Aposentadoria compulsória

Em última sessão, ministro Ayres Britto é homenageado

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15 de novembro de 2012, 14h05

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ayres Britto, foi homenageado nesta quarta-feira (14/11) ao participar de sua última sessão no Plenário da Corte. Ele se aposentará compulsoriamente no próximo dia 18, quando completará 70 anos.

O decano da corte, ministro Celso de Mello, destacou que esse é mais um rito de passagem da história do Supremo, marcado pela despedida de "um dos seus vultos mais ilustres". Ao lamentar a aposentadoria compulsória, o ministro Celso de Mello afirmou que se não fosse por essa "regra implacável", o país e o STF poderiam continuar a se beneficiar da valiosa doação do ministro Ayres Britto, "cujos julgamentos luminosos tiveram impacto decisivo na vida dos cidadãos desta República e das instituições democráticas do país". 

Celso de Mello ressaltou ainda que, após a aposentadoria, Ayres Britto continuará com participação ativa em suas atividades no mundo do Direito, seja exercendo a atividade advocatícia, seja produzindo obras científicas. Por fim, em nome de todos os colegas da Suprema Corte, fez "votos afetuosos de muita felicidade nesta nova e vibrante etapa que se abre em sua vida fecunda".

História
O ministro Ayres Britto agradeceu a homenagem e, ao lembrar de sua chegada ao STF, há quase 10 anos, afirmou que o tempo passou muito rápido, mas que não tem nenhuma queixa disso porque "o tempo só passa rápido, veloz e célere para quem é feliz. Para quem não é feliz, o tempo se arrasta, é penoso, moroso, um fardo".

Ayres Britto afirmou que é feliz porque pertencer ao Supremo "é como arrumar as malas para o infinito", pois essa é uma "viagem de alma, e não viagem de ego". Segundo ele, o Supremo está mudando a cultura do país ao aplicar a Constituição Federal, que quer essa mudança cultural para melhor.

"Somos os guardiões da Constituição e retiramos dessa guarda a nossa própria legitimidade. Aplicar essa Constituição cidadã é a plenitude de nossa profissão. É uma razão de viver. Eu gosto do que faço e ponho alegria no que faço. Procuro viver em estado amoroso e transmitir esse estado amoroso para as coisas que faço", afirmou ao agradecer a homenagem nessa "tarde mágica e definitiva".

PGR, AGU e OAB
Ainda se manifestaram no Plenário os representantes do Ministério Público Federal, Roberto Gurgel, da Advocacia-Geral da União, Luis Inácio Adams, e da Ordem dos Advogados do Brasil, Ophir Cavalcante.

Roberto Gurgel elogiou a atuação do ministro Ayres Britto, e afirmou que ele é um ser absolutamente republicano e que se alguém tiver dúvida do que significa a República, do que é ser republicano, basta olhar para sua excelência e respectiva trajetória de vida, "que concretiza de maneira perfeita esse conceito". 

Já Luís Inácio Adams afirmou que o ministro Ayres Britto é um exemplo de lealdade e que esse rito de passagem é o fim de uma experiência, mas o começo de muitas outras. 

Ophir Cavalcante, em nome dos 750 mil advogados de todo o país, afirmou que o ministro Ayres Britto deixa a marca de um ser humano dentro de uma instituição, pois sempre "sobrepôs o humano sobre o jurista, sobre o poeta e sobre o ser". Ressaltou ainda qualidades de Ayres Britto como o diálogo, a sensibilidade e o respeito ao próximo e, principalmente, de saber ouvir. "Poucas pessoas tem esse dom de saber ouvir e, a partir de ouvir, às vezes sem nem falar, conseguir mudar pensamentos. Esse, a meu ver, é Ayres Britto", concluiu. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF

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