Rotatividade de advogados

Escritório paga caro por não ter plano de retenção

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19 de janeiro de 2013, 6h22

Se você é sócio ou associado de um escritório jurídico já deve ter observado o quanto a rotatividade de advogados vem aumentando na última década. Antigamente era comum profissionais atuarem por 10, 20, 30 anos na mesma banca. Hoje ao entrevistar candidatos à vagas de advogado júnior ou pleno o comum é ouvir que trabalharam por 2 anos nos escritório tal e logo foram buscar “novos desafios”. Como se deu essa rápida mudança de perspectiva e por que ela ocorre? Proponho que pensemos sobre as causas.

Faça você, antes de ler os argumentos abaixo, uma reflexão sobre o que motiva um profissional a querer sair de um escritório em que já atua, para buscar trabalho em um concorrente. O que faria você querer buscar os tais “novos desafios”?

Pensou? Então começarei com o que julgo ser um dos pontos principais no sentido de evitar o fenômeno, chamado no meio corporativo, de turnover: a boa contratação! Quem faz as contratações do meu escritório? O que você quer exatamente deste profissional? Quais as habilidades essenciais para exercer tal tarefa? Você sabe avaliar estas habilidades? Esse candidato possui as habilidade certas para a função? Se não, você pode ajuda-lo a desenvolvê-la?

Tais perguntas parecem óbvias ao se contratar alguém, mas nem sempre são! O volume de trabalho, a emergência de se ter alguém que conclua prazos e defesas muitas vezes é tão grande, que tais questões passam despercebidas.

Outra falha comum dos selecionadores-advogados, na ansiedade de contratar um bom profissional é a de “mentir” ou “omitir” algumas informações sobre o escritório, acabam por fazer promessas que nunca se tornarão realidade, ou seja, o novo contratado só saberá onde está mergulhando depois de pular.

A grande armadilha na contratação de advogados. Apostar na alta oferta de advogados no mercado e pagar um salário de mercado, ou exercer uma remuneração diferenciada a partir das competências, com foco em uma estratégia de retenção? Se você não investe… seguramente o escritório concorrente investirá.

Na sequência mais um fator complicador: falta de treinamento adequado.

Mostrar onde fica a impressora e a máquina de café, não é treinamento, nem integração. Integrar e treinar um novo colaborador deve ser feito de maneira ordenada e planejada, tudo que lhe é falado/explicado nos primeiros dias de trabalho no escritório, lhe dará a noção da cultura da empresa, de como a diretoria, os pares e os subordinados se relacionam, o que pode e o que não pode ser feito, etc.

Um outro item a ser repensado: propósito/estratégia do escritório.

O escritório deve possuir um planejamento estratégico, englobando cada um de seus contratados, traçando metas claras e bonificações justas para quando cada uma das metas for alcançada, assim todos saberão para onde estão indo, e se realmente querem seguir por esse caminho.

Dar voz e ouvir o seu advogado faz diferença na hora de gerir uma equipe de sucesso.

Já que estamos falando de metas… a melhor forma de atingir metas é através do trabalho em equipe. Porém nem sempre se trabalha em equipe nos escritórios jurídicos. Muitas vezes são 8 advogados dividindo apena as mesma sala, mas não os mesmos problemas, as mesmas metas e as mesmas bonificações. Muitas vezes temos associados que prestam serviço para um dos sócios do escritório e não para o escritório em si. Isto não é trabalhar em equipe!

Privilegiar alguns poucos colaboradores pode fazer com que o resto de sua equipe tenha vontade de mandar o currículo para a primeira vaga que aparecer: “Por que trabalho tanto e não sou recompensado? Já o Fulano foi indicado por Beltrano e tem todas as mordomias…”, se o seu advogado está pensando assim, é porque você possui uma política de favoritismo e não meritocrata. Nem é preciso dizer que o tiro aqui, sairá pela culatra.

Você pode me dizer: “Conheço muitos escritórios que atuam de acordo com todos os pontos tratados até agora, mas mesmo assim, sofrem com o turnover”

Isso porque a falha pode estar na intercomunicação! Dar voz e ouvir o seu advogado faz diferença na hora de gerir uma equipe de sucesso. Só o colaborador poderá lhe dar um panorama real de como suas políticas de gestão estão funcionando de fato. Se a diretoria não ouvir o que a equipe tem a dizer, o caminho para o crescimento e o sucesso estará bloqueado.

Você percebe que cada item citado forma uma cadeia de eventos?

Todos estão interligados como em uma corrente onde cada elo é vital. O que vemos por ai é que os escritórios as vezes buscam arrumar um ou outro elo, quando o que precisam e de uma corrente nova. E a construção dessa nova corrente pode ser conhecida também por: planejamento estratégico.

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