Caso Strauss-Kahn

Acusações contra ex-chefe do FMI são retiradas

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23 de agosto de 2011, 9h46

A ação criminal contra o ex-chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, deverá ser formalmente encerrada nesta terça-feira (23/8), em uma audiência em um tribunal de Nova York, marcada para 11h30. As acusações de tentativa de estupro e ato libidinoso foram retiradas pelos promotores, em uma moção entregue ao mesmo tribunal. Resta, agora, a ação civil indenizatória movida pela camareira Nafissatou Diallo contra Strauss-Kahn, noticiaram o Wall Street Journal, The New York Times e diversas outras publicações.

Na moção de 25 páginas, os promotores afirmam que não podem convencer um júri de que houve um crime na luxuosa suíte do Sofitel New York , se eles mesmos não estão convencidos disso. "Sabemos que ocorreu uma rápida relação sexual, mas não podemos descrever exatamente o que aconteceu na suíte", disseram os promotores. Eles argumentaram que as sucessivas mentiras da camareira a investigadores policiais, ao júri de instrução, ao imposto de renda (ela teria declarado a criança de uma amiga como sua dependente) e em documentos, como no pedido de asilo nos Estados Unidos, minou sua credibilidade.

No caso, a questão da credibilidade da camareira teria peso porque a comprovação do aspecto criminal do caso ficou limitado a palavra contra palavra. O exame de DNA comprova o que não está em discussão: que houve "um ato sexual". Mas, enquanto a acusação afirma que se trata de ato sexual contra a vontade da vítima e uma tentativa de estupro, a defesa argumenta que tudo não passou de ato sexual consensual.

Em seu documento, os promotores dizem que os exames médicos "não constataram a presença de DNA embaixo das unhas do acusado e da acusadora, o que demonstraria que houve uma luta e, consequentemente, um ato sexual não consensual", relata o New York Times. Segundo o jornal, os promotores também escreveram no documento que não podem mais acreditar no que ela diz e, por isso, não podem pedir a um júri para fazê-lo.

Outro problema, segundo os promotores, foi o fato de ela haver negado, como alegava a defesa desde o início, que o único interesse dela nesse processo criminal era obter dinheiro de Strauss-Kahn. Mas ela teria discutido exatamente isso com um preso em um centro de detenção de imigrantes, no Arizona. E, em 8 de agosto, entrou com uma ação civil indenizatória contra Strauss-Kahn em um tribunal do Bronx, em Nova York. Além disso, o Wall Street Journal publicou que os advogados de acusação e os advogados de defesa discutiram um possível acordo financeiro para encerrar a ação criminal. Mas não havia notícias de que qualquer acordo tenha sido fechado.

Depois da reunião na promotoria pública, o advogado da camareira disse, em entrevista coletiva, que "os promotores voltaram as costas a uma vítima inocente e também à perícia forense, aos exames médicos e outras evidências do caso". Antes dessa reunião, ele apresentou uma moção à Suprema Corte de Nova York pedindo a remoção dos atuais promotores e a indicação de um promotor especial para o caso. Ele disse aos jornalistas que os promotores, a partir de certo ponto, passaram a maltratar sua cliente e a "se recusar a recebê-la em seus gabinetes por pelo menos três semanas", relatou o Wall Street Journal.

Processo contra jornal
A camareira Nafissatou Diallo está processando o New York Post e cinco jornalistas do jornal por calúnia e difamação. O tabloide, que foi o primeiro a noticiar, no domingo, que os promotores iriam desistir do processo criminal contra Strauss-Kahn, trouxe em sua primeira página da edição de sábado a manchete (garrafal): "DSK MAID A HOOKER" (Camareira de DSK é uma prostituta". E o subtítulo: "Took care of the guests on the side" ("Cuidava" dos hóspedes como atividade paralela). Na ação, ela argumenta que "as informações na reportagem são falsas e a expuseram à humilhação, escárnio e ao ridículo em todo o mundo", noticiou o Guardian.

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