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Juiz Ali Mazloum fala sobre Operação Anaconda

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23 de fevereiro de 2011, 9h50

O juiz federal Ali Mazloum revelou pela primeira vez detalhes sobre a Operação Anaconda, que o investigou por suposta participação em um esquema de venda de sentenças judiciais, à revista Joyce Pascowitch deste mês. Em entrevista ao jornalista Claudio Tognolli, o juiz criticou colegas da magistratura e também o Ministério Público Federal pelas "acusações bizarras, sem base empírica".

"Hoje está claro que, na ocasião, eu presidia dois procedimentos que, caso levados adiante, revelariam a atuação criminosa de membros do Ministério Público Federal, que faziam investigações ilegais fotografando veículos de juízes, levantavam seus endereços residenciais, para assim apontar supostas irregularidades. E também mostrariam a atuação de policiais rodoviários na realização de grampos ilegais por meio de equipamento pertencente ao MPF."

Segundo o juiz, o procurador-geral da República, em 2007, confirmou a compra de um "guardião", software de R$ 500 mil que intercepta milhares de ligações telefônicas ao mesmo tempo, mas disse que não foi usado. "Para que compraram então?", questionou Malzoum.

Ele afirmou ainda que a Operação Anaconda foi uma farsa e por isso foi reconduzido ao cargo em 2006. Segundo Mazloum, enquanto seu irmão, Casem Mazloum, também investigado pela Operação Anaconda, era "perseguido" por usar placas reservadas do Detran, alguns desembargadores praticavam ilicitudes com carros oficiais, de acordo com o Conselho da Justiça Federal. "Até capotamento de dois veículos com perda total. O MPF nada fez. Isso é o cúmulo da hipocrisia. Tenho vergonha desse TRF."

A entrevista revelou também caso em que Mazloum foi vítima de racismo. "Eu estava de plantão judiciário, dei um Habeas Corpus para um médico de sobrenome Hussein e uma desembargadora disse que eu havia feito isso porque ele tinha o mesmo sobrenome do meu pai. Acredita que foi escrito nos autos que éramos parentes do ditador Saddam Hussein? Na época, ele era o maior inimigo do mundo. Eu e minha família fomos satanizados, quiseram dizer que éramos inimigos do mundo também. Isso foi puro racismo, e disso eu jamais vou me esquecer."

Ainda sobre a Anaconda, afirmou que o fato de ter sido investigado pela Polícia Federal não tem relação com o fato de ter condenado o delegado Protógenes Queiroz. "Ninguém que participou da Anaconda estava na investigação da Satiagraha." Mazloum também criticou a postura de juízes que julgam casos envolvendo o crime organizado. "Não gosto do perfil ‘robinhoodiano’ que essas varas [especializadas em crimes financeiros] têm adotado."

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