Campus universitário

Incubadoras de firmas de advocacia prosperam nos EUA

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5 de novembro de 2012, 8h08

O que deu certo na área da tecnologia e avançou para diversos campos empresariais agora começa a se firmar na advocacia: as incubadoras de negócios. Nos Estados Unidos, a comunidade jurídica está comemorando o lançamento de mais duas incubadoras em faculdades de Direito, que vão ajudar advogados, principalmente os novos, a desenvolver suas carreiras solo ou operar pequenas firmas. Agora elas já são muitas e, com elas, o índice de sucesso de advogados autônomos e pequenas firmas vem aumentando significativamente.

As faculdades de Direito americanas não estão fazendo isso porque são "boazinhas" ou porque se preocupam com o futuro de seus alunos. Estão preocupadas com o próprio futuro. Criar sua própria incubadora em seu campus é a nova maneira de enfrentar a concorrência. Depois que a prática de publicar o percentual de ex-alunos da faculdade que conseguem empregos em "x" tempo ficou desmoralizada, porque ex-alunos começaram a processar as universidades por propaganda enganosa e um ex-diretor de uma faculdade confessou publicamente que manipulava os números, a nova peça publicitária (não necessariamente um "diferencial", que é peça de caminhão) das faculdades passou a implantar – e anunciar – incubadoras de práticas solo e de pequenas firmas dentro de seu território.

As incubadoras fazem uma grande diferença na "expectativa de vida" das novas empresas, incluindo as firmas de advocacia e as empreitadas "solo" dos advogados autônomos. Tanto no Brasil (de acordo com o Sebrae), quanto nos Estados Unidos (de acordo com a Wikipédia), o "índice de mortalidade" de empreendimentos, nos primeiros três anos de vida, é de cerca de 56%. No entanto, o "índice de sobrevivência" de empreendimentos que passam seus primeiros anos de vida em uma incubadora é de 87%, diz a Wikipédia.

Há uma explicação: a incubadora ajuda uma empresa a decolar e se manter no "ar", até que ela consiga voar sozinha. Na verdade, é um trabalho que começa com a elaboração de um documento escrito, parecido com um plano de voo: um plano de negócios. É preciso definir, antes de mandar fazer o cartão de visita e uma placa com o nome, em que área da advocacia o advogado pretende atuar, onde pretende atuar (na cidade grande ou na pequena, no campo ou na praia, em um escritório, em casa, virtualmente pela Internet ou em um carro – vide The Lincoln Lawyer), onde quer chegar e em quanto tempo, quem serão seus clientes, como vai se comunicar com eles e como conquistar novos clientes, que equipamentos e mobiliário vai precisar, que capital é necessário e como vai consegui-lo, entre outras coisas.

As incubadoras resolvem boa parte desses "problemas" – os mais importantes, aliás. Elas disponibilizam, por exemplo, uma infraestrutura básica – escritório (em um conjunto de escritórios), com escrivaninha (com lugar para colocar placa e cartões de visitas), cadeiras, telefone, computador com acesso à Internet e recepção/sala de espera com recepcionista.

Oferecem também treinamento de gestão de escritório – o essencial, como gestão contábil e financeira, faturamento, administração da firma e dos negócios. E o mais relevante: ajudam os novos advogados a conseguir clientes e a montar sua rede de relacionamentos (network), ao mesmo tempo em que os ensinam a se mover nessa areia movediça, como pode lhes parecer.

As duas últimas escolas a anunciar a implantação de uma incubadora em seu campus, em acréscimo às dezenas já instaladas em outras universidades, foram a Faculdade de Direito Chicago-Kent e a Faculdade de Direito Thomas Jefferson. Ao anunciar o seu programa, a Chicago-Kent informou que os novos advogados terão acesso à ampla biblioteca jurídica da faculdade. E cada bacharel terá, à sua disposição, um professor de Direito para esclarecer todas as suas dúvidas jurídicas e um advogado experiente, para ensiná-lo a praticar a advocacia. Às vezes, o bacharel precisa aprender até como fazer reuniões com clientes, diz o reitor da Faculdade de Direito Chicago-Kent, Harold Krent. "Eles vão aprender a praticar advocacia com profissionais", afirma.

Diferentemente dos "estágios" em escritórios de advocacia, que formam advogados para o emprego, as incubadoras visam formar advogados empreendedores, com capacidade para superar a falta de trabalho em tempos de crise econômica, principalmente. A primeira escola a fundar uma incubadora em seu campus foi a Faculdade de Direito de Nova York, em 2007. Mas a ideia só tomou proporções significativas em 2010 e 2011, com a necessidade das faculdades de fazer o seu marketing e também para responder à ausência exagerada de empregos em escritórios de advocacia, em uma época em que as bancas estavam enxugando seus quadros por causa das dificuldades econômicas do país.

Na Faculdade de Direito Thomas Jefferson, foram abertas inscrições para advogados que se formaram há menos de três anos e continuam sem emprego. O número de inscrições para a incubadora, que começou a funcionar em 1º de novembro, foi bem maior do que o programa pode acomodar. Os advogados terão de prestar pelo menos 50 horas de serviço pro bono a uma organização que se dedica ao Direito de Família, com preferência de atendimento a vítimas de violência doméstica. Terão de se reunir uma vez por semana com seus mentores e fazer treinamentos semanais para aprender a operar uma prática advocatícia.

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