Além da audiência

Governo concentra verba de publicidade em 20 sites

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4 de julho de 2013, 14h53

Dos R$ 95,6 milhões gastos pelo governo federal com propagandas em internet em 2012, 69% foram destinados a apenas 20 sites. Os dados foram divulgados pela ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), Helena Chagas, ao site Viomundo. Na entrevista Helena Chagas afirmou que há quase 9 mil sites cadastrados na Secom e que o critério utilizado para aplicação das verbas é a audiência, o mesmo utilizado desde a época do ministro Franklin Martins (2007-2011).

Porém, um levantamento feito pelo portal UOL mostra que o governo não segue à risca este critério. Em reportagem, o UOL comparou os recursos gastos pelo governo com os 20 sites que mais recebem verbas publicitárias com a audiência medida pelo Ibope em 2012. Diferente do defendido pela ministra, os sites com maiores audiências não foram os que mais receberam verbas.

O Facebook, líder em audiência no Brasil e no mundo, foi o oitavo no ranking de verbas do governo (recebendo R$ 3,3 milhões). A situação do Facebook praticamente se inverte com a do portal Terra: a publicação foi a que mais recebeu dinheiro do governo (R$ 9,8 milhões), mas fica em sétimo lugar no ranking de audiência do Ibope.

A presença de alguns sites alinhados à orientação política do governo federal na lista dos 20 que mais recebem verbas oficiais chama atenção para um possível critério político. 

Com 48 milhões de visualizações em 2012, o blog Conversa Afiada, do apresentador Paulo Henrique Amorim, recebeu R$ 628 mil do governo. Mais que o site Bolsa de Mulher, voltado especificamente para o segmento feminino e que possui uma média de 11 milhões de visitas por mês e recebeu R$ 580 mil.

Já o site da revist a Carta Maior recebeu R$ 830 mil do governo. A revista eletrônica Consultor Jurídico, que possui uma média de visitação quatro vezes maior, recebeu R$ 230 mil para veicular publicidade da Caixa Econômica Federal e do Ministério das Cidades. O site participou também, sem nada cobrar, de campanhas institucionais promovidas pelos ministérios da Justiça e da Saúde. De acordo com dados do Google Analyitcs a ConJur teve uma média de 3,5 milhões de visualizações por mês em 2012.

Fecha a lista dos que mais receberam do governo o site Opera Mundi. Com uma média mensal de 500 mil visualizações, o site recebeu em 2012 mais de R$ 570 mil em verbas publicitárias.

Questionada pela reportagem do UOL sobre o assunto, a Secom prestou o seguinte esclarecimento: “A audiência é, sim, o principal critério norteador da programação publicitária para qualquer veículo de comunicação, incluindo sites e blogs, por parte do governo federal, administração direta, indireta e estatais. A relação dos veículos do meio internet com os maiores valores planejados para as ações publicitárias em 2012 segue este critério. Porém, esta lista pode também ser influenciada pelas especificidades e necessidades de comunicação de cada órgão do governo federal e do volume de recurso de cada órgão destinado às ações de publicidade do meio internet, o que interfere no ranking final. Não se espera de uma campanha destinada a estimular o aleitamento materno, por exemplo, o mesmo perfil de veiculação de uma campanha de estatal destinada a promover um tipo de óleo lubrificante”.


Site Verba publicitária  Média de audiência (visualizações)
Terra R$ 9,8 milhões  1,9 bilhão 
UOL R$ 9,7 milhões  4,6 bilhões 
MSN R$ 9 milhões  5,7 bilhões 
Globo.com R$ 7,7 milhões  3 bilhões 
IG R$ 5,7 milhões  1,8 bihão 
Yahoo R$ 4,9 milhões  3,2 bilhões 
R7 R$ 4 milhões  819,9 milhões 
Facebook R$ 3,3 milhões  39 bilhões 
Viajeaqui Online R$ 1,7 milhão  3,7 milhões 
Estadão.com R$ 1,4 milhão  85,8 milhões 
Casa.com R$ 1,37 milhão  15,5 milhões 
EBand R$ 1,31 milhão  43 milhões 
Google R$ 968 mil  12 bilhões 
Carta Maior R$ 830 mil  808 mil 
Hotwords R$ 829 mil  1,2 mihão 
Folha Online R$ 780 mil  127,2 milhões 
Conversa Afiada R$ 628 mil  4 milhões 
Abril.com R$ 586 mil  251,7 milhões 
Bolsa de Mulher R$ 580 mil  11,4 milhões 
Ópera Mundi R$ 573 mil  514 mil 
(…)    
ConJur R$ 230 mil  3,5 milhões 

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