Reajuste semestral

Mackenzie demite 15% dos professores de Direito

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13 de junho de 2013, 20h58

Até a sexta-feira (21/6), a Faculdade de Direito do Mackenzie pretende demitir 15% de seu quadro de professores. Não foram divulgados nomes nem números, mas os já ex-integrantes do corpo docente afirmam que serão desligadas 35 pessoas do quadro total de professores do curso e as demissões serão diárias até o dia 21, último dia letivo do semestre.

Embora confirme os cortes, a universidade afirmou que eles fazem parte de uma “realocação normal”.  De acordo com a assessoria de imprensa da universidade, a intenção é reorganizar as matérias e concentrá-las nas mãos de menos professores. A faculdade de Direito informa que há disciplinas sob responsabilidade de três ou quatro docentes.

O diretor da faculdade de Direito, José Francisco Siqueira Neto, disse à revista Consultor Jurídico que os cortes fazem parte de uma “reestruturação normal de fim de semestre”. Siqueira não quis dar mais detalhes para evitar que os demitidos fossem informados pela imprensa, já que o processo de demissões ainda não acabou. Comenta-se na faculdade que alguns professores, principalmente os juízes e membros do Ministério Público, só conseguem tempo para dar uma ou duas aulas por semana. A intenção dos cortes, então, seria aproveitar mais o corpo docente e abrir mão daqueles que não têm condições de assumir cargas horárias maiores.

Mas essa versão não é unânime. Alguns professores afirmam que os cortes fazem parte de uma “limpeza ideológica” do curso de Direito. Alegam que, depois de dois anos no cargo, o reitor da universidade, Benedito Guimarães Aguiar Neto, indicou às diretorias apenas professores alinhados com sua ideologia política.

“A versão oficial é que estão fazendo cortes administrativos em função de excessos, mas o direcionamento ideológico é evidente. Estão indo embora magistrados, promotores, procuradores, procuradores do Estado, pessoas que não se sujeitam a esse tipo de viés, que é bem petista, com vinculações claras”, afirmou à ConJur um professor, que preferiu não ser identificado.

Os cortes tornaram-se públicos por causa da demissão do promotor de Justiça Rogério Leão Zagallo, que dava aulas de Processo Penal no Mackenzie. Ele mesmo contou a seus alunos que a faculdade não renovou o contrato. A notícia da demissão veio na mesma semana em que, em sua página no Facebook, chamou pessoas que protestavam contra o aumento da passagem de ônibus em São Paulo de bugios, causou polêmica.

Por causa do episódio, Zagallo se viu obrigado a pedir desculpas e apagar o que falou antes. Todos os ouvidos pela reportagem negaram a existência de qualquer relação entre a demissão e o episódio no Facebook.

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