Poder de filtrar

Comissão quer demissão de filho de general da Abin

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9 de junho de 2013, 14h27

O presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, defendeu neste domingo (9/6) a demissão do diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ronaldo Martins Belham, por suas ligações familiares com o general da reserva José Antonio Nogueira Belham. O seu pai foi chefe do Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro na época em que ex-deputado-federal Rubens Paiva foi assassinado, em 1971, após ser preso e levado para o departamento.

Segundo Damous, a nomeação de Ronaldo Belham para cargo de diretoria da Abin é, no mínimo, inconveniente. "Ainda que ele nada tenha a ver com os episódios, hoje sob investigação, de torturas e desaparecimentos ocorridos à época da ditadura, a sua suspeição é evidente pelas funções que exerce atualmente". O filho do ex-chefe do DOI-Codi, detém o poder de filtrar e impedir que informações que receba daquele período venham a público, tendo em vista que o seu pai pode estar envolvido naqueles episódios.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV) já publicou documento em que atesta que o general Belham recebeu, quando chefiava o DOI-Codi do Rio de Janeiro, dois cadernos de anotações que pertenciam a Rubens Paiva. O nome de Belham aparece escrito de caneta na folha amarelada como o responsável por receber o material. O subcomandante era o major Francisco Demiurgo Santos Cardoso. O documento que desmontou a versão do Exército foi encontrado, no fim do ano passado, pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul na casa do coronel da reserva do Exército Julio Miguel Molinas, já falecido.

A CNV tenta localizar o general da reserva Belham para que ele possa ser ouvido e explicar as circunstâncias da madrugada de 20 de janeiro de 1971.

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