Crescimento lento

"Número de pedidos de patente no Brasil é baixo"

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2 de janeiro de 2011, 17h40

O Brasil ainda patina quando o assunto é o número de pedidos de patentes. Enquanto o PIB cresceu 158% desde 2000, para mais de R$ 3 trilhões, e fez o país representar 2,7% da economia mundial, números da Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) mostram que o índice de inovação brasileiro mal conseguiu acompanhar o avanço da economia na última década. A reportagem é da Folha Online.

Em contrapartida, países asiáticos, principalmente, tiveram avanços proporcionais nas duas frentes. A China viu seu PIB quadruplicar entre 2000 e 2009, para US$ 4,98 trilhões, e, ao mesmo tempo, passou de 0,84% de participação nas patentes globais para 7,3%. Já a Coreia do Sul apresentou crescimento de 56% em sua economia e já se sustenta com expressivos 5,17% de participação em patentes. O Brasil tem apenas 0,32% na participação em patentes.

"Como somos ricos em recursos naturais, nunca precisamos inovar para sobreviver, diferentemente de países asiáticos. Existe uma espécie de acomodação que gerou um aspecto cultural crônico difícil de mudar", diz Paulo Feldmann, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP.

Entre os pedidos de patentes de empresas apresentados ao Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), que registra a proteção só no país, há crescimento gradual, mas ainda lento. Em 2010, foram 30 mil pedidos registrados e 3.620 patentes concedidas. "Falta incentivo para a transferência de tecnologia e esse comportamento atrasa a chegada das inovações ao mercado", diz Jorge Ávila, presidente do INPI.

O Brasil representa hoje 2% da produção mundial de artigos científicos e ocupa a 13ª posição do ranking de países que mais publicam materiais do gênero. Segundo os especialistas, embora o número seja positivo, o país tem dificuldade em converter o aprendizado acadêmico em dinheiro.

Um dos maiores exemplos de desperdício da inovação que vem da universidade aconteceu no fim dos anos 1960, quando o pesquisador brasileiro Sérgio Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, descobriu o potencial do veneno de jararaca para remédios contra hipertensão.

Após a descoberta, o professor publicou artigos científicos em revistas internacionais, mas o potencial econômico da invenção não veio para o país. Anos depois, o laboratório norte-americano Bristol Myers-Squibb patenteou a técnica do princípio ativo e hoje comercializa o medicamento Capoten.

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