Araponga no quintal

EUA fazem escutas ilegais desde os anos 1980

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9 de julho de 2013, 19h18

Acervo pessoal
Depois de 19 anos como assessor de imprensa da embaixada americana em Brasília, o jornalista Luís Lima (foto) tinha uma história para contar. A representação diplomática dos Estados Unidos instalara poderosas antenas sobre o telhado do prédio, em uma extensão de quase 50 metros, para interceptar as comunicações do governo brasileiro. Os aros de três metros de altura, entrelaçados, foram dispostos em diagonal de forma que uma face da antena ficava voltada para o Palácio do Planalto e para a Esplanada dos Ministérios. A parte de trás apontava para a embaixada da então União Soviética.

Isso foi em 1985, quando a internet era uma rede acadêmica restrita e a privacidade das pessoas e das nações um bem, aparentemente, mais preservado. Hoje, como revelou o jornal O Globo, as coisas estão bem diferentes (leia a reportagem sobre o esquema de arapongagem dos Estados Unidos no Brasil).

Na ocasião, nem o Palácio do Planalto, nem o Serviço Nacional de Informações, o Itamaraty ou a Polícia Federal quiseram se manifestar sobre a flagrante infração à Convenção de Genebra: a de promover escutas dentro de um país sem autorização formal do governo desse país. Autorização formal não existia, mas a permissão parecia tácita naquele momento — já que o governo brasileiro, taticamente, evitou o vespeiro.

As revelações do ex-agente da CIA, a central de inteligência dos Estados Unidos, Edward Snowden, mostram que a prática americana de espionar todo mundo, continua mais intensa do que nunca. Segundo Snowden, o governo dos Estados Unidos, em conluio com as empresas de telecomunicações, monitora as comunicações telefônicas e telemáticas de milhões de cidadãos americanos e estrangeiros.  Mas os métodos mudaram. As antenas que ornamentavam o teto do prédio da embaixada americana em Brasília desapareceram, como se pode ver numa imagem recente do Google: 

 

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