Conflitos armados

Bósnia condena primeira mulher por crimes de guerra

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1 de maio de 2012, 13h47

Rasema Handanovic, de 39 anos, antiga membro das forças muçulmanas da  Bósnia, foi condenada a cinco anos e meio de prisão pelo tribunal do país por crimes de guerra. É a primeira vez que a Justiça do país condena uma mulher à prisão pelos conflitos que assolaram a antiga Iugoslávia entre 1992 e 1995. As informações são da agência de notícias portuguesa SIC Notícias.

Segundo o porta-voz do Ministério Público local para crimes de guerra,  Boris Grubesic, os nomes de dezenas de outras mulheres constam nas investigações. Na Bósnia, dois croatas estão sendo julgados e uma sérvia foi presa por crimes da guerra no país.

Rasema Handanovic foi reconhecida culpada de "participação em conjunto com outros membros da sua unidade, na execução de três militares e de três civis" croatas, declarou a juíza Jasmina Kosovic.  Durante o julgamento, Rasema admitiu que tinha participado dos crimes e exprimiu "profundo arrependimento".  

"Eu cometi um crime, mas não sabia na altura que se tratava de um crime",  declarou Handanovic, que tinha 21 anos na época, em 1993.  Ela era membro da unidade especial Zulfikar, que dependia  diretamente so Estado-Maior do exército bósnio, de maioria muçulmana.  

Segundo o advogado, Rasema, que é muçulmana, fora vítima de crimes de guerra no início do conflito. "Ela foi violada por militares sérvios enquanto o namorado e outros membros da família foram mortos", alegou.   

O tribunal aceitou um acordo entre Rasema e o Ministério Público, que diminuiu a pena para cinco anos e meio – crimes de guerra podem levar a até 45 anos de prisão na Bósnia.  

Atualmente com um filho menor, Rasema tinha emigrado para os  Estados Unidos depois da guerra da Bósnia e possuía dupla nacionalidade – norte-americana e bósnia. Ela foi extraditada pelos Estados Unidos em dezembro do ano passado.  

A antiga presidente dos sérvios da Bósnia, Biljana Plavsic, de 81 anos, é a única mulher que foi condenada por crimes de guerra pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia. Sua pena foi de 11 anos de prisão.

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