Ranking de cursos

UFES ganha em desempenho e Estácio em aprovados

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18 de janeiro de 2012, 10h43

A faculdade que melhor aprovou seus alunos no último Exame de Ordem, cujos resultados foram divulgados este mês, foi a Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) com índice de aprovação 80,6%. Foram 67 alunos inscritos no exame, dos quais 54 foram aprovados na segunda fase. Abaixo da Ufes no ranking das instituições cujos alunos tiveram melhor desempenho está a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com 78,57% de aproveitamento, aprovando 55 dos 71 estudantes inscritos.

As duas primeiras letras comuns às siglas das duas instituições, se mantêm nas seis primeiras colocadas, todas são universidades federais. Depois disso, as instituições passam a intercalar posições com faculdades estaduais. Os 20 cursos que tiveram maior índice de aprovação são públicos.

Mais do que ao ensino das instituições públicas, isso se deve aos estudantes que conseguem chegar às mesmas, afirma Edson Cosac Bortolai, presidente da Comissão de Estágio e Exame de OAB-SP e vice-presidente da comissão com o mesmo nome da OAB nacional.

Segundo o advogado, "os alunos que têm melhor formação básica podem escolher a faculdade que vão cursar e optam por faculdades públicas ou tradicionais". Os resultados mostram, para ele, mais do que o bom ensino das faculdades, a deficiência da educação anterior ao ensino superior.

O coordenador do Colegiado do Curso de Direito da UFES, Gilberto Fechetti Silvestre, concorda em parte com Bortolai, dando também crédito ao trabalho feito pelas instituições de ensino superior: "Recebemos o resultado com grande alegria, mas esperávamos que fosse ainda melhor, considerando o nosso corpo discente. São alunos extremamente dedicados, muito bem selecionados em nosso processo seletivo e que recebem muita dedicação."

Aqueles, porém, que não tiveram a possibilidade de ingressar ou não optaram por instituições públicas, são os que chegam em maior número ao mercado. O curso que teve a maior quantidade de aprovados foi o da Universidade Estácio de Sá, do Rio de Janeiro, com 795 aprovados (29,28% dos inscritos). A segunda colocada entre as instituições que mais levaram advogados para o mercado é a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), que, com a aprovação de 36,12% dos inscritos, inseriu 548 novos advogados no mercado brasileiro. Depois vem a Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, com 464 aprovados, que representaram um índice de aproveitamento de 60,03%.

A discussão entre privilegiar qualidade de formação ou quantidade de formados permeia os discursos dos primeiros colocados do ranking de mais aprovados. Para Solange de Moura, diretora do centro de ciências jurídicas da Estácio, as comparações só devem ser feitas entre faculdades que atendem a públicos semelhantes. "A média nacional de aprovação foi 24.52%. A Estácio, que mandou o maior contingente de todos, teve 29%. No ranking do Rio de Janeiro, excluindo instituições públicas, a PUC e a FGV, que trabalham com perfil totalmente diferente do nossos, nós temos o melhor índice."

Já para o coordenador do curso de Direito do Mackenzie, Fabiano Del Masso, o importante é conciliar tanto o número de aprovados quanto o índice de aprovação (em São Paulo, o Mackenzie ficou em primeiro no ranking numérico e em segundo no ranking de aproveitamento). "Conciliamos duas coisas: universo de alunos grande e mesmo assim tivemos ótimo índice de aproveitamento. Ao contrário das que tem altos índices de aprovação inscrevendo 40 ou 50 alunos."

Campus fechado
O percentual de aprovação, para o diretor-geral da Universidade Paulista (Unip), José Augusto Nasr, não tem validade estatística. Nasr cita o ministro da Educação, Fernando Haddad, que também discorda da validade estatística do exame. Para o diretor, ao não fazer distinção entre alunos recém-formados e aqueles que tentam fazer o exame anos após terem saído dos bancos escolares, reduz o índice de aproveitamento das faculdades que levam mais pessoas ao mercado de trabalho. A universidade levou 461 advogados ao mercado, com 15,35% de aprovação dos 3.095 inscritos.

Nasr cita o caso do campus Anália Franco, da Unip, que consta na contagem na OAB como tendo um inscrito e nenhum aprovado. "O campus fechou há 10 anos. Ou seja, faz 10 anos que nenhum aluno se forma lá. O que fez a prova estava totalmente desatualizado, mas conta do mesmo jeito que um aluno recém-saído da faculdade."

O coordenador de Direito da Universidade de São Paulo (USP), Heleno Taveira Torres, discorda de que o número absoluto deva ser usado como parâmetro. "Em número absoluto, sempre ganha quem tem mais matriculado, o que não quer dizer que o ensino é melhor." O advogado concorda, porém, que o índice de aprovação na OAB pode ser utilizado como método de avaliação de cursos. "Aprovar mais alunos em termos proporcionais ou quantidade absoluta não define que um curso é melhor que outro. Precisamos entender que o processo pedagógico de ensino busca atingir outros objetivos do que uma prova especifica, como carreira acadêmica ou outros concursos públicos."

São Paulo-Bahia
Apesar de a Bahia ser o estado com melhor desempenho no exame, com 30,64% de aproveitamento, os cursos baianos começam a aparecer a partir da 7ª posição na lista de desempenho das faculdades, ocupada pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb). No total, o estado colocou 1.548 advogados no mercado de trabalho, o que significa um terço da contribuição de São Paulo para o mercado (4.788).

Com 23.081 bacharéis e estudantes inscritos, o estado paulista ocupou o 19º lugar em aprovação dentre as 27 seccionais, com índice de aprovação de 20,7% dos candidatos. A surpresa no ranking das faculdades com melhor aproveitamento de São Paulo ficou para a Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas, que aprovou 52,17% dos 23 que prestaram o exame (12 aprovados). Acima e abaixo da instituição estão as tradicionais Universidade de São Paulo (72% de aproveitamento), Mackenzie (68,24%), Unesp (56,52%) e PUC-SP (49,44%).

A terceira que mais inseriu profissionais no mercado paulista, depois do Mackenzie e da Unip, foi o Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), com 320 advogados, frutos do aproveitamento de 23,55% dos 1.390 inscritos. Roberto Senise, coordenador do curso de Direito, diz ver com ressalvas a avaliação do exame por conta da nacionalização deste. "O Exame de Ordem não é, muitas vezes, aplicável ao advogado que vai atuar em uma área urbana como São Paulo e o que vai atuar com questões agrárias como quem se forma no Pará. Deveria refletir a realidade na qual cada advogado vai atuar."

Um dado que não consta no levantamento da OAB foi dito por Edson Cosac Bortolai: "Na comparação entre estudantes e bacharéis que prestaram a prova, o primeiro grupo teve 50% a mais de aprovação do que o segundo." Isso se dá, segundo o advogado, principalmente pela diferença da pressão sofrida para passar na prova. "O sujeito já formado sofre pressão da família, do escritório em que trabalha. O estudante ainda está calmo, com as disciplinas ‘frescas’ na cabeça."

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