Ideias do Milênio

"Não posso crer na religião que ofende minha dignidade"

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6 de janeiro de 2012, 12h34

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Entrevista concedida pela jornalista e escritora libanesa Joumana Haddad ao jornalista Sílio Boccanera, do programa Milênio, da Globo News. O Milênio é um programa de entrevistas, que vai ao ar pelo canal de televisão por assinatura Globo News às 23h30 de segunda-feira, com repetições às 3h30, 11h30 e 17h30 de terça; 5h30 de quarta; e 7h05 de domingo. Leia, a seguir, a transcrição da entrevista:

Wikimedia Commons
Joumana Haddad - 06/01/2012 [Wikimedia Commons]

O mundo árabe explode em rebelião popular. Lado a lado nos protestos de rua, cidadãos comuns, homens e mulheres, jovens e velhos, exigem o fim de regimes autoritários, querem mais direitos, pedem mais liberdades. Depois da vitória, como ficará a mulher árabe, tratada hoje como cidadã de segunda classe? Não pela maneira de se vestir com véu, niqab ou burca, que em alguns casos é opção pessoal. Mas segunda classe pela submissão imposta pelos homens e pela tradição. A discussão do tema trouxe ao Brasil a escritora e jornalista libanesa Joumana Haddad (foto), que participou do festival literário de Olinda (PE), a Fliporto, onde o Milênio foi encontrá-la. Ela é editora de cultura do influente jornal libanês Anaha, e de uma revista erótica, Jasad (O Corpo). A revista publica poesias, ilustrações e depoimentos pessoais sobre sexo, casamento, virgindade, poligamia, com abordagens que às vezes chocam o público mais conservador da região. Editada na mais liberal Beirut, a revista se espalha clandestinamente pelo mundo árabe. O mesmo ocorre com o livro dela que agora sai no Brasil Eu Matei Sherazade – Confissões de Uma Mulher Árabe Enfurecida. O título se refere à conhecida personagem das “Mil e Uma Noites”, a contadora de histórias que escapa da morte ao fascinar o rei com narrativas que o deixam ansioso para ouvir a continuação. Ppor isso, a cada dia o rei suspende a execução prometida da mulher. Já a mulher enfurecida do subtítulo é a própria Joumana.

SilioBoccanera — Por que a senhora matou Sherazade?
Joumana Haddad — Desde que comecei a ler as histórias – e comecei a lê-las bem cedo, primeiro a versão censurada, e depois consegui ler a não censurada – eu tenho um problema com essa mulher,Sherazade. E meu problema é que, para mim, ela tem o direito de estar viva. O que ela fez, basicamente, foi negociar seu direito de sobreviver com o homem – a autoridade que, no caso, era um homem – para conseguir o que era dela. E, embora eu entenda que, na época em que o livro foi escrito, aquela personagem de ficção fosse de vanguarda, corajosa etc., eu não aceito que, até hoje, haja tantas mulheres, em todo lugar, não só no mundo árabe, mas também no Ocidente, que usem esse esquema de “suborno” aos homens, dando à autoridade o que ela quer delas para poder usufruir do que já é delas. Então, o que eu quero dizer ao matá-la, como símbolo, é: chega, vamos acreditar em nossa força, vamos acreditar em nossos direitos e, em vez de dizer que este mundo também é nosso, pedir que seja entregue a nós, devíamos dizer: “Este mundo é nosso, e nós vamos tomá-lo.” E foi por isso que precisei matá-la.

SilioBoccanera — Essencialmente, o que a senhora está tentando dizer é que quem detinha o poder na relação deles era o rei. Ele podia matá-la a qualquer momento.
Joumana Haddad — Era ele quem decidia, e ela recebia em troca algo que ela não deveria estar negociando. E quando eu digo “o rei” ou quando digo “o homem”, nesse caso, eu gostaria de desenvolver essa ideia. Eu estou falando, basicamente, da autoridade patriarcal. E essa autoridade não é fortalecida apenas pelos homens. Muitas mulheres também são patriarcais. Muitos sistemas são patriarcais. A política é patriarcal. A maior parte das religiões são patriarcais. Portanto, é importante reconhecer isso e acreditar em nossa força, porque tudo é questão de ponto de vista. Muitas mulheres realmente acreditam que são inferiores e não acreditam em si mesmas. Quando eu falo de… Vamos falar da minha luta contra a burca. Eu sempre digo que é um instrumento de controle usado pelo sistema patriarcal para anular a presença e a voz das mulheres. Portanto, é um instrumento de opressão. Isso no mundo árabe. No Ocidente – e também no Líbano, porque compartilhamos isso –, eu vejo outra forma de opressão, que é representada pelas mulheres que aceitam ser tratadas como um pedaço de carne. Para mim, elas não são diferentes das mulheres que usam burca. É exatamente a mesma coisa. No primeiro caso, a presença física da mulher é anulada; no segundo caso, ela é usada como um acessório.

SilioBoccanera — A senhora recebeu ameaças sérias, até mesmo ameaças físicas, por causa do seu livro e da sua revista?
Joumana Haddad — Infelizmente, recebi. Há muitos covardes, há pessoas burras, que acham que podem intimidar as outras só porque pensam de outra maneira, só porque querem impor ao outro a maneira como elas pensam. Tudo o que faço, eu faço com paixão. É por isso que eu acordo todos os dias. E eu também sou muito obstinada, eu não vou permitir que ninguém me diga: “Você não pode fazer isto. Você não tem permissão para fazer isto.” É isso que me ajuda, e não minha coragem. Quando comecei a fazer isto, eu decidi que não me deixaria intimidar, e eu sabia que enfrentaria isso, porque eu vivo em um mundo em que, infelizmente, há um grande grau de atraso, principalmente por causa do veneno que a religião tem lançado, dia após dia, repetidamente, nessas sociedades e nessas mentes, transformando as pessoas em rebanhos, em vez de cultivar suas individualidades, em vez de cuidar delas. Todos sabem o que aconteceu no Egito, na Síria, na Tunísia. Todos deveriam ser regimes seculares, e são, mas também são ditaduras.

SilioBoccanera — O que deixa a senhora indignada?
Joumana Haddad — Se eu for resumir… Porque são tantas coisas…

 SilioBoccanera — Nós temos uma hora e meia.
Joumana Haddad — Vou dizer só uma palavra: o que mais me irrita é o fato de não haver gente irritada o suficiente no mundo. Porque as coisas que estamos vivendo e vendo e as coisas que estamos testemunhando, não só feitas a nós, como também a outras pessoas, deveriam nos deixar muitos indignados e nos deveriam fazer sentir com a dignidade humilhada. Mas, infelizmente e, mais uma vez, estou falando do meu país, muitas pessoas simplesmente não ligam. Elas preferem o luxo ou o conforto da indiferença à dificuldade de lutar por si mesmas e pelos outros. É claro que é mais fácil fingir que nada está errado, em vez de acordar toda manhã e ir à luta. Mas esse não é o jeito correto de se viver, ao menos para mim. Eu quero acordar e ir à luta se houver algo que mereça essa minha luta.

SilioBoccanera — Nem todo árabe é muçulmano.
Joumana Haddad — Não. Hoje, o mundo árabe se tornou sinônimo de mundo islâmico. E, como você disse, há muitos árabes que não são muçulmanos, como há muitos muçulmanos que não são árabes. No Irã, no Paquistão, no Afeganistão, onde for. Quando eu falo de religião neste livro, quando falo de religião de uma maneira geral, eu preciso dizer não estou falando apenas do islã. Eu fui criada como católica, em uma família muito conservadora, em uma sociedade muito conservadora. E estudei em uma escola de freiras durante 14 anos e testemunhei muito de perto como discriminatório e até mesmo, eu diria… contrário à mulher e humilhante o catolicismo pode ser. Se analisarmos os textos, se lermos, por exemplo, as palavras de São Paulo sobre as mulheres… Eu jamais suportaria o insulto de ser uma mulher, um ser humano, e ainda fingir ser cristã se eu tivesse que aceitar aquelas palavras como parte de um texto sagrado em que eu teria que acreditar. No judaísmo, há uma oração até hoje, no Torá, em que os homens agradecem a Deus por não terem nascido mulher, por terem nascido homem. Como alguém pode suportar isso e acreditar na sua dignidade? No islã, é algo sem fim, é claro. Há muitos versos no Corão, como por exemplo, o que diz ao homem que, se a mulher for desobediente, ela deve ser punida e, se isso não der resultado, ela deve apanhar. Quando eu leio essas coisas e várias outras, eu não consigo aceitar o fato de ter esse tipo de fé e, ao mesmo tempo, acreditar no respeito, nos direitos e na dignidade que eu tenho como ser humano. Por isso, eu comecei a pensar nessas coisas muito tempo atrás. Porque nós herdamos essas coisas, nós nunca escolhemos. Nós nascemos cristãos, muçulmanos, o que for, por acaso. Eu poderia ter qualquer outras religião. Nós, libaneses, brasileiros, franceses etc., nascemos sem decidir isso. Por isso, eu acho que todo ser humano deve chegar a um momento em que ele possa escolher. Ele pode escolher aquilo que recebeu por coincidência ou pode escolher outra coisa. Mas ele tem que questionar o que recebeu sem poder escolher, pois é isso que nos torna diferentes como seres humanos: esse poder de escolha. E é isso que eu defendo o tempo todo: o poder e o direito de decidir.

SilioBoccanera — Após todos esses anos, a senhora ainda tem religião?
Joumana Haddad — Não, eu sou a ateia. Não, eu não consigo. Eu sempre digo que, se quiser simplificar e até vulgarizar, quando me fazem essa pergunta, eu digo: “Enquanto uma mulher não puder ser papisa, eu não serei cristã. Enquanto a mulher muçulmana tiver que usar burca, e o homem, não, eu não irei para de atacar o islã etc.” É claro que isso é uma simplificação, mas diz muita coisa, pois está tudo nos detalhes. Você já viu algum muçulmano de burca?

SilioBoccanera — Eu ficaria curioso para ver. O Líbano é um país onde, por muitos anos, a cultura cristã era dominante, mas, hoje, não podemos mais dizer isso, principalmente no Sul, que está nas mãos do Hezbollah. Eu acho que a senhora não deve ter uma boa relação com isso, não é?
Joumana Haddad — Você acha?

SilioBoccanera — Eu acho que não.
Joumana Haddad — Não verdade, eles me adoram. Mas há duas coisas que me irritam, de novo. A primeira é quando me dizem: “Ah, mas o que você diz é ocidentalizado, você é influenciada pelo Ocidente. E eu respondo: “Eu apenas defendo o respeito, a dignidade e a liberdade, e isso está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que todos os países árabes assinaram. Sendo assim, por que esses valores são monopólio do Ocidente?” É como se disséssemos que, se o Ocidente defende dignidade e liberdade, nós temos que defender opressão, insultos e humilhação, e eu não posso aceitar isso. Meu discurso é humanista, não é ocidentalizado. Falando do Líbano, a segunda coisa é que eu sempre ouço: “Mas o Líbano é diferente dos outros países árabes. Ele tem uma dimensão mais ocidentalizada e moderna.” E eu respondo… 

SilioBoccanera — E tem. Com certeza, tem.
Joumana Haddad — Apenas do lado superficial do Líbano. Um dos critérios mais importantes para medir a modernidade de um país, bem como o respeito aos direitos humanos, é a situação das mulheres no país. Um olhar aprofundado sobre as mulheres libanesas revelará que muitas delas podem vestir o que quiserem, podem dançar até as 4 horas da manhã, podem dirigir seu carro…

SilioBoccanera — Ir à piscina e à praia de biquíni.
Joumana Haddad — Elas fazem tudo. Não é a Arábia Saudita, claro. Mas essas mulheres, que se acham emancipadas e liberadas só porque podem usar biquíni e sair para dançar… E isso está certo, é direito delas e eu defendo isso com toda a minha força. Mas, se analisar as leis libanesas, elas são medievais, elas tratam as mulheres como lixo. Elas não têm nenhum direito. Então, de que tipo de emancipação estamos falando e de que tipo de liberdade superficial estamos falando? No Líbano, há uma lei que dispõe que, embora uma mulher possa tirar dinheiro do banco e fazer uma cirurgia plástica, como aumentar os seios, os lábios, o que for, ela ainda não pode transmitir sua nacionalidade a seus filhos se casar com um estrangeiro. Em caso de divórcio, ela sempre perde a guarda dos filhos, a menos que o homem aceite que ela fique com eles. E há muitos outros exemplos. Não há nenhuma lei contra a violência doméstica. Um homem pode surrar a mulher, e tudo bem, porque é mulher dele. E estamos falando do Líbano, não da Arábia Saudita. Isso é apenas para mostrar que essa ilusão de liberdade que está ligada ao Líbano é muito perigosa, porque ela distrai a mulher libanesa da luta pelos seus direitos. O verdadeiro problema do Líbano e do mundo árabe é o extremismo religioso e o que ele tem feito, qualquer que seja esse extremismo religioso. E eu acho que isso está em toda parte, está se espalhando como um câncer, e afeta sua vida toda, todos os detalhes da sua vida. Ele afeta a cultura, afeta a educação, afeta a visão, afeta a maneira como seus filhos serão criados. Eu tenho dois filhos, um de 19 e um de 12, e, desde que eram pequenos, eu os encorajei a deixar o Líbano. Minha escolha foi ficar no Líbano, porque eu acho que eu teria muito menos credibilidade se eu quisesse criticar meu país e não morasse lá. Por isso, eu fiquei: por causa das coisas de que eu não gosto e das quais eu quero falar. Não por causa das coisas que eu gosto, que são pouquíssimas. Mas, para eles, eu quero algo melhor. Eu não quero que eles enfrentem os problemas que eu enfrentei.

SilioBoccanera — E eles são homens.
Joumana Haddad — E são homens, claro. Porque o ser humano no mundo árabe é humilhado. A mulher é ainda mais. Não é como se os homens vivessem no melhor dos mundos, mas é ainda pior para as mulheres. Você pode imaginar como é. É como o Inferno de Dante, que tem vários círculos. Nós estamos no pior deles. 

SilioBoccanera — O que abriu seus olhos, o que fez você mudar? Foi algo na sua vida, foram as leituras, o que fez isso?
Joumana Haddad — Eu tive um cúmplice maravilhoso, que foram os livros. Eu tive a sorte de adorar ler desde muito jovem, e eu não estaria exagerando ao dizer a leitura realmente salvou a minha vida. Como eu vivia em um país que estava em guerra – a guerra começou quando eu tinha 4 anos e meio -, nós tínhamos muitas limitações e muita violência. 

SilioBoccanera — Você fala da guerra civil?
Joumana Haddad — A guerra civil do Líbano. E como eu vivia em uma família em que eu ouvia o tempo todo que eu não podia fazer tal coisa, que era proibido, que era uma vergonha, a única coisa que me permitia ter liberdade de pensamento e viver a vida que eu não podia viver eram os livros que eu lia. E meu pai lia muito. Era um homem muito tradicional e conservador, mas que lia muito, Então ele adorava o fato de eu gostar de ler e me trazia livros todos os dias, quando voltava para casa, e nós sentávamos e líamos juntos. Mas, em dado momento, eu devia ter 11 ou 12 anos, eu comecei a querer mais e a querer algo diferente daquelas historinhas melosas que ele costumava me trazer e que eram adaptadas à minha idade. Ele tinha uma grande biblioteca e, assim que ele saía de casa, eu pegava uma cadeira, subia nela e tentava procurar o que ele escondia de mim. E foi assim que eu li livros que seriam considerados chocantes aos 11 ou 12 anos, como o Marquês de Sade, Nabokov, Henry Miller, Anaïs Nin e muitos outros escritores que eram muito subversivos para a menina que eu era, mas que, ao mesmo tempo, me permitiram pensar que, na minha imaginação, eu podia ser livre e podia fazer o que eu quisesse e dizer o que eu quisesse. E isso também nutriu a escritora que eu sempre quis ser.

SilioBoccanera — Nós vimos cenas de televisão e fotografias da intensa participação das mulheres na Primavera Árabe. Elas ainda participam?
Joumana Haddad — É claro que tenho muito orgulho do que tem acontecido. Na verdade, eu sempre me perguntei como aquelas pessoas aguentavam aqueles ditadores e não faziam nada para derrubá-los. Mas, ao mesmo tempo, quando a revolução começou, principalmente quando as revoluções da Tunísia e do Egito começaram a tomar forma, todos vimos essas mulheres andando nas ruas, contribuindo, participando. Mas, quando a parte visível, a parte exibicionista, da revolução acabou e chegou a hora de começar a construir as novas estruturas, de trabalhar no que viria a seguir, no que diziam que seria uma mudança radical e um passo na direção de um mundo melhor, essas mulheres praticamente desapareceram. Eu senti como se elas tivessem sido usadas para dar à revolução uma certa credibilidade, uma certa credibilidade popular, tanto internacionalmente quanto no mundo árabe. Mas, quando não eram mais úteis, elas foram afastadas. Quando falam de mudanças no mundo árabe, eu acho que é cedo demais, porque nesse mundo árabe ainda precisam cair completamente as garras do segundo monstro. E me refiro ao extremismo religioso. Então eles poderão descobrir, como fizeram com as ditaduras, como é horrível, terrível, insultante e opressor esse segundo monstro, antes de implementar uma verdadeira mudança, que seria o terceiro passo. Com relação às mulheres, ninguém pode dizer que um país é democrático se ele não respeita os direitos das mulheres. Isso não convence. Significa que você não entende o que é uma democracia. E não estou culpando apenas os homens, também culpo as mulheres. Eu culpo principalmente as mulheres. Não se trata apenas de apontar o dedo para o outro e culpá-lo. Trata-se de assumir suas responsabilidades. E essas mulheres são responsáveis por não agarrarem essa oportunidade para operar uma verdadeira mudança para si mesmas. Quando você culpa outra pessoa, você dá a ela a responsabilidade. E, quando você dá a responsabilidade, você dá o poder. Eu acredito no meu poder de mudar a minha vida. Eu acredito que, se eu quero alguma coisa, eu devo levantar, andar até lá e tentar pegá-la, em vez de dizer: “Por favor, me dê, é meu.”

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