Livro Aberto

Os livros da vida do processualista Costa Machado

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5 de setembro de 2012, 7h50

Spacca
Todo domingo, em sua casa, o professor de Direito Processual Civil da USP Antonio Claudio da Costa Machado promove a leitura de um livro que vem servindo de guia há muito mais tempo do que os códigos ensinados na faculdade: a Bíblia.

Evangélico, ele diz que decidiu promover reuniões em casa há cinco anos. “Acredito muito na igreja primitiva”, diz. Dos textos bíblicos, Costa Machado ressalta o Novo Testamento e afirma ter predileção pelos livros dos apóstolos Pedro, Paulo e João, além dos ensinamentos de Jesus Cristo. “Esses homens mudaram o mundo. Essa é uma leitura que retomei com regularidade. Me arrependo de ter passado alguns anos sem ler”.

Costa Machado nasceu em São Paulo e cresceu na região central da cidade. O primeiro livro que o marcou foi Cazuza, de Viriato Correa. “Eu tinha por volta de nove anos. É a história de um menino que vem do interior para a capital”.

Filho da atriz Déa Selva e irmão dos atores Olney e Older Cazarré, Costa Machado quase seguiu carreira artística. Aos 13 anos, ao lado dos irmãos, participou do filme O Detetive Bolacha contra o Gênio do Crime, adaptação da obra de João Carlos Marinho. “Muita gente lia esse livro no final dos anos 60 e 70. Eram três meninos e eu era o Pituca”, recorda.

Reconhece que na infância não foi um grande leitor, mas diz que a paixão pelos livros despertou na adolescência, por meio da história e com a leitura de clássicos da literatura brasileira, como Capitães da Areia, de Jorge Amado. “Era um prazer incomensurável ler essa obra”.

Apesar da influência artística da família, Costa Machado decidiu fazer Direito um pouco influenciado pelo pai. “Era leiloeiro oficial. Passei minha infância indo ao fórum, com advogados. Estudava na Liberdade e meu pai tinha escritório na Sé”.

Na faculdade de Direito, apaixonou-se pelo processo. “Não sei se foram os livros ou os professor que tive”, justifica citando as obras Teoria Geral do Estado, de Dalmo de Abreu Dallari, Teoria Geral do Processo, de Antonio Carlos de Araújo Cintra, Ada Pellegrini Grinover e Cândido Rangel Dinamarco, além das aulas que teve com Goffredo da Silva Teles Jr.

Costa Machado formou-se em 1982 e no ano seguinte começou seu mestrado, mas só concluiu a dissertação em 1989. Em 1984, começou a dar aulas na USP, onde está até hoje. Entre 1990 e 1992, elaborou uma edição do Código Civil comentado. “Vendemos mais de 100 mil copias, considerando todas as edições”, calcula. Ele desconversa quando o assunto é obras mais vendidas no país. “Best-Seller é o Theotônio Negrão”, esquiva-se. Algo impensável nos dias de hoje, ele levou cinco anos para concluir o doutorado —de 1992 a 1997.

Crítico do novo Código de Processo Civil, diz que o novo ordenamento é “autoritário”. Segundo ele, há concentração de poderes não mãos dos juízes de primeiro grau: “Tudo o que o juiz decide em matéria probatória não cabe recurso”, exemplifica.

Além das aulas de Processo Civil na USP, Costa Machado também ministra Direitos Humanos na Unifieo, em Osasco, o que também contribui para aumentar o seu interesse por filmes sobre a Segunda Guerra Mundial. “A guerra colocou as pessoas numa situação de grande conflito moral, ético e jurídico”. Entre seus filmes preferidos, Costa Machado cita A Lista de Schindler, O Paciente Inglês, O Diário de Anne Frank, Olga e Amem. “Tenho paixão pela historia e gosto muito do século 20”.

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