Profissão encurralada

Novo presidente da OAB-RJ pede respeito a advogados

Autor

22 de fevereiro de 2013, 12h05

As autoridades precisam respeitar os advogados e a OAB precisa ser indutora de crescimento e ação. Esse foi o tom do discurso do novo presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, feito na noite desta quinta-feira (21/02), durante a solenidade de posse dos conselheiros seccionais, presidentes de subseções e representantes da Ordem fluminense no Conselho Federal, além da diretoria da Caixa de Assistência dos Advogados (Caarj) para o triênio 2013-2015.

Em um Theatro Municipal lotado — cedido gratuitamente pelo governo do estado do Rio —, Felipe Santa Cruz, de 40 anos, disse que os advogados exigem “o respeito das autoridades constituídas, do Ministério Público, da Defensoria, dos magistrados, dos servidores da Justiça e de toda a sociedade”.

Para ele, os advogados exercem papel fundamental na construção da democracia, mas, mesmo assim, ainda são obrigados a passar por "provações" durante o exercício diário da profissão. “Definitivamente, advogar não é profissão para fracos. As lutas diárias testam a vocação de cada colega. Todos os dias são filas, morosidade, processo digital sem mundo digital e ofensas de toda sorte que fazem do exercício profissional um verdadeiro sacerdócio”, criticou. 

Bastante aplaudido, o ex-presidente da seccional e atual conselheiro federal pelo Rio Wadih Damous deu ênfase à atuação de Santa Cruz à frente do Departamento de Apoio às Subseções e da Caarj (Caixa de Assitência ao Advogado) entre os mandatos de 2007 e 2012, durante sua gestão. "Felipe participou ativamente dos meus dois mandatos. Ele conhece os caminhos da nossa administração como ninguém. Além de ser um grande advogado, é uma liderança nata", elogiou.

“Analógicos e digitais”
O novo presidente da OAB-RJ lembrou da responsabilidade de representar 130 mil advogados “digitais e analógicos”, numa referência ao cronograma de implantação do processo eletrônico, já iniciado pelo Tribunal Regional do Trabalho do Rio e que tem sido alvo de críticas dos advogados fluminenses e da própria OAB-RJ. Após insistir no respeito ao direito de acesso “dos advogados e da população” ao peticionamento eletrônico, Santa Cruz reconheceu, no entanto, o bom diálogo que vem mantendo com o presidente do TRT-1, Carlos Alberto Drummond, que estava presente ao evento.

O tema foi abordado ainda no discurso do presidente do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Coêlho, que destacou a necessidade de os tribunais implantarem o peticionamento eletrônico com um "cronograma facilitado para os advogados". Ele ressaltou, ainda, a importância da defesa dos direitos dos colegas. "Sem um advogado forte, com suas prerrogativas respeitadas, não teremos uma sociedade fortalecida", completou.

O diálogo com os Poderes Executivo e Judiciário também permeou os discursos do chefe da Casa Civil, Regis Fichtner, e da presidente do Tribunal de Justiça do Rio (TJ), Leila Mariano. Enquanto o representante do governador Sérgio Cabral disse que "o governo do estado está à disposição para parcerias", a desembargadora afirmou que "as portas do tribunal estão abertas para as críticas dos advogados".

Ex-colega de movimento estudantil do novo presidente da OAB-RJ, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) recordou a participação efetiva da Ordem no movimento dos "caras-pintadas", que foi às ruas pedir o impeachment do presidente Fernando Collor de Melo, em 1992. O senador citou também a luta contra a ditadura militar e, mais recentemente, a campanha lançada pelo ex-presidente Wadih Damous que culminou com a criação da Comissão da Verdade, que investiga os crimes cometidos durante o regime militar.

"A história da OAB se confunde com a da sociedade pela liberdade de expressão", afirmou o senador.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!