Operação Guilhotina

Ação no Rio gera confronto entre PF e Polícia Civil

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20 de fevereiro de 2011, 17h04

A Operação Guilhotina, deflagrada no último dia 11 no Rio de Janeiro, demonstra situações de confronto entre a Polícia Federal e a cúpula da Polícia Civil, alvo das investigações, de acordo com reportagem da Folha de S.Paulo. A partir da operação, 44 pessoas – 32 delas policiais civis e militares – foram denunciadas à Justiça sob suspeita de crimes como desvio de armas apreendidas, vazamento criminosos de informações sobre operações policiais para criminosos e formação de milícias.

As investigações começaram em setembro de 2009, quando o vazamento de informações a respeito de uma operação chamada Paralelo 22, que a PF faria contra traficantes da Rocinha, intrigou os agentes federais.

Transcorridos um ano de investigações, a PF pediu ajuda à Secretaria de Segurança para localizar e prender Magno Carmo Pereira, policial da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), que havia sido infiltrado no tráfico para buscar informações sobre as movimentações criminosas. Os federais descobriram que ele passava informações aos traficantes em troca de dinheiro. Segundo a Folha, Pereira recebia R$ 100 mil por mês para avisá-los sobre operações policiais.

O então chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski – indiciado na quinta-feira (17/2) por suspeito de passar informações sobre a Guilhotina a um dos investigados – foi incumbido de organizar a busca por Pereira. A PF informou que o policial-informante foi preso no dia 27 de agosto por policiais de sua própria delegacia, mas só foi entregue dois dias depois. Nesse tempo, teria sido ameaçado de morte por aqueles que o prenderam. Turnowski não respondeu aos pedidos de entrevista da Folha. Porém, ao ser indiciado, disse desconhecer que havia uma operação em andamento.

Escutas telefônicas
A partir dos depoimentos de Pereira, a PF passou a trabalhar com escutas telefônicas em busca de provas. Muitos dos investigados evitavam nas conversas telefônicas os temas de interesse dos federais: milícias, venda de armas apreendidas e de informações sobre operações policiais.

Porém, a precaução dos investigados foi “por água abaixo” quando houve a ocupação dos complexos da Penha e do Alemão, no fim de novembro de 2010, quando traficantes fugiram deixando armas, dinheiro e drogas escondidos no morro.

Em busca dos "espólios de guerra", os policiais corruptos começaram a ligar para seus informantes nos complexos para obter informação sobre esconderijos de armas, joias, dinheiro e drogas. Porém, alguns tinham os telefones grampeados pela PF.

Uma das gravações usadas para fundamentar as denúncias mostra Turnowski conversando com um inspetor investigado, segundo a Folha. Nela, o então chefe da Polícia Civil pede cuidado ao policial, pois a Polícia Civil "era a bola da vez". A conversa foi o motivo de seu indiciamento.

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