Comandante maior

Juiz decreta nova prisão de PM Djalma Beltrami

Autor

12 de janeiro de 2012, 21h06

O juiz Marcio da Costa Dantas, da 2ª Vara de São Pedro da Aldeia (RJ), decretou, na última terça-feira (10/1), a prisão preventiva do ex-comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar (São Gonçalo), Djalma José Beltrami Teixeira, e de outros 40 acusados de tráfico de drogas e associação para o tráfico.  Para o juiz, "a custódia cautelar dos Policiais Militares se justifica para preservação da ordem pública e por conveniência da instrução criminal". Esta é a segunda vez que o PM tem sua prisão decretada.

Dantas afirma que nas medidas cautelares há transcrições de interceptações nas quais não havia apenas a indicação do nome “zero um”, mas também “comandante”, “comando”, “o que assumiu agora” e “comandante maior”, que supostamente referem-se ao comandante Beltrami. A explicação vai de encontro à liminar concedida pelo desembargador Paulo Rangel, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que concedeu o Habeas Corpus ao PM em dezembro de 2011. Rangel qualificou como "lamentável" a prisão de Beltrami.

Além das prisões, ele decretou também o segredo de Justiça para o processo, a quebra de sigilo de dados dos materiais eletrônicos, telefones e computadores apreendidos durante a operação “Dezembro Negro”, e outras providências.

Na mesma decisão, Dantas recebeu a denúncia baseada na investigação que durou cerca de sete meses, realizada pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, com a participação ativa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o juiz, durante as investigações para conter o tráfico de drogas na Costa Sul do estado do Rio de Janeiro, foram obtidas gravações de conversas telefônicas entre traficantes e policiais militares do batalhão com claras e explícitas negociações de quantias referentes ao pagamento de propina, objetivando a omissão da força de segurança pública em favelas de São Gonçalo.

Dantas afirma que, na maioria das vezes, os traficantes utilizavam a palavra “arrego” nos diálogos, nomenclatura própria para descrever propina. Quanto a Djalma Beltrami, o magistrado esclarece que “após um mês que o denunciado Djalma Beltrami assumiu o 7º BPM, foram vários os diálogos informando que a favela estava ‘um lazer’ e bem ‘tranquilexa’”.  Ele também diz que “é fato notório que altas autoridades que se proponham a compactuar com o crime não costumam se expor, principalmente em ligações telefônicas e, para obtenção de alguma vantagem financeira, costumam utilizar emissários do baixo escalão”.

“A partir da interceptação telefônica do traficante conhecido como ‘Marcelinho Niterói’, suposto sucessor de ‘Fernandinho Beira Mar’, e de alguns de seus comparsas, descobriu-se uma verdadeira rede de negociação de armas e drogas entre chefes de favelas localizadas em São Gonçalo e no Rio de Janeiro. Os diálogos travados entre os investigados são capazes de chocar qualquer operador do Direito que milita há um bom tempo na área criminal”. Com informações da Assessoria de Imprensa do TJ-RJ.

Texto alterado às 15h05 deste sábado (14/1) para correção de informações.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!