entenderam o que estava acontecendo, tiveram medo dos islâmicos e queriam garantir que o acordo de paz com o Egito fosse respeitado. Eles tiveram uma reação ambivalente. Eu acho que eles estão bem confusos. Eles ainda confiam na força militar como principal ferramenta de comprometimento com os palestinos e com os libaneses, até certo ponto. O problema é que a vantagem militar deles está diminuindo ao longo dos anos. Se analisarmos os últimos conflitos em Gaza, os últimos ataques mútuos, os palestinos, como o Hamas e outros grupos islâmicos envolvidos na resistência militar, tiveram maior competência técnica. Eles conseguiram proteger seus lançadores de mísseis, atingir áreas mais internas de Israel, com maior precisão, atingir Tel Aviv e as regiões adjacentes. Ainda que o Iron Dome [sistema de defesa aérea] tenha derrubado vários mísseis, não conseguiu abater todos e os palestinos puderam continuar lançando mísseis por mais oito dias. Isso é sinal do uso de tecnologias mais sofisticadas e da vontade política de continuar lutando, se for preciso. E o fato se repetiu com o Hezbollah. E isso vai continuar. Isso está aumentando e não diminuindo. Os israelenses precisam acordar para o fato de que sua superioridade militar não é mais tão importante assim. Ela foi, nos últimos 10, 20, 30 anos, mas as coisas, agora, estão diferentes. Os israelenses precisam entender que eles têm um problema político com os árabes. E que precisa ser resolvido de maneira política, não militar. A Primavera Árabe e as rebeliões deveriam ser uma oportunidade para Israel se comprometer com os governos árabes que melhor representam a opinião de suas populações. Isso é que é importante, e vimos isso no Egito. Os egípcios, liderados por Mursi, realizaram trocas de prisioneiros no início de 2012 e entraram num acordo de cessar-fogo. Esses são sinais importantes de uma liderança de outra natureza no mundo árabe diante dos israelenses e palestinos. E eu acho que é uma oportunidade que os israelenses, os americanos e os ocidentais deveriam aproveitar. Mas isso ainda não aconteceu. Teremos que esperar.

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