Criador da Veja

Morre Roberto Civita, presidente do Grupo Abril

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27 de maio de 2013, 13h13

Morreu neste domingo (26/5), em São Paulo, o presidente do Conselho de Administração do Grupo Abril, Roberto Civita, 76 anos, devido à falência de múltiplos órgãos, depois de três meses internado para a correção de um aneurisma abdominal.

Civita assumiu o Grupo abril nos anos de 1990, com a morte do pai Victor Civita. Nascido em Milão, na Itália, ele morou em Nova York, nos Estados Unidos, de 1939 a 1949. Em seguida mudou-se para para São Paulo. Depois de interromper o curso de Física Nuclear na Universidade Rice, no Texas, fez Jornalismo e Economia na Universidade da Pensilvânia.

Roberto Civita foi o criador da revista Veja e editor-chefe desde seu lançamento, em 1968. O texto publicado pelo site da revista Veja, sobre a morte de seu fundador, mostra características de Civita. “Gosto de ser editor e o que eu sei fazer é revista”, dizia. Civita participou intensamente das experiências pioneiras que resultaram no lançamento de Realidade, Exame, Quatro Rodas e Playboy.

“Ninguém é mais importante que o leitor, e ele merece saber o que está acontecendo”, lembrava aos recém-chegados. Para ele, o Brasil só conseguiria atacar com eficácia seus muitos problemas se antes aperfeiçoasse o sistema educacional, modernizasse o capitalismo nativo, removesse os entraves à livre iniciativa e consolidasse o estado democrático de direito. “O que Veja defende, em essência, é o cumprimento da Constituição e das leis”, repetia.

O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL) lamentou a morte de Civita e destacou a importância do jornalista. “Roberto Civita foi um democrata por convicção e um empreendedor por natureza. Sua incessante busca pela liberdade de imprensa e compromissos com o Brasil tornaram a editora Abril, sob sua direção, em um dos maiores conglomerados de informação da América Latina. O Grupo, que diversificou sua atuação em função da visão empresarial de Roberto Civita, perdeu seu grande mentor e o Brasil perdeu um grande incentivador da liberdade, da democracia e da pluralidade. Tenho convicção de que seus herdeiros e sucessores saberão multiplicar seus compromissos com a liberdade de expressão."

Marcos da Costa, presidente da seccional paulista da Ordem dos Advogados do Brasil, destacou a contribuição de Civita como empresário do ramo editorial: “Roberto Civita é de uma geração importante de jornalistas e empreendedores, que deixou para o país um legado importante de publicações, que mudou a imprensa brasileira e contribuiu para o debate na sociedade brasileira”, disse.

A Associação dos Magistrados Brasileiros também lamentou o ocorrido. Em nota, o presidente da entidade Nelson Calandra, afirma que a formação eclética de Civita “refletida na qualidade das publicações do grupo, auxiliou na construção de um jornalismo sólido e respeitado internacionalmente. Perdemos um dos grandes talentos do jornalismo do país, cujo trabalho contribuiu para que alcançássemos patamares elevados de democracia. Roberto Civita deixa para as futuras gerações a responsabilidade com o jornalismo ético, atento às novas demandas sociais e, sobretudo, com informações de qualidade”.

Roberto Irineu Marinho, presidente das Organizações Globo, disse que "Roberto Civita deu uma contribuição ímpar ao jornalismo brasileiro. Com espírito inventivo, Civita soube ver que no Brasil havia espaço para inovação no campo das revistas e, entre muitos títulos, brindou os leitores com Veja e Exame, que fizeram e fazem história em nosso país. Civita foi um defensor intransigente da liberdade de expressão — jamais deixando de advertir que, sem ela, não há cidadania plena. Ele deixa o legado de um jornalismo independente, inteligente e a serviço do público, como deve ser”.

Paul Skaf, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) disse que a morte de Civita deixará um grande vazio. “Homem de inabaláveis convicções democráticas, Civita esteve na vanguarda não apenas da defesa da liberdade de imprensa, mas também na edificação de valores republicanos fundamentais. O Grupo Abril, que edita Veja entre outras tantas revistas de grande sucesso, muitas delas criadas pessoalmente por Roberto Civita, perde um grande editor e o Brasil, um de seus mais corajosos jornalistas".

O presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, lembra que Civita foi um vitorioso em múltiplos desafios. “Como empresário e empreendedor, foi um entusiasta com o Brasil e seu potencial. Como editor, um apaixonado pelo conteúdo de suas publicações. Seus títulos são relevantes e influentes na economia, na política e no comportamento social. Mas também destaque na proposta de educar e de oferecer entretenimento”.

Roberto Setubal, presidente do Itaú Unibanco, destacou que Civita foi um defensor da livre iniciativa e da educação. “Além de liderar com brilhantismo o Grupo Abril, um dos mais importantes conglomerados de comunicação na América Latina, Civita foi também um defensor da livre iniciativa e da educação, fundamentais para o desenvolvimento sustentável do nosso país. Sem dúvida, Roberto Civita deixa o importante legado de ter contribuído enormemente para o Brasil ter atingido uma democracia plena.”

José Serra (PSDB), ex-governador de São Paulo, afirmou que Roberto Civita “foi um notável jornalista e um interlocutor generoso para ouvir e também para expressar seus pontos de vista. Roberto Civita tinha coragem moral, ousadia empresarial e grande capacidade para o diálogo."

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) classificou Civita como um home de coragem e vanguarda. “Tinha amor pelo Brasil, obsessão pela verdade e crença inabalável na liberdade de imprensa. Ao idealizar e criar publicações como Veja, maior revista de informação semanal fora dos Estados Unidos, deu uma contribuição inestimável à construção da democracia brasileira.”

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) também lamentou a morte. “Roberto Civita foi um dos mais extraordinários homens que conheci. Defensor intransigente da democracia, amava como poucos o Brasil. Roberto viveu e morreu sem perder a capacidade de sonhar. Seu sonho era ver o Brasil investindo na educação de qualidade para que pudéssemos construir um futuro melhor. O Brasil perde um idealista e eu perco um amigo querido”, disse em nota.

Em nota, a presidente Dilma Rousseff, lamentou a morte do empresário. “Sob o seu comando, a Editora Abril, consolidou-se como uma referência”, disse.

O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes também prestou homenagens a Civita. "Roberto Civita, um brasileiro de coração e alma, dedicou-se não somente a contar a história contemporânea do país mas também ajudou a fazê-la cotidianamente, sobretudo no suporte que deu à informação de qualidade. O sólido legado que nos deixa — em favor da liberdade de imprensa e da causa maior da educação — bem como a certeza da continuidade de tão denso trabalho haverão de nos consolar diante de perda das mais lastimáveis", afirmou o ministro.

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