Por caricaturas de Maomé, jornal francês é processado
19 de setembro de 2012, 18h07
O semanário francês Charlie Hebdo recebeu nesta quarta-feira (19/9) uma demanda judicial apresentada no Tribunal de Paris contra a publicação de caricaturas do profeta Maomé na edição lançada nesta quarta. As informações são do jornal The Guardian.
A publicação foi processada por incitação pública à discriminação, ao ódio e à violência nacional, racial ou religiosa. A ação foi apresentada pela Associação Síria pela Liberdade, com sede em Paris. Assim que recebido o processo, o tribunal decidirá se o procedimento judicial é cabível.
Ao mesmo tempo, a Promotoria francesa abriu uma investigação sobre o ato de pirataria ocorrido durante a invasão à página do Charlie Hebdo na internet, na manhã desta quarta-feira.
O veículo anunciou na última terça-feira que publicaria as charges satirizando Maomé. A primeira edição foi toda vendida e a editora anunciou que fará uma nova tiragem. O ato causou polêmica na França e aumentou a indignação dos muçulmanos, que já protestavam contra o filme "A Inocência dos Muçulmanos", feito nos Estados Unidos.
As autoridades francesas reforçaram a segurança nas representações diplomáticas em mais de 20 países de maioria muçulmana e ordenaram o fechamento de escolas e centros de cultura franceses. O país também proibiu as manifestações contra as iniciativas com medo do aumento da violência dentro de seu território.
A publicação das charges despertou reações dos países islâmicos e também de aliados franceses, como os Estados Unidos. O porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, questionou a decisão do semanário de publicar os desenhos, mas destacou que nada disso pode justificar a violência.
O grupo egípcio Irmandade Muçulmana considerou as ações uma provocação e uma nova campanha de ódio. "É uma campanha que não respeita a santidade do Islã, enquanto nós respeitamos a santidade do cristianismo, já que acreditamos em Jesus", disse o porta-voz da entidade, Mahmoud Gazlan. Ele ainda considerou paradoxal a existência de uma lei no Ocidente sobre a negação do Holocausto, mas não há nenhuma que condene as ofensas às religiões.
Os desenhos também foram condenados pela Al Azhar, principal instituição sunita, que tem sede no Cairo.
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