Automedicação jurídica

O que acontece quando a parte toma o lugar do advogado

Autor

29 de maio de 2012, 7h06

Spacca
Caricatura: Mauricio Cardoso - Colunista [Spacca] O que está acontecendo no que se julga serem as vésperas do julgamento do Mensalão é uma inversão de papéis muito comum em processos envolvendo gente muito poderosa. Ou seja, é a parte querendo substituir o advogado para resolver o problema.

O que os advogados dos supostos mensaleiros estão empenhados em fazer nesse momento é desmontar, com argumentos jurídicos, as alegadas provas apresentadas para condenar seus clientes. Tarefa que os especialistas julgam ser perfeitamente realizável. Por exemplo, no caso do ex-ministro José Dirceu, não existe nenhuma evidência material de que ele tenha agido para favorecer ou corromper quem quer que seja em troca de apoio político para o governo. Enquanto a acusação junta elementos para embasar uma condenação, a defesa investe no sentido oposto. Nisso, advogados e procuradores concentram seus esforços desde que a denúncia foi formalizada no Supremo Tribunal Federal.

E as partes? Bem, às partes compete fornecer subsídios para que os advogados façam a sustentação da defesa e pagar a conta, que costuma ser salgada. No caso relatado pela revista Veja do último sábado (26/5), porém, as partes aparentemente resolveram tomar a iniciativa e, como qualquer advogado mais experiente está cansado de saber, o resultado costuma ser desastroso.

O episódio do ex-presidente Lula tentando ganhar o jogo no grito e levar o juiz e os bandeirinhas na conversa e na intimidação é apenas o último de uma sucessão de lances em que figurões do PT tentam resolver o caso do Mensalão.

Antes de a revista Veja revelar a trapalhada do ex-presidente, digna dos tristemente aloprados do mesmo PT, o país inteiro acompanhou o esforço inusitado despendido pelo partido do governo para promover a CPI do Cachoeira, com o declarado objetivo de desviar as atenções do foco principal que é o julgamento do Mensalão.

Neste mesmo contexto abriu-se outro foco com as manifestas intenções da cúpula petista de fazer a inquisição da imprensa e tornar ainda mais distante e esquecido o tema principal que é o Mensalão.

Essa, aliás, tem sido uma constante do PT toda vez que chega ao poder: criar para o seu próprio governo crises que nenhuma oposição é capaz de criar. Que o digam Erundina, o próprio Lula com os inesquecíveis aloprados e agora a presidente Dilma. E para piorar o quadro, ainda usam sua mídia para amplificar os efeitos de sua falta de habilidade.

Mas voltando ao processo do mensalão, não seria mais fácil e mais proveitoso deixar tudo por conta dos advogados, que, reconhecidamente, estão entre os melhores da praça?

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!