Exame de Ordem

Depois da faculdade, cursinho é a última esperança

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14 de janeiro de 2012, 6h36

Fazer os exames anteriores e ficar de olho nos temas de repercussão nacional, além de acompanhar as principais decisões dos tribunais. Essas são algumas das dicas dos professores dos cursinhos preparatórios para o VI Exame de Ordem Unificado, que acontece dia 5 de fevereiro e está com as inscrições abertas até esta segunda-feira (16/1). Já na inscrição, o candidato terá de optar por uma das sete áreas para fazer a prova prático-profissional: Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Constitucional, Direito do Trabalho, Direito Empresarial, Direito Penal ou Direito Tributário. As inscrições custam R$ 200 e devem ser feitas pelo site da  da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela elaboração e aplicação da prova e nos sites Conselho Federal da OAB e de suas seccionais.

O índice de candidatos aprovados no último exame foi de 24%, pouco mais de 26 mil dos 108.335 inscritos.O resultado foi celebrado pelo presidente da Ordem, Ophir Cavalcante. "O exame está cada vez mais profissional, com bancas específicas para cada uma das provas e também para rever questões, tudo com objetivo de realizar um exame mais justo". No Exame anterior, o índice de aprovação foi de 15%.

Diante da dificuldade de conseguir a carteira de advogado, muitos alunos procuram os cursinhos preparatórios e enfrentam nova etapa de estudos, após cinco anos de graduação. Antes vistos como mau necessário, as redes de ensino conquistaram seu espaço no mercado com programação voltada para atualização e preparação do aluno. “A graduação explora a formação crítica do aluno, estimula a dialética para ele exercer a advocacia. O conteúdo do cursinho tem outra finalidade, mas não é só dica como pensam muitos”, explica à ConJur o professor Nestor Távora, coordenador pedagógico dos cursos preparatórios para Exame de Ordem da Rede de Ensino LFG.

Távora explica que os preparatórios também enfocam e ensinam conteúdo. “Apesar de cinco anos de estudo, acredite, o aluno não vê tudo. Sabemos que é comum temas cobrados no exame da Ordem que não foram discutidos na graduação”. Para ele, é difícil saber quais são esses temas que o examinador vai cobrar, porque a prova é complexa e existem três tipos de quesitos que a banca costuma utilizar. “A prova pode ser extensiva, com questões longas; pode ter a redação rebuscada, exigindo mais da interpretação do aluno; ou ter conteúdo complexo, que pede mais conhecimento do candidato. A FGV tem oscilado na adoção das três formas. Então, quem disser que sabe o que vai cair na prova, está fazendo uma aposta porque é impossível ter certeza.”

No entanto, os temas da atualidade e de repercussão nacional, que obrigam o candidato a permanecer atualizado e prestar atenção nos noticiários, também podem aparecer no exame. Távora explica que os assuntos mais prováveis de serem cobrados pelo examinador são aqueles já pacificados pelos tribunais. “Em regra, a banca não cobra temas polêmicos”, diz o professor. Atualização profissional, aliás, é foco de um dos eventos que a LFG preparou antes do próximo exame.

O Show do Direito, entre os dias 16 e 20 de janeiro, terá 30 horas de palestras gratuitas com os professores da rede. Os temas que serão discutidos estão relacionados aos assuntos que ganharam repercussão durante o ano de 2011, como regime diferenciado de contratação para a Copa do Mundo, nova prisão cautelar, as novas regras do aviso prévio, casamento e união estável, homofobia e Lei Seca. Já o Dia D, dia 2 de fevereiro, traz para os candidatos e alunos aulas e revisões durante todo o dia, vésperas do exame. E mais: show com a banda Jota Quest.

Damásio
O professor e diretor pedagógico do Complexo Educacional Damásio de Jesus, Marco Antonio Araujo Junior, também destaca que os cursinhos possuem uma função distinta da graduação. “São duas coisas diferentes, pois o aluno na graduação tem uma formação jurídica mais ampla. No cursinho ele aprende como fazer a prova e passar no exame, com dicas, revisão e discussão de conteúdo diferenciada.”

O que e como estudar, como evitar pegadinhas, técnicas de memorização fazem parte da abordagem pedagógica dos cursinhos como forma de tranqüilizar o candidato para responder as questões. De acordo com o professor do Damásio, a prova da OAB busca avaliar o conhecimento objetivo do candidato. “A banca FGV é mais legalista, cai menos jurisprudência que a banca anterior, mas ela cobra súmulas e leis. Tem um diferencial que é cobrar um conceito por meio de um evento, perguntando a solução”.

No canal do Complexo Educacional Damásio de Jesus, no site Youtube, a escola preparou o Workshop OAB com dicas de estudo e avalia como é a prova elaborada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A prova não é simples, mas as pegadinhas não são capciosas, elas são as comuns que o profissional enfrenta em sua rotina”, diz Marco Antonio. Entre as disciplinas mais cobradas estão  Ética Profissional, com 15% de questões; Constitucional, 8%; Direito Civil e Processo Civil, com 8% para cada; Direito Administrativo, Direito do Trabalho e processual trabalhistas, 7% para cada; e Direito Empresarial, 6% das questões do exame.

O noticiário é fonte para inspirar a banca. O professor Marco Antonio lembra o caso do advogado do goleiro Bruno, Ércio Quaresma, que foi filmado fumando crack e depois afirmou à imprensa ser usuário de drogas. “Em um dos últimos exames, na disciplina de Ética, tinha uma questão que era a descrição desse caso. O candidato que acompanha acaba com mais chances de acertar a questão porque associa rapidamente o conteúdo da matéria e as decisões sobre o caso.”

A rede também preparou seu Dia Damásio, que vai acontecer em 3 de fevereiro, das 9h às 19h, no Memorial da América Latina, na Barra Funda, em São Paulo, com transmissão via satélite para as unidades da rede em todo o país. Estão previstas 16 aulas com os professores, além de sorteio de bolsas de estudo e livros, mais show de humor com Danilo Gentili. “O Dia Damásio é uma combinação de revisão e motivação para o aluno, o que é muito importante, com uma pitada de humor para descontrair. É um dia que ajuda muito o candidato. No último evento, dois das doze questões de Ética eu comentei no Dia Damásio.”

Marcato
A importância do cursinho para o sucesso do exame da Ordem é questionada pelo coordenador acadêmico e professor de Direito Processual Civil e de Direito Civil do Curso Marcato, Antonio Carlos Marcato. “Em tese, o aluno que sai da graduação não deveria precisar do cursinho, se eles fossem também preparados para o exame, mas isso não acontece”, explica.

Marcato destaca que muitos alunos que saem da faculdade têm sucesso no exame da OAB, mas a maioria não consegue ainda por diversos motivos, de curso deficiente ao fraco empenho do próprio aluno. “Assim, os cursinhos se voltaram totalmente para preparar os alunos para o exame, mas a base com o conhecimento jurídico pressupõe-se que o aluno já teve na faculdade”.

Os exames da OAB, com a banca FGV, são classificados por Marcato como “extremamente difíceis”. “Os examinadores são muito exigentes e eu considero isso bom, pois em sua atividade o advogado vai proteger direitos fundamentais do cidadão, como a liberdade, patrimônio ou os direitos da personalidade humana”. Para ele, o exame da Ordem é o concurso público dos advogados. “A exigência é a mesma que existe para juiz ou promotor. Isso é importante”.

Os temas na prova que estão relacionados aos assuntos de repercussão nacional são para mostrar ao candidato que sua profissão relaciona-se com a sociedade intimamente. “É tão essencial acompanhar as decisões recentes dos tribunais, do Supremo, como ter o conhecimento jurídico. Justiça não se trata apenas de conteúdo técnico, mas abrange questão ética”. O professor destaca que, por essa razão, a maioria das questões do exame é dessa disciplina. “O advogado é pautado por critérios que orientam sua própria atividade profissional, e não de outras; isso tem tanta importância quanto o conteúdo jurídico”.

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