Grampo da imprensa

Empresa de Murdoch nos EUA também é denunciada

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21 de julho de 2011, 21h31

O FBI, a polícia federal americana, foi solicitado a investigar denúncias de interceptação de  mensagens de voz nos Estados Unidos por indivíduos e entidades relacionadas à News Corp., a empresa do magnata das comunicações  Rupert Murdoch. A notícia foi publicada nesta quinta-feira (21/7) no jornal da American Bar Association (ABA), a Ordem dos Advogados dos Estdos Unidos.

Ao mesmo tempo, um ex-executivo da Fox News, canal de televisão por assinatura da News Corp., declarou que mantinha um departamento de operações secretas, para espionar "inimigos da empresa". Esse departamento tinha como missão grampear telefones e monitorar e-mails dos repórteres e funcionários da emissora, para mantê-los sobre controle, informa o jornal The Telegraph, de Londres. No início do mês, o News of The World, tablóide londrino do império de comunicações de Murdoch, foi fechado depois que se descobriu que seus jornalistas grampearam telefones e e-mails de celebridades do Reino Unido.  

O pedido de investigação foi feito ao FBI pelo senador Frank Lautenberg, democrata de Nova Jersey, e também ao advogado geral dos EUA, através de cartas. Devem ainda ser investigadas, denúncias de invasão de computadores. Também há uma denúnica de concorrência desleal, praticada por outra subsidiária da News Corp. contra uma empresa de publicidade de Nova Jersey (Floorgraphics), em 2004. Esse caso foi parar nos tribunais. Em 2009, a News Corp. encerrou o caso comprando a empresa de Nova Jersey por US$ 29 milhões.

O ex-executivo e um dos fundadores da Fox News em 1996, que exerceu o cargo de editor-executivo, disse que a "sala de inteligência", como era conhecido o departamento de espionagem da empresa, ficava sempre trancada e mantinha um guarda na porta. Nenhum dos 15 "pesquisadores" tinha autorização para conversar com outros funcionários da empresa. Mas ele sabia que era uma sala de operações secretas e de contra inteligência, para espionar "inimigos" da empresa. Ele disse, nesta quinta-feira, que ajudou a projetar a "unidade de alta segurança", que veio a ser a "sala de inteligência".

Outro ex-executivo, que preferiu se manter no anonimato, confirmou que "a emissora mantinha uma rede de espionagem de seus próprios funcionários, lendo seus e-mails, e fazendo-os sentir que estavam sendo observados". Um outro ex-executivo, também sob a proteção do anonimato, declarou que toda a equipe da Fox News era obrigada a operar "sob condições remanescentes da Rússia no auge da era soviética".

A empresa também está sob pressão devido à acusação de que teria grampeado os telefones de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, nega tudo. Essa suspeita, embora pareçam menos consistentes, também está sendo investigada pelo FBI.

O escândalo dos grampos para fins jornalísticos dos veículos de comunicação de Murdoch pode adquirir nos Estados Unidos proporções tão ou mais devastadoras do que as que abalaram seu império na Inglaterra. A News Corp, é dona de uma grande cadeia de emissoras de rádio e TV (Fox), de jornais e outros tipos de mídia. Os mais conhecidos são o jornal Wall Street Journal, o mais importante jornal de economia do mundo ao lado do britânico Financial Times, e a emissora de TV Fox News, que é sintonizada em vários paises do mundo além dos EUA. Edita também o New York Post, a versão americana e igualmente sensacionalista do News of The World. Há pouco tempo, um executivo da Fox News, para ressaltar o poder da emissora, declarou: "Sem a Fox News, não existiria a guerra do Iraque". A CNN, a concorrente que a Fox News almeja superar, certamente não concorda.

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