Banco Santos

Edemar Ferreira é despejado de casa do Morumbi

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20 de janeiro de 2011, 21h06

O ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que controlava o Banco Santos, foi despejado da casa em que morava no Morumbi, na zona sul de São Paulo. Ele deixou de pagar o aluguel mensal de R$ 20 mil desde 2004. A dívida já alcançara R$ 1,7 milhão. Edemar estava na casa por volta das 11h nesta qunta-feira (20/1) e recebeu Vânio Aguiar, o administrador judicial da massa falida do banco, e um oficial de Justiça, de acordo com notícia do jornal Folha de S. Paulo.

O ex-banqueiro foi um dos mais importantes mecenas do país no final do século passado e ficou famoso pelas exposições que realizou na Bienal, como a "Brasil 500 Anos", apanhado da arte brasileira desde a chegada de Cabral, em 1500.

Edemar tinha uma coleção de arte avaliada entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Algumas das obras mais caras foram enviadas para fora do país com a quebra do banco, mas acabaram recuperadas pelo FBI (a Polícia Federal dos Estados Unidos). Parte da coleção continua na casa. Entre outros artistas, Edemar tem telas do americano Frank Stella e do alemão Anselm Kiefer e esculturas dos brasileiros Brecheret e Tunga.

Após a quebra do Banco Santos, em novembro de 2004, Edemar foi condenado a 21 anos de prisão por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele, que recorre em liberdade, nega ter praticado os crimes e diz que o banco não estava quebrado quando sofreu intervenção do Banco Central. O rombo, segundo o Banco Central, era de R$ 2,5 bilhões.

Segundo Vânio Aguiar, ele tentou reverter a ordem de despejo até o último momento e não retirara nem roupas nem objetos pessoais da casa. Edemar contou a Aguiar que ele e a mulher, Marcia Cid Ferreira, estavam de mudança para um flat. A ordem de despejo foi dada pelo juiz Régis Rodrigues Bonvicino, da 1ª Vara Cível de Pinheiros, a pedido da massa falida do Banco Santos. A casa pertence à Atalanta, empresa criada pelo próprio Edemar, mas que foi retirada do seu controle.

Bonvicino determinou o despejo, o pagamento da dívida e a permanência dos e todos os bens no imóvel. O imóvel e as obras passam para a massa falida, ordenou o juiz, e devem ser vendidos "para satisfazer credores".

O juiz escreveu na decisão que Edemar e a mulher "não têm qualquer direito líquido e certo de permanecer no bem, porque possui ao menos duas outras residências, estando descaracterizado o conceito de bem de família para uma mansão de 4 mil metros quadrados de área construída e terreno de 8 mil metros quadrados".

Projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake, a casa com a fachada de concreto aparente custou R$ 142,7 milhões, de acordo com documentos contábeis de Edemar revelados pela Folha em 2005.

A mesa de mogno da sala de jantar, para 20 pessoas, consumiu US$ 390 mil (R$ 652 mil). Uma luminária do alemão Ingo Maurer custou 262,5 mil euros (R$ 592 mil).

A decoração da casa foi feita pelo arquiteto norte-americano Peter Marino, que assina as lojas da Channel.

A Folha procurou o advogado de Edemar, Luis Corvo, em seu escritório, mas ele não ligou de volta.

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