O submundo do narcotráfico

A tecnologia à disposição do crime e o papel do Estado

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30 de junho de 2012, 8h00

A edição do jornal O Estado de São Paulo publicada no dia 10 de junho de 2012, trouxe à tona a notícia de que o mundo do narcotráfico evolui a cada dia. Dessa vez, a novidade trazida, talvez ainda desconhecida de muitos brasileiros, é o transporte de narcóticos através de submarinos. Sim, isso mesmo, submarino!

Têm-se a notícia de que essa modalidade de transporte de entorpecentes ocorre desde o ano de 2006, contudo sem grandes alardes. Entretanto, no ano de 2011, vários submarinos carregados de drogas foram apreendidos. Vale destacar que isso quase não veio ao conhecimento da grande massa que acompanha os telejornais, o que nos faz refletir, por qual motivo.

Segundo os dados apresentados pelo jornal O Estado de São Paulo, um terço das drogas enviadas pelos países da América do Sul e da África para os Estados Unidos e parte da Europa, já estariam sendo transportados com o uso de submarinos.

Segundo informa a publicação, a utilização dos submarinos pelo narcotráfico vem cada vez mais se fortalecendo. Até o momento, temos o conhecimento que 72 unidades foram encontradas por diversos governos operando com essa finalidade, nas mais variadas partes do mundo. Mas os indícios são de que os números seriam bem superiores.

O Departamento de Interior dos Estados Unidos estima que 32% do tráfico de drogas da Colômbia e da América do Sul, são destinados aos EUA por esse meio de navio.

Na mesma matéria o jornal diz que uma carga como essa, tem um valor aproximado de US$ 400 milhões, enquanto que o custo de um submarino é de US$ 2 milhões. Como sabemos, o submundo do crime é abastecido pelo dinheiro ilícito, o qual é investido em tecnologia, fazendo com que a cara dos antigos navios piratas se transforme em formas “ocultas” de fazer a logística de o crime ser mais ágil e eficaz.

Ante a narrativa trazida pela mídia impressa, é importante asseverar que este tipo de transporte oferece uma opção muito lucrativa e segura para submundo do tráfico, uma vez que a fiscalização é mais difícil, o que acarreta em um número menor de apreensões. Note-se, que não há como haver uma fiscalização ostensiva desse transporte, pois, muitos governos ainda são desprovidos de material tecnológico, capaz de identificar e rastrear a carga transportada, não bastasse isso, muitos ainda carecem da falta de material humano.

Dessa forma, muitos países de primeiro mundo não têm o interesse em divulgar o que realmente acontece no fundo dos mares, enquanto que os países subdesenvolvidos se quer poderão capacitar seus militares, afinal muitos não possuem, sequer, submarino.

Essa notícia, além de causar grande impacto, nos mostra a seriedade com que os narcotraficantes levam seus “empreendimentos” à frente, mesmo que considerados ilícitos.

A primeira pergunta que surge é se nosso país teria estrutura suficiente para coibir essa prática? Em tese sim, temos! A Marinha Brasileira detém tecnologia de ponta e o Brasil está dentre os três únicos países do mundo que tem domínio sobre a construção até de submarinos nucleares. O contingente naval e seu arsenal também é compatível com as necessidades de rastreamento e fiscalização de nossos mares.

É notório que o poder paralelo tem se sobreposto ao Poder Público, pois há um grande investimento em estratégias, logística e armamento. É cada vez mais comum termos notícias que o armamento que os traficantes têm nos morros, por inúmeras vezes se mostram superiores aos usados pelas nossas Polícias e Exército.

Um caminho verdadeiramente sólido seria a unificação da Sociedade Civil e Poder Público num pacto de responsabilidade compartilhada, onde os governos federais, estaduais e municipais e o povo concentrem-se adequadamente na resolução desse problema que tem dois fronts: saúde pública e privada e segurança/repressão.

Ou seja, políticas preventivas atreladas a planos efetivos, de ação/combate. A dosagem certa para o enfrentamento deste enigma.

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