Serviço público

Compartilhar dados é fundamental no combate à violência

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19 de novembro de 2012, 12h36

Informação é poder. Compartilhar informação é se tornar mais fraco. É sob esse mote que servidores de todas as esferas conduzem a área de informação. Ter informações privilegiadas, tanto no jornalismo quanto na área de segurança pública, torna seus detentores igualmente privilegiados.

Não importa que o detentor dela seja um barnabé cuja ocupação principal seja degravar escutas telefônicas, ou se ele é um assessor direto do dito alto escalão, diretor ou servidor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) ou ainda quem sabe, operador de qualquer outro órgão da comunidade de informações.

Tais pessoas e órgãos são vistos de forma diferenciada, não como operadores de uma determinada esfera voltada ao serviço público. Leia-se, para servir o público.

Vícios da espécie na área de informação acabam por alimentar a repulsante fogueira de vaidades que norteia tanto os tais órgãos quanto quem os integra, os conduz.

Paralelamente a isso, existe um fator, sim, a considerar — pelo menos entre os órgãos que a rigor deveriam tratar o tema informação como interesse público. Trata-se do fator desconfiança que se sobrepõe à figura republicana em termos de segurança pública. Na prática, os órgãos não confiam uns nos outros e, por vezes, compartilhar informação significa perdê-la, seja por estar a repartição congênere contaminada pela corrupção ou por integrar esferas de governos distintos — leia-se, federal x estadual.

Na esteira do artigo assinado pelo delegado federal Gustavo Schneideer, veiculado semana passada nesta revista eletrônica, o que seria um breve comentário ao substancioso artigo converteu-se num alerta para dizer que compartilhar não significa difusão irresponsável de informação sigilosa. Significa, no mínimo, abrir novos caminhos para a segurança pública e libertar a população do terrorismo urbano, que embute entre outros males a fogueira das vaidades.

É preciso alterar a mentalidade "clássica" tanto policial como política para fazer frente às organizações criminosas, que hoje utilizam verdadeiras táticas terroristas a fim de amedrontar não apenas os cidadãos como também os policiais, atacando-os a esmo, sem qualquer justificativa justamente nos momento de descanso ou durante a convivência com a família.

Diante dessa realidade, discursos retóricos, desprovidos de diretrizes práticas imediatas ou que são proferidos como se o interlocutor (em todas as esferas de poder) não fizesse parte do problema soam como uma ofensa para os policiais e cidadãos que sentem na pele e diariamente a crueza da violência.

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