Decisão do Conar

Qual é a escola que mais aprova no Exame de Ordem

Autor

18 de janeiro de 2012, 13h04

A repressão estatal à escola privada — rebatizada por seus inimigos da esquerda de "ensino mercantilizado" — chegou ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar). O conselho privado juntou-se aos esforços do governo e da OAB, que vivem uma cruzada pelo fechamento de escolas no Brasil. Ao examinar a publicidade da escola de direito que mais aprovou no Exame de Ordem, em São Paulo, o Conar determinou que se esclareça: a liderança se dá apenas nos números absolutos — já que, proporcionalmente, escolas com menos inscritos desfrutam de mais aprovados, percentualmente.

A intenção evidente é dizer que as escolas privadas que funcionam em rede são ruins. Têm muitos alunos, mas ensinam pouco. Na vida real, essa crença absoluta esconde uma fraude relativa. A escola pública trabalha com um grupo seleto de estudantes, que chegam ao curso superior muito bem preparados. Em moldes parecidos ao de algumas escolas privadas, como a Facamp e a GV, não raro dão aula em período integral. Enquanto isso, redes como Unip, FMU, Estácio de Sá, Cândido Mendes e Anhanguera são incumbidas dos brasileiros que conseguiram chegar a curso superior graças à "mercantilização" do ensino. Os cursos não são ruins, mas os alunos não são todos bons. Chegam à escola cansados, depois de trabalhar o dia todo. E sem os alicerces do aprendizado que seus colegas das faculdades públicas adquiriram em escolas privadas no ensino básico.

A escola "punida" pelo Conar foi a Unip. Doravante, a universidade terá que esclarecer, quando disser que aprova "mais", que a base de cálculo são números absolutos e não relativos. Se levada em conta a relação entre candidatos aprovados e o total de candidatos que fizeram o Exame, a performance da Unip é bem mais modesta. Enquanto as primeiras do ranking estão acima dos 60% de aproveitamento, a Unip está mais próxima dos 10%. Na época em que seu anúncio foi contestado, atingiu 7%.

Em primeira instância, o relator do Conselho de Ética do Conar “considerou que o número absoluto de aprovados não é critério de qualidade”. O emprego da palavra “brilha” no slogan “Unip brilha no exame da OAB — 3º lugar” também foi considerado exagero.

Um recurso da universidade levou a entidade a rever a decisão de mandar alterar a campanha. O relator do recurso considerou que o anúncio pretendia forçar a ideia de que fazer o curso de Direito na Unip aumenta as chance de o formando ser aprovado no exame da OAB. Para ele, porém, “o bom-senso não permite ver eficiência no índice de aprovação em torno de 7%”. Foi decidido, então, que a alteração deixe claro e explícito o critério de uso dos números.

O diretor-geral da Unip, José Augusto Nasr, afirma que, como a campanha dizia respeito ao Exame de Ordem passado, ela já havia saído do ar meses antes da decisão, mas que, nas próximas campanhas, fará constar que o cálculo é feito em números absolutos. O diretor-geral destaca ainda que a Unip é (segundo ranking elaborado a partir do último Exame de Ordem) a segunda universidade que mais coloca formandos no mercado de trabalho em São Paulo, o que distorce o índice de aprovação, que contabiliza alunos que se formam e entram na contagem anual da OAB diversas vezes, como se fossem pessoas diferentes.

Em termos de marketing, cada escola divulga o índice que mais a favorece. Qualquer que seja o critério adotado, revela apenas uma face da realidade. O critério dos números relativos não leva em conta os alunos que repetem o Exame. “Há um contingente enorme de candidatos repetentes que se inscrevem todos os anos e isso deforma o cálculo”, explica o secretário-geral do Conselho Federal da OAB, Marcus Vinícius Furtado Coêlho. Para se avaliar o desempenho da escola, o mais justo seria contar cada candidato apenas uma vez, em sua primeira tentativa no Exame. Por outro lado, o critério de números absolutos é que permite a avaliar a presença da escola no mercado de advocacia com o correr do tempo. E 2/3 das vagas disponíveis no ensino superior do país são oferecidos pela iniciativa privada.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!