Futuro dos escritórios

"Ambiental e Infraestrutura são os mais promissores"

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2 de dezembro de 2011, 19h15

Os setores mais promissores para a Advocacia no futuro são: ambiental (54%), Infraestrutura (41%), Arbitragem (23%), Petróleo e gás (15%) e Digital (13%). Estes foram alguns dados apresentados pelo jornalista e diretor de conteúdo da Análise Editorial, Alexandre Secco, em palestra realizada no Plenário dos Conselheiros da OAB de São Paulo, nesta sexta-feira (2/12). Secco falou sobre “As transformações e o futuro da advocacia no Brasil – Uma análise segundo pesquisa com 200 entre os mais admirados escritórios do Brasil”.

A palestra foi aberta pelo presidente da OAB-SP, Luiz Flávio Borges D’Urso, que ressaltou que o futuro da advocacia brasileira é extremamente promissor por um conjunto de fatores, entre eles os novos ramos do Direito, como consumidor, bioética, franchising, internet, meio ambiente, Direito Internacional; o bom desempenho da economia brasileira e a expansão do mercado jurídico. D´Urso também destacou que a pesquisa realizada por Secco para a publicação Análise Advocacia 500 é um trabalho sério e competente que busca levantar elementos sobre as bancas brasileiras, alicerçados na opinião de diretores jurídicos das principais empresas brasileiras.

Inicialmente, Secco esclareceu os critérios metodológicos, apontando que a pesquisa —que vem sendo feita desde 2006 — teve por base entrevistas declaratórias de diretores jurídicos das principais empresas brasileiras sobre os três escritórios que mais admiram em 12 ramos diferentes do Direito. Secco fez uma ressalva: “Pelé todo mundo admira, mas não joga mais. Neymar também é admirado, mas está na ativa. O foco buscou esse escritório com o qual a empresa faz negócios”, esclareceu.

Foram realizadas 4 mil entrevistas de meia hora e o resultado é a percepção dos diretores jurídicos, sendo que 95% deles afirmam contratar escritórios que admiram. Secco lembrou que a pesquisa não entra no mérito da atividade fim da advocacia.  Para ser claro, citou o exemplo do livro Melhores Vinhos, de Roberto Parker, para explicar que a pesquisa não pretende abranger toda a advocacia; assim como o livro de Parker, na verdade, trata apenas dos vinhos da Califórnia.

A pesquisa dividiu os escritórios em dois grandes blocos, os sempre citados ao longo dos 5 anos de pesquisa, que totalizam 45. E aqueles que saíram do ranking de 2.875 escritórios, a partir de uma linha de corte que resultou em uma amostra de 212. Desses, a maioria foi fundada na década de 1990. E o perfil de atuação se divide em  55% especializado, 17% full servisse e 28% abrangente (não é especializado, porque atua em algumas áreas).  Entre os 45 temos: especializado (40%) full service (33%) e abrangente (27%). 

Mais trabalho
A maior banca brasileira reúne atualmente 641 advogados. Em 2006, a banca com maior número de profissionais tinha 392 . Houve um aumento de seis vezes o número de advogados. A pesquisa também aponta que os advogados estão trabalhando mais, o número de causas subiu de 66 (em 2006) para 121 (em 2010) entre os 212 mais admirados e de 31 (2006) para 204 (2010) entre os 45. Os escritórios de criminalistas só passaram a fazer parte da pesquisa em 2008, porque não era inicialmente foco da área da pesquisa.

Segundo Secco, a pesquisa não retrata a advocacia brasileira, mas uma fatia que ajuda a prever o que vai acontecer com os escritórios médios e pequenos. “Quando era criança tinha um amigo cujo pai era dono de  uma padaria e íamos à feira da Associação Paulista de Supermercados. Eu quis saber o porquê e me explicaram que o que acontecia na feira teria impacto sobre as padarias no futuro. Da mesma forma, podemos tirar lições e inspirações com esses serviços de excelência prestados por esses escritórios mais admirados”, exemplificou Secco.

A pesquisa também apontou que o sucesso na advocacia não é imediato, leva cerca de 30 anos de trabalho. “Os escritórios precisam ter história e experiência”, pontuou o palestrante. Na pesquisa, 48% dos escritórios tem mais de 30 anos de atuação. Com menos de 10 anos de atuação o registro foi de somente 4% dos citados. Outra curiosidade: o nome do fundador da banca é mantido em 88% dos casos.

Quanto à percepção dos escritórios estrangeiros, entre os 45 escritórios mais admirados: 51% não tem interesse em fazer uma associação, 43% avaliariam uma proposta e 6% buscam efetivamente essa associação. D’Urso esclareceu que o advogado estrangeiro pode atuar no Brasil desde que preste o Exame de Ordem e que os critérios para exercer a profissão tem de ser iguais para brasileiros e estrangeiros. “Mas o estrangeiro pode ser consultor na legislação de seu país de origem”, declarou. Ressaltou, ainda, a diferença de cultura. “Enquanto nos Estados Unidos há uma mercantilização da profissão, aqui a divulgação do serviço advocatício em outdoor como captação de clientela, é vedado pela Estatuto da Advocacia e Código de Ética”, afirmou D’Urso.

Durante a palestra, Secco também abordou outros tópicos da pesquisa, como faturamento, cisão e fusão de escritórios, investimento em TI, RH, Marketing e Comunicação e educação e treinamento.

Participaram da palestra o vice-presidente da OAB-SP, Marcos da Costa; o presidente da CAASP, Fábio Romeu Canton Filho; o presidente da Subsecção de Nossa Senhora do Ó, Rodolfo Ramer e o presidente da Comissão de Visita e Recepção da OAB-SP, Alessandro Brecailo.

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